sexta-feira, 29 de outubro de 2010

GEORGE WASHINGTON CARVER


Corria o ano de 1864. Numa fazenda americana do estado do Missouri, nascia uma criança negra, filho de uma escrava que trabalhava na agricultura local. Ninguém podia imaginar que aquela jovem mãe, que nunca conheceu a liberdade, estava dando à luz o grande cientista George Washington Carver, que se tornaria um dos maiores nomes da pesquisa agro-industrial dos Estados Unidos.
Como todos os demais escravos, nada era seu de verdade. Até o seu nome vinha 'emprestado' de outros. George Washington era uma homenagem ao grande presidente americano e Carver era o sobrenome do patrão a quem ele 'pertencia'. O seu pai tinha morrido num acidente poucos dias antes do seu nascimento e, quando era ainda um bebé de colo, ele e a sua mãe foram raptados por traficantes negros, que os venderiam para outros fazendeiros.
George conseguiu ser resgatado pelo patrão e voltou para a fazenda. Mas a sua mãe faleceu de uma forma brutal nas mãos dos malfeitores. Agora o menino estava só. O único parente que lhe restara era o pequeno Jim, seu irmão, nascido uns dois anos antes dele. O seu destino seria terrível, se não fosse o coração bondoso do senhor e senhora Carver, seus proprietários, que resolveram criar as duas crianças como se fossem seus legítimos filhos.
Os dois irmãos eram um verdadeiro contraste em termos físicos. Jim era forte e ajudava o Sr. Carver nos trabalhos braçais. George era franzino e tinha uma certa dificuldade com serviços manuais. No entanto, a sua inteligência logo se fez notar pela rapidez de raciocínio e inteireza de memória que demonstrava quando o assunto era as maravilhas da natureza.
A Sra Carver possuía um livro de histórias que lia para os meninos todas as noites antes de dormir. Qual não foi a sua admiração ao surpreender George, um dia, a ler em voz alta uma das histórias do livro. É verdade que o garoto gaguejava bastante, porém, mesmo assim, tal cena era de admirar, pois ele jamais tinha assistido a qualquer aula. Tinha aprendido sozinho os princípios básicos da leitura, apenas por observar aqueles que sabiam ler fluentemente.

A CARREIRA ESTUDANTIL

Não demorou muito para que os Carver entendessem que seria um desperdício não dar a George a oportunidade de estudar. O único problema era que, naqueles dias, a presença de uma criança negra não era permitida na maioria das escolas elementares. Por isso, George teve de ser enviado para a cidade de Neosho – Missouri, onde havia uma escola de missionários especializada em alfabetizar crianças negras.
Lá, ele novamente demonstrou uma inteligência acima do normal, que muito surpreendeu os seus primeiros professores. O seu conhecimento de botânica, ciências agrícolas e matemática estava muito acima dos garotos da sua idade. Aquele era de facto um 'geniozinho' que tinha a humildade de não usar o seu intelecto para se sentir superior às outras pessoas. Se o fizesse não teria a aprovação do Deus que ele tanto amava.
Quando terminou a escola básica, George mudou-se para Fort Scott, no Kansas, onde se matriculou na escola de Ensino Médio. Em 1891, pela graça de Deus, conseguiu a proeza de, mesmo sendo negro, ser admitido como aluno na Universidade do Estado de Iowa, onde se tornou Bacharel em Ciências, no ano de 1894. Em 1897, ele ainda concluíu o seu Mestrado em Ciências Botânicas e foi admitido como professor assistente na mesma universidade.
Não pense, porém, que a sua vida foi um mar de rosas. Durante o tempo em que estudava fora de casa, George nunca tinha dinheiro suficiente para pagar as suas despesas. O seu patrão, que o tinha adoptado, entrou numa depressão económica e pouco pôde fazer para lhe mandar alguns trocados. Para pagar os seus estudos, ele enfrentou quase todo o tipo de trabalho temporário. Fez faxinas, jardinagem, cozinhou, e ainda lavou roupas. Como você vê, esses eram serviços voltados para as mulheres, com excepção, talvez, do trabalho de jardinagem. Porém, as necessidades financeiras não permitiam que George escolhesse o emprego. Aquele menino fraco da fazenda revelou-se um grande empreendedor que nunca temeu enfrentar o trabalho pesado.

PROFESSOR DE NEGROS

Logo que Carver iniciou a carreira de professor em Iowa, a sua boa fama espalhou-se pelas universidades dos Estados Unidos. Ele foi o primeiro norte-americano negro a ensinar numa escola de Ensino Superior. Entretanto os seus trabalhos pareciam não beneficiar em nada os demais negros que, como ele, tinham o desejo e a capacidade de estudar. Foi aí que George sentiu um chamado de Deus para fazer algo pelos seus irmãos negros.
Por uma providência do céu, George foi procurado por Booker T. Washington, um renomado educador que tinha fundado um instituto de ensino normal e industrial para os negros do Sul, no Estado do Alabama, que era uma das maiores concentrações de escravocratas do país. Isso foi em 1897 e o Instituto chamava-se Tuskegee Normal and Industrial Institute for Negroes. Carver aceitou o convite e serviu como director daquela escola agrícola até 1943, o ano da sua morte.
O seu ideal era preparar homens e mulheres negros para o mercado de trabalho, transformando a sua vida de ex-escravos ou filhos de escravos numa vida digna de pessoas realmente livres. Os grupos escravocratas, é claro, foram sempre um impecilho às actividades realizadas pelos alunos de Tuskegee. Não foram poucas as vezes em que Carver sentiu de perto a ameaça de assassinato.
Depois de algum tempo administrando com dificuldade o Instituto, George sentiu na pele uma das maiores crises económicas do Sul dos Estados Unidos. As plantações de algodão começaram rapidamente a se desvalorizar no mercado e muitos fazendeiros estavam abrindo falência. O Colégio Tuskegee, que mal se virava com recursos próprios, não suportaria a situação e certamente teria de fechar as suas portas.

A RESPOSTA QUE VEM DE DEUS

Carvier precisava a todo o custo de salvar a instituição, pois muitos jovens dependiam dela. Mas como fazer isso, se as pessoas mais equilibradas financeiramente não estavam a suportar a crise? Sem pensar duas vezes, o sábio director convocou todos os alunos para juntos erguerem fervorosas orações a Deus, de modo que um milagre pudesse acontecer naquele lugar.
E Deus respondeu de um modo assombrosamente maravilhoso. George Carver teve um sonho, no qual se via diante do Deus Todo-Poderoso. Sentindo como nunca dantes aquela febre científica do aprendizado, ele pediu ao Senhor que lhe ensinasse tudo a respeito do Universo. Com a voz de um poderoso trovão, o Senhor disse-lhe que aquilo era pedir muito, pois a sua mente não era tão prodigiosa para compreender tudo sobre o Universo.
“Então ensina-me tudo a respeito do planeta Terra!” – insistiu ele.
“Também é muito. Peça algo mais viável” – retrucou o Senhor.
“Já que não posso conhecer tudo acerca do Universo e do mundo, então ensina-me tudo acerca do ser humano” – sugeriu mais uma vez.
“Não - respondeu o Senhor – o ser humano é também muito profundo para o seu calibre mental.”
Ainda em sonho, Carver sentiu-se frustrado. Tentou pedir o conhecimento sobre coisas 'menores' como as plantas, os animais, a geologia... Porém a resposta era sempre a mesma: “É muito para você!”
Até que ele olhou para o chão e viu um pequeno amendoim que brotava do solo. Para não perder a oportunidade, pediu a Deus que pelo menos lhe ensinasse tudo acerca de um simples amendoim. O Senhor sorriu e admitiu:
“Sim, realmente, aí está algo da Minha Criação que é do tamanho da capacidade humana. Leve esse amendoim para o seu laboratório e estude-o bastante, o Meu Espírito o guiará nesse conhecimento e juntos salvaremos o Instituto.”
Carver acordou meio confuso e tentou compreender o que aquele sonho significava.
Pegou um amendoim na cozinha do refeitório, e levou-o para o seu laboratório, conforme entendeu ser a ordem do Altíssimo. Sabe qual foi o resultado? Carver conseguiu desenvolver 325 produtos derivados do amendoim, que são comercializados até hoje. Entre eles você tem: sabão, queijo, tinta, manteiga, pomada, café, leite, paçoca e outras coisas mais encontradas em supermercados do mundo inteiro.

Empolgado com o insight promovido por Deus, ele ainda manufacturou mais de 100 alimentos da batata-doce e vários outros de plantas e legumes típicos do Sul dos Estados-Unidos. Esses novos produtos ganharam rapidamente o mercado e salvaram não só a situação de Tuskegee, mas a própria economia agrícola do estado do Alabama.
A Universidade de Iowa imediatamente se interessou por essas e outras técnicas de Carver, e as divulgou para o mundo inteiro. Em pouco tempo, gente de toda a parte vinha para lhe pedir orientação de como melhorar o plantio agrícola do seu próprio país. Só para citar alguns exemplos, Mahatma Gandhi solicitou o acompanhamento de Carver na construção e manutenção de um sistema agrícola público a ser implantado na Índia. Até Iossif Stalin encomendou a sua assistência para a fertilização de massivas extensões de terra na ex-União Soviética. O leite de amendoim, que logo se mostrou tão nutritivo quanto o leite de vaca, foi enviado para a África, salvando centenas de crianças da costa oriental do continente. Deus realmente abençoou as pesquisas de George Carver.

UM GÉNIO ALTRUÍSTA

Esse era realmente um homem de visão espiritual. Na sua maneira de pensar, uma pequena flor pode tornar-se uma ponte de comunicação com o Infinito. A sua experiência com o amendoim convenceu-o disso. “Há muito de Deus para se conhecer, e as pesquisas que fazemos são apenas uma gota de um imenso oceano ainda inexplorado.” Para Carver, o poder invisível de Deus sempre desafia o orgulho humano de pensar que pode, por si mesmo, desvendar os mistérios do Universo.
O mais curioso nessa trajectória é que Carver jamais patenteou as suas descobertas. “Deus me deu de graça – ele dizia – como posso vendê-las a alguém?”
Embora Thomas Edson e Henry Ford lhe tenham oferecido altas somas para que abandonasse Tuskegee e trabalhasse para as suas empresas, Carver nunca aceitou abandonar aqueles que, no seu entendimento, precisavam mais do seu conhecimento. “Se eu aceitasse aquele dinheiro – ele dizia – certamente esqueceria o meu povo.”
Carver foi um homem que andou com Deus. Superou as barreiras do preconceito e da provação, mostrando que, se estamos com Cristo, nada temos a temer. Afinal de contas, se Ele pôde fazer tudo aquilo com um simples amendoim, imagine o que não fará com a nossa vida, caso a coloquemos sob o Seu paternal cuidado.


Rodrigo P. Silva in ELES CRIAM EM DEUS
Biografias de Cientistas e a sua Fé Criacionista

Casa Publicadora Brasileira

THE GEORGE CARVER MUSEUM