sábado, 26 de dezembro de 2015

UM  SALVADOR  PERFEITO

         A Pedagogia moderna valoriza hoje, de forma inequívoca, a parte prática de todo e qualquer aprendizado. Por mais importante - e até indispensável - que a teoria seja, ela só é válida quando completada com a prática. Esta torna-se, assim, a dimensão perfeita do saber. Por essa razão, muitos cursos são, actualmente, seguidos de um estágio. Pretende-se que o estudante ponha em prática os conhecimentos teóricos adquiridos, pois só essa experiência total o torna apto para a profissão que escolheu.

         Sabemos que o plano da redenção foi estabelecido antes da fundação do mundo. Todavia, só o nascimento e morte de Jesus lhe conferiram uma dimensão completa. O plano e a sua execução encontram-se em Jesus, pois "vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou o Seu Filho, ... para remir os que estavam sob a lei, a fim de recebermos a adopção de filhos" (Gálatas 4:4, 5). Ao tomar a natureza humana, Jesus adquiriu uma experiência pessoal que Lhe permitiu estabelecer uma relação especial connosco: tornou-Se nosso Irmão. "O Verbo Se fez carne, e habitou entre nós", exclama o apóstolo (João 1:14). Solidão, fadiga, privações, tentação e rejeição foram o Seu quinhão nesta Terra. "Ainda que era Filho, aprendeu a obediência, por aquilo que padeceu" (Hebreus 5:8). Uniu-Se à família humana não apenas para ser Substituto Divino-humano, mas para que pudesse ser um Salvador Perfeito!

         Um provérbio árabe diz que "nenhum homem pode julgar outro sem primeiro andar uma lua (um mês) com os seus mocassins (sapatos)". Isto quer dizer que ninguém pode compreender as circunstâncias, as motivações, tentações e limitações de um ser humano sem as conhecer por experiência própria, e que, por isso, não devemos emitir juízos de valor sobre os actos dos outros.
         Embora Jesus, como Deus, conheça todas as coisas, a Sua encarnação permitiu-Lhe ser perfeitamente qualificado para nos compreender e socorrer em todos os nossos problemas e necessidades: "Pelo que convinha que em tudo fosse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote naquilo que é de Deus para expiar os pecados do povo. Porque naquilo que Ele mesmo, sendo tentado, padeceu, pode socorrer aos que são tentados" (Hebreus 2:17, 18).

         "Tomando sobre Si a natureza humana, Cristo Se achou habilitado a compreender as provas e tristezas do homem, e todas as tentações que o rodeiam. Anjos, que não conheciam o pecado, não podiam simpatizar com o homem em suas provações peculiares. Cristo condescendeu em tomar a natureza do homem, e como nós em tudo foi tentado, a fim de que soubesse como socorrer a todos os tentados." - Mensagens Escolhidas, vol. I, p. 252. "O exaltado Filho de Deus, assumindo a humanidade, vem para perto do homem, pondo-Se como substituto do pecador. Identifica-Se com os sofrimentos e aflições dos homens. Foi tentado em todos os pontos, como o é o homem, para que pudesse saber como socorrer aos tentados." - Ibid. p. 279.

         Há uma ligação especial entre aqueles que partilham as mesmas experiências. E quando alguém já superou a prova, está em melhor posição para ajudar os outros. "Não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas, porém Um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado. Cheguemo-nos, pois, com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno" (Hebreus 4:15, 16).

Graças  a  Deus  Por  Este  Salvador  Perfeito!

         Tal é a mensagem do Natal, as "novas de grande alegria ... pois, vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor"! (Lucas 2:10, 11). E até nós chega o eco do coro angelical: "Glória a Deus nas alturas, paz na Terra, boa vontade para com os homens"! (v. 14).


Mª Rosa Baptista, Revista Adventista, Dezembro de 1986

     (clique na imagem para poder ler)


                           E  COMO  AGRADECER  A  DEUS?


Como Agradecer a Jesus o Que Fez Por Mim? Sem Eu Merecer Vem Provar o Seu Amor Sem Fim.
As Vozes de Um Milhão de Anjos Não Poderiam Expressar a Gratidão Que Vibra em Meu Ser, Pois Tudo Devo a Ti.

CORO: A Deus seja a glória, a Deus seja a glória, a Deus seja a glória, pelo que fez por mim!
Com Seu sangue lavou-me, Seu poder transformou-me, a Deus seja a glória pelo que fez por mim!


Quero Entregar, Senhor, a Minha Vida em Tuas Mãos, e Quero Dar Meu Louvor Pela Tua Eterna Salvação.
Com Seu Sangue Lavou-me, Seu Poder Transformou-me, a Deus Seja a Glória Pelo Que Fez Por Mim!


CONHECER JESUS É TUDO / CONHECER JESUS É TUDO / CONHECER JESUS É TUDO

C-O-N-H-E-C-E-R    J-E-S-U-S    É    T-U-D-O


       A pergunta do jovem rico: "O que farei para ter a vida eterna?" é a pergunta que palpita no coração da humanidade. O homem foi criado para viver. O que ele mais quer é viver. Pode a vida ser a mais miserável das vidas, mas quando chega a hora da morte o homem agarra-se com desespero à vida. A morte é um intruso na experiência humana e por isso não é aceite. O maior desejo do homem é viver. Para ter vida ele é capaz de fazer qualquer coisa, pagar qualquer preço, realizar qualquer sacrifício. "O que farei para ter a vida eterna?" É o grito desesperado do coração humano. E a resposta de Cristo é simples: "E a vida eterna é esta: que Te conheçam a Ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste." São João 17:3.
       Vês? O segredo da vida eterna não consiste apenas no conhecimento de um corpo de doutrinas ou na aceitação de uma determinada Igreja. O segredo é o conhecimento de uma pessoa: a pessoa maravilhosa de Jesus Cristo. O verdadeiro cristianismo é um relacionamento de duas pessoas: o ser humano e Cristo. O que mais importa na nossa experiência espiritual não é o QUE cremos mas em QUEM cremos.
       A razão para acreditar que o verdadeiro cristianismo é o relacionamento pessoal entre Cristo e o homem é que a justiça e o pecado só podem existir entre pessoas. Uma estrela, um gato, uma mesa ou uma pedra não podem pecar ou ser justos. Só as pessoas pecam. Por isso o pecado, mais do que a violação da lei, é a interrupção do relacionamento de amor entre Cristo e o ser humano. Esta é a verdadeira desgraça do pecado. Quando peco, estou a ferir o meu Jesus, ferindo-me a mim mesmo e trazendo separação entre ambos.
       A maldade do pecado do Éden está melhor revelada no facto de Adão se esconder de Deus, do que simplesmente no comer do fruto proibido. Isto é o pior do pecado! O ser humano que outrora corria e se atirava nos braços do Pai amante, depois de pecar, escondeu-se de medo e causou profundo sofrimento ao coração de Deus. O Pai estava triste porque alguém quebrou a Lei? Ou estava a sofrer por causa da separação?
       Isto leva-nos à conclusão de que a salvação, a vida eterna não é mais do que uma reconciliação ou um novo relacionamento pessoal com o Senhor da salvação. Somos salvos, quando cremos em Jesus, quando amamos a pessoa de Jesus, não apenas o Seu nome, nem as Suas doutrinas, nem apenas a Sua Igreja.
       Não podemos, porém, amar uma pessoa sem a conhecer, por isso o inimigo fará todo o possível para nos distanciar mais e mais de Deus, ou então para aproximar-nos com uma ideia errada do Pai. O inimigo não quer que conheçamos Jesus ou, na pior das hipóteses, quer que O conheçamos com a imagem de um Deus tirano, ditador, preocupado mais com as Suas normas do que com os Seus filhos. Essa imagem de Deus não inspira amor, inspira medo; não inspira desejo de servi-Lo, gera a obrigação de servi-Lo. A consequência é uma religião triste, um cristianismo formal. É o medo do castigo que nos leva a obedecer. O inimigo fica feliz com isso. Conseguiu o que queria. Se não conseguiu levar-nos para longe do Pai, ao menos trouxe-nos para perto d'Ele pelos motivos errados.*

       Conhecer Jesus é Tudo, sabes porquê? Porque ao conhecê-Lo como na realidade Ele é, ao conhecer o que Ele fez por nós na cruz do Calvário, ao saber quanto Ele nos amou e nos ama apesar das nossas atitudes ou da nossa rebeldia, não teremos outro caminho senão apaixonar-nos por Ele! Amá-Lo com todas as forças do nosso ser. E porque O amamos, desejaremos ser como Ele é, viver como Ele quer, ver sempre um sorriso de felicidade no Seu rosto. Consequentemente, deixaremos de fazer tudo aquilo que O deixa triste e faremos tudo aquilo que O deixa feliz.
       Conhecer Jesus é Tudo, porque a Salvação não provém do esforço humano, ela é um presente de Deus e esse presente é a Pessoa de Jesus Cristo. A salvação não vem de Jesus Cristo. A salvação é Jesus Cristo. Aceitar a salvação é aceitar a Jesus Cristo. Conhecer Jesus é ter a salvação e, portanto, ter a vida eterna.
       Quando São João fala de "Conhecer Jesus" não está a falar apenas de um conhecimento teórico. João vivia numa época em que predominava o pensamento helenístico. Os gregos endeusavam o conhecimento teórico. Para um grego dizer que conhecia uma flor, ele ia à biblioteca, estudava tudo o que as enciclopédias e livros diziam sobre a flor, e dizia: "Conheço a flor." O João não. Para ele dizer que conhecia a flor, além de ler o que os livros diziam, ele ia ao campo tocar na flor, sentir nas mãos a beleza da flor, cheirar a flor, acariciá-la, e então dizer: "Conheço a flor."
       Conhecer, para os gregos que viviam no tempo de Jesus, era acumular conhecimento teórico. Conhecer, para o discípulo amado, era uma experiência de vida. O conhecimento teórico pode ajudar enquanto as coisas andam bem. O conhecimento experimental é, por sua vez, a única solução para os momentos de crise.
       A maioria dos discípulos limitava-se a ouvir as palavras de Jesus. João ia mais além: ficava perto do Mestre e reclinava a cabeça no coração de Jesus. A diferença revelou-se na crise. Quando os judeus prenderam Jesus e O levaram ao Calvário, toda a gente O abandonou. O único que ficou perto foi aquele que não se contentou em ouvir Jesus, nem em conhecê-Lo, mas que procurou um conhecimento experimental. São João 19:26, 27.
       "E a vida eterna é esta: que Te conheçam a Ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a Quem enviaste." Simples como uma flor, como uma criança, como um sorriso, como todas as coisas de Deus. São os seres humanos que às vezes complicam as coisas, as tornam difíceis e lhes roubam a beleza natural.

       Este livrinho, pretendeu de maneira simples apresentar-te todo o processo da conversão e da vida cristã. Justificação, justiça imputada, justiça comunicada, santificação e glorificação.
       "Mas eu não achei essas palavras ao longo da leitura", poderás estar a perguntar. E tens razão. Não mencionei sequer uma vez essas palavras. Já as ouviste tantas vezes na tua vida e não ajudou muita coisa. Eu quis mostrar esses assuntos de maneira diferente.
       No 1º capítulo, por exemplo, mencionei a história do jovem rico. Um triste exemplo do homem que procura a justiça pelos seus próprios esforços. O resultado é uma vida vazia e sem sentido. A minha experiência própria, quando jovem, era muito semelhante à do jovem rico.
No capítulo 3, tentamos explicar da maneira mais simples o profundo tema do perdão, da expiação e da justificação. O que Cristo fez por nós na cruz não foi apenas libertação da culpa, mas uma substituição. Alguém pagou pelos nossos pecados. Ele foi tratado como nós merecíamos para que pudéssemos ser tratados como Ele merece. Ele ocupou o nosso lugar. Agora podemos ocupar o Seu. Ele oferece-nos os Seus méritos, as Suas obras, a Sua justiça, toma sobre Si os nossos pecados e paga o preço por eles na cruz. Ao vê-Lo pendurado na cruz sentimo-nos atraídos por Ele. Somos reconciliados por Ele, somos justificados e recebemos uma nova natureza. A isto chamamos justiça imputada.
       Mas, porque é que depois de justificados e reconciliados continuamos a ter vontade de errar? Então vem o assunto das duas naturezas. Temos que alimentar a natureza de Cristo através da oração, do estudo da Bíblia e do trabalho missionário, e temos que matar de fome a natureza má. Por outras palavras, temos que andar como Enoque, Noé, Abraão e David, num relacionamento de amor. Isto é santificação. A luta, porém, continuará até à volta de Cristo. Só então acontecerá mais um milagre: Deus arrancará a natureza pecaminosa para sempre e a deitará fora. A isto chama-se glorificação. A luta findará aqui.

       Mas enquanto Cristo não voltar, a caminhada continuará e nessa experiência o Senhor Jesus assiste-nos cada dia com a presença do seu Santo Espírito, dando-nos da Sua justiça permanente. Isto é justiça comunicada.
       Como vês, neste livrinho não nos temos preocupado tanto com terminologias como com o facto de nos compreenderes. Mais do que conceitos teóricos, tentamos mostrar assuntos práticos. Mais do que tratar do QUE, preocupamo-nos em mostrar o COMO. Nada disso, porém, tem valor sem o maravilhoso QUEM. Ele é a personagem central deste livro e Ele terá que ser a personagem central da nossa vida se quisermos viver uma experiência cristã bem-sucedida e feliz.

       Nunca poderei esquecer a emoção que me produziu a leitura de um incidente ocorrido nos Estados Unidos:
       Trinta e seis crianças estavam presas numa sala de aula no 1º andar de uma Escola em chamas, no coração de Chicago. Todas as que puderam sair, saíram. As escadas estavam cheias de chamas e fumo. As saídas de emergência bloqueadas. Não havia outra saída. Então trinta e seis rostinhos de crianças assustadas estavam colados aos vidros das janelas. Os bombeiros ainda não tinham chegado. Não havia polícia ali perto. Salvá-las parecia impossível.
       Mark Spencer vivia 2 quarteirões abaixo. Quando viu o fogo, ele correu para a Escola. A sua missão, naquela manhã, não era rotineira como a de um polícia ou de um bombeiro. Ele foi impulsionado por outro sentimento. Ao chegar ao lugar, ele gritou aos miúdos que quebrassem o vidro. Os pedaços de vidro caíram pelo chão.
       Mark era um homem alto, musculoso e forte. Toda a gente podia ver o brilho de confiança nos seus olhos, a segurança dos seus braços e o amor na sua voz quando gritou aos meninos: "Pulem para cá, que eu seguro-vos." Um a um eles começaram a pular. Os poderosos braços de Mark seguravam-nos e punham-nos no chão. Finalmente todos estavam salvos. Quero dizer, todos menos um! O pequeno Mike olhava para baixo e dava um passo para trás com medo. O Mark gritou, suplicou, pediu, ordenou: "Pula, não te vais magoar, eu vou segurar-te!"
       A professora de Mike gritou: "Pula, Mike, pula!" Os coleguinhas (trinta e cinco): "Pula, Mike, pula! Nós conseguimos, tu também conseguirás."
       O menino ficou ali gelado de medo. No dia seguinte encontraram o seu corpinho carbonizado. O corpo de Mike, o filho de Mark Spencer.
       O que foi que aconteceu? O que estava errado? Não sabemos. Nunca ninguém saberá, muito menos Mark Spencer. Ele era um pai amoroso. Tinha dado ao filho tudo o que o menino precisava, tinha brincado com ele, tinha-lhe dado carinho, dividido com ele parte do seu próprio coração. No momento em que a vida de Mike estava num pêndulo, entre a esperança e o desastre, entre o triunfo e a tragédia, entre a vida e a morte, o Mark estava ali com os braços abertos, pedindo, suplicando, implorando, chorando para que o filho pulasse não para o frio, cruel e assassino cimento, mas para os seus seguros, confortáveis e carinhosos braços de pai amante.

       Mas alguma coisa não correu bem e o Mike morreu.
       Seremos diferentes? Correremos com alegria para os braços amantes de um Pai maravilhoso e andaremos com Ele num relacionamento de amor mútuo? Ou ficaremos gelados como o pequeno Mike, com medo, porque as chamas do formalismo nos levam a ver a imagem distorcida de um Deus tirano, cruel e justiceiro?

Alejandro Bullón no seu maravilhoso livrinho para jovens (e não só) CONHECER  JESUS  É  TUDO, Edições Reviver, Publicadora Atlântico, S. A., Portugal. Na contra-capa refere: "Através destas linhas quero, do fundo do meu ser, levar-te a conhecer melhor e a segurar a mão dessa Pessoa maravilhosa que encherá a tua vida de paz e de felicidade. Afinal de contas, conhecer Jesus é tudo."(Veja nos Links 1R - Alejandro Bullón).

* - "Você está certo! Mas pelos motivos errados! Isso faz com que você esteja totalmente errado!" Stephen King.



(Mª Rosa Baptista e Mª Sales - como puderam ler... - foram duas excelentes secretárias da Presidência da Igreja Adventista em Portugal, neste momento a desfrutarem das suas bem merecidas reformas. Muito, muito obrigada, pela prosa e o poema! Fico também 'em obrigação' para convosco...).

Nesta época especial desejo oferecer aos meus estimados Amigos, Familiares, e Visitantes dos meus blogs, mais 7 REFLEXÕES de textos recentes, interessantes, mas mais do que isso, muito importantes atendendo aos tempos difíceis que vivemos! Podem lê-los nos meus 2 Blogs habituais: Meditação Para a Saúde e Leituras Para a Vida. Têm também Músicas de Natal no final dos Links de Leituras para a Vida, O Caminho Para a Esperança e Tão Certo Como o Amanhecer.

Um Verdadeiro Natal, e um Bom Ano de 2016 com muita Paz, Alegria e a Esperança de um futuro melhor, é o meu sincero desejo! Leia tudo muito bem, medite, ore, e com a ajuda de Deus, tire as suas próprias conclusões! Muito Grata pela sua visita que é sempre bem vinda! E se gostar, divulgue estes blogs - pensados e preparados para ajudar cada pessoa a desfrutar uma boa Saúde Total, física, mental, espiritual.

Nº 6 ("Vivendo em Antecipação")

"O Maior Terror - A Maior Esperança"
A CERTEZA E A ALEGRIA DA RESSURREIÇÃO


Após a publicação, em 1859, do livro de Charles Darwin - A Origem das Espécies -, que abalou todo o mundo, os cientistas tentaram encontrar evidências fósseis dos nossos antepassados extintos. Em 1910, o arqueólogo Charles Dawson encontrou o que pensou ser o elo perdido no relato fóssil. Na realidade, o que encontrou foi uma das fraudes de maior projeção da História.

       Em pouco tempo, o achado tornou-se conhecido como o "Homem de Piltdown". Consistia de alguns pedaços de crânio e uma mandíbula com molares. Dawson levou a sua descoberta a um proeminente paleontólogo, que confirmou a sua autenticidade.
       A descoberta foi rapidamente registada em todo o mundo. Mas a mentira por detrás do "Homem de Piltdown" começou, lentamente, a desenredar-se. As circunstâncias e as provas não condiziam umas com as outras. Nos anos de 1950, testes mais avançados mostraram que o crânio tinha apenas cerca de 600 anos, e a mandíbula pertencera a um orangotango. Aparentemente, alguém com conhecimentos tinha preparado e manchado os dentes e "plantado" o achado.1

"CERTAMENTE NÃO MORRERÁS" - VERDADE?
       É horrível quando nos mentem; ninguém gosta que lhe mintam. Contudo, por vezes as mentiras parecem credíveis, de contrário não cairíamos nelas. Uma das primeiras mentiras foi dita pela serpente a Eva, no Jardim. Eva acreditou na afirmação "Certamente não morrerás", feita pela serpente (Génesis 3:4), e comeu o fruto. Desde então, temo-nos agarrado à mentira. Mesmo com a morte à nossa frente, ainda, de alguma forma, nos agarramos à vaga esperança de que algo em nós, de alguma forma, continuará a viver depois. Esta mentira tem-se tornado numa das fraudes em que mais amplamente se acredita. A ardente questão para todos nós é: O que acontece quando morremos?

O SONO DA MORTE
       As Escrituras dizem-nos que a morte é um estado inconsciente. Na realidade, a Bíblia compara a morte a um sono. "Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, ... Até o seu amor, o seu ódio e a sua inveja já pereceram, e já não têm parte alguma neste século, em coisa alguma do que se faz debaixo do sol" (Eclesiastes 9:5 e 6).
       Pedro reafirmou isso no dia de Pentecostes ao falar do rei David: "Varões irmãos, seja-me lícito dizer-vos livremente, acerca do patriarca David, que ele morreu e já foi sepultado, e entre nós está, até hoje, a sua sepultura" (Atos 2:29). E continuou: "David não subiu aos céus" (v. 34).
       Mas, mesmo não sendo bíblico, o que há de tão errado em acreditar que o meu ente querido se encontra num lugar feliz e de paz?, perguntam alguns enquanto lutam com a realidade da morte.
       Acreditar que alguém está em algum lugar e se mantém consciente depois de morrer leva a duas consequências. Primeiro, abre a porta para a manipulação direta pelas forças do mal, que se podem mascarar sob a forma de um ente querido morto e comunicar connosco. Segundo, tira a necessidade do evento mais grandioso da História: a Segunda Vinda de Jesus.

O CLÍMAX DA HISTÓRIA
       A Bíblia aponta para a Segunda Vinda de Jesus como sendo o grandioso clímax da história desta Terra. Não será um acontecimento discreto que a maioria das pessoas perderá. Jesus prometeu que seria inconfundível, semelhante a um relâmpago espetacular que cruzasse o céu do Oriente para o Ocidente (Mateus 24:27). João acrescenta que "todo o olho O verá" (Apocalipse 1:7).
       Será um espetáculo avassalador, fantástico. A Segunda Vinda de Cristo é a Bem-Aventurada Esperança da Igreja. A vinda do Salvador será um acontecimento literal, pessoal, visível, e mundial. Quando Ele voltar, os justos mortos ressuscitarão. Será uma ocasião suficientemente sonante para, literalmente, "acordar os mortos".
       O apóstolo Paulo dá uma rápida antevisão em I Tessalonicenses 4:16 e 17: "Porque o mesmo Senhor descerá do céu, com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles, nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor."
       Na Segunda Vinda, os que dormirem em Jesus serão ressuscitados para a vida eterna. Como sabemos que os mortos estão a dormir nas sepulturas, a promessa da Segunda Vinda e da ressurreição para a vida eterna é especialmente importante para nós.

UM ACONTECIMENTO - DUAS REAÇÕES DIFERENTES
       Durante a II Guerra Mundial, os prisioneiros de guerra foram surpreendidos pelo som de aviões a voarem baixo sobre o seu campo. Ao correrem para fora das suas barracas, todos os olhos se esforçavam para distinguir a insígnia nos aviões. Depois, os prisioneiros começaram a gritar de alegria, a acenar e a abraçarem-se. Estes aviões não eram aviões inimigos, mas os seus próprios aviões. A libertação estava apenas a algumas horas de distância. Para os prisioneiros, aquele era o melhor dia da sua vida; mas, para outro grupo, o barulho dos motores trouxe terror, não alegria. Os guardas prisionais olharam fixamente, em espantada incredulidade. Para eles tinha chegado o dia do juízo. Em breve teriam de responder pelas suas cruéis ações. Aterrorizados, os guardas abandonaram os seus postos e fugiram para a floresta.

TERROR E ALEGRIA
       Embora nos traga grande alegria pensarmos na ressurreição como um momento de celebração e reunião, também é um dia de terror para aqueles que não estiverem preparados para se encontrarem com Jesus. O que, para alguns, será o acontecimento mais feliz da história deste mundo, será, para outros, o momento mais terrível. Aqueles que não estiverem preparados para se encontrarem com Jesus, ficarão tão desesperados para escaparem do momento glorioso que pedirão às montanhas: "Caí sobre nós, e escondei-nos do rosto d'Aquele que está assentado sobre o trono, e da ira do Cordeiro" (Apocalipse 6:16).
       Mas nenhum de nós tem necessidade de estar nesse grupo. Jesus tomou todas as providências para que nós possamos esperar alegremente pela Sua volta. Quer estejamos a dormir na morte ou vivos na altura da Segunda Vinda, testemunharemos o mais grandioso espetáculo da História. Poderemos observar enquanto o grande inimigo, a morte, será tragada pela vitória.
       Ellen White descreve vivamente a cena: "Por entre as vacilações da Terra, o clarão do relâmpago e o ribombar do trovão, o Filho de Deus faz ouvir a Sua voz chamando os santos que dormem. Ele olha para a sepultura dos justos e, levantando as mãos para o céu, brada: 'Despertai, despertai, despertai, vós que dormis no pó, e surgi!' Por todo o comprimento e largura da Terra, os mortos ouvirão aquela voz, e os que ouvirem, viverão. E a Terra inteira ressoará com o passar do exército extraordinariamente grande de toda a nação, tribo, língua e povo. Eles vêm da prisão da morte, revestidos de glória imortal, clamando: 'Ó morte, onde está agora a tua vitória?' ... E os vivos justos e os santos ressuscitados unem as vozes numa prolongada e alegre aclamação de vitória."2

       Não precisamos de acreditar numa mentira. Em face da morte não temos de nos agarrar a alguma esperança desesperada de que, de alguma maneira, algures, a vida pode continuar... Podemos ter a bem-aventurada esperança que rouba o ferrão à morte. Podemos ansiar pela grande reunião, aquando da volta de Jesus nas nuvens de glória, para acordar os mortos. Podemos ansiar por aquele grandioso "olá" sem um posterior "adeus".

1. Jane McGrath. "10 of the Biggest Lies in History" http://history.howstuffworks.com/history-vs-myth/10-biggest-lies-in-history-htm#page=6
2. Ellen G. White, O Grande Conflito, (Publicadora SerVir), p.536.

Questões Para REFLETIR E PARTILHAR

1. Como é que o conceito bíblico do estado dos mortos dá esperança a alguém que está a sofrer?
2. Qual é o perigo de se acreditar numa alma imortal?
3. Porque é importante saber o que diz a Bíblia sobre a forma como Jesus voltará?
4. Como podemos ter a certeza de que nos regozijaremos e não ficaremos aterrorizados na Segunda Vinda?


Revista Adventista, Especial, Setembro 2015 - 7 Artigos nos meus 2 Blogs, de 23 a 26.12.15


sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Nº 4 ("Vivendo em Antecipação")

"Os Teus Filhos e as Tuas Filhas Prosperarão"
O DOM DE PROFECIA E A SEGUNDA VINDA


No fim de tarde de quarta-feira, 25 de janeiro de 1837, os alarmados residentes dos Estados de Nova Inglaterra viram o céu iluminar-se de uma cor de um vermelho profundo, incandescente. Testemunhas oculares disseram que a cor vermelha parecia dançar em ondas no chão coberto de neve. Muitas pessoas ficaram aterrorizadas por estas luzes do Norte, a aurora boreal, mas não Ellen, de 9 anos.

       Ellen estava a convalescer de um grave acidente e estava acamada. Não se conseguia levantar, mas podia observar as estranhas luzes refletidas através da janela do seu quarto. E embora outros estivessem apavorados, Ellen sentia-se muito feliz porque pensava que era a Segunda Vinda de Cristo. Ansiar e trabalhar por esse grandioso acontecimento foi algo que ela fez durante toda a sua vida. Portanto, quem era essa menina que esperava, tão ansiosamente, o regresso de Jesus?

VENHA CONHECER ELLEN WHITE
       Ellen Gould White foi uma mulher notável que viveu a maior parte da sua vida durante o século XIX (1827-1915). No entanto, através dos seus escritos, continua a ter um impacto nas pessoas à volta do mundo. Ellen White foi uma escritora prolífica. Escreveu mais de 5000 artigos para jornais e revistas e 40 livros. Hoje, incluindo compilações das suas 50 000 páginas manuscritas, mais de 100 livros estão disponíveis em Inglês.* Os seus escritos cobrem um largo leque de assuntos. Ela escreveu sobre religião, educação, relacionamentos, evangelismo, profecia, publicações, nutrição e até sobre administração.
Um dos seus livros mais conhecidos sobre a caminhada cristã, Aos Pés de Cristo, já foi publicado em mais de 160 línguas. (O blog "O Caminho Para a Esperança" Links 1R, é esse livro com outro título. Aconselho vivamente a lê-lo! Muito bom! E.E.)

O DOM DE PROFECIA E A SEGUNDA VINDA
       Mas Ellen White foi mais do que apenas uma escritora dotada. A Bíblia fala-nos de uma renovação do dom de profecia dentro da Igreja Cristã antes da Segunda Vinda de Jesus. Joel 2:28 e 29 fala da promessa de Deus de derramar o Seu Espírito Santo e de dar o dom de profecia. O profeta diz: "Derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos mancebos visões. E, também, sobre os servos e sobre as servas, naqueles dias, derramarei o meu Espírito."
       O crescimento dinâmico e os dons espirituais visíveis na Igreja Cristã Primitiva dão-nos uma ideia do derramamento do Espírito Santo antes da Segunda Vinda. Na realidade, Pedro cita Joel no seu poderoso sermão do Pentecostes (Atos 2:16-21), mas essa não seria a única vez em que o dom é outorgado.
       O resto do capítulo de Joel proporciona o contexto para o dom de profecia e mostra que esta extraordinária exibição do poder dado pelo Espírito de Deus acontece antes da Segunda Vinda. Em Apocalipse 12:17, João descreve as duas características principais do povo de Deus dos últimos dias. Os que viverem nesse tempo guardarão os mandamentos de Deus e terão "o testemunho de Jesus Cristo". Não ficamos sem saber o que é "o testemunho de Jesus Cristo". Apocalipse 19:10 diz-nos claramente que "o testemunho de Jesus é o espírito de profecia" (Apocalipse 19:10; cf. Apocalipse 22:9).

AJUDA PARA PREPARAR PARA A SEGUNDA VINDA
       A vida e o ministério de Ellen White representam pelo menos um cumprimento parcial destas predições bíblicas. Durante os seus 70 anos de ministério, ela recebeu centenas de visões e sonhos proféticos. O tempo de duração das visões variou de menos de um minuto a quase quatro horas. Ela foi chamada por Deus como mensageira especial para chamar a atenção do mundo para a Bíblia e para ajudar a preparar as pessoas para o Segundo Advento de Cristo. Citando palavras suas: "A principal mensagem de que fui encarregada de transmitir-lhes é: Preparem-se, preparem-se para o encontro com o Senhor. Limpem as lâmpadas para que a luz da verdade brilhe nos atalhos e valados. Há um mundo inteiro à espera de que lhes seja anunciada a proximidade do fim de todas as coisas."1
       Claro que nunca foi intenção que este dom profético fosse um acréscimo ou um substituto da Bíblia. A Bíblia continua a ser a única regra pela qual os escritos de Ellen White ou quaisquer outros devem ser avaliados.2 A Bíblia contém os testes que podem ser aplicados para ver se o seu ministério era, de facto, o dom profético predito nos livros de Joel e Apocalipse.3 Ellen White satisfaz todos os testes bíblicos de um verdadeiro profeta. O ministério de Ellen White chamou a atenção para a Bíblia e estimulou o estudo da Bíblia.
       Não se pode ler os escritos de Ellen White sem se ficar com um sentimento de urgência. O seu relacionamento pessoal com Jesus começou durante a espera pela volta de Jesus antes de 1844; e mesmo quando compreendeu que outros acontecimentos teriam lugar antes da Segunda Vinda, continuou a viver a sua vida com o mesmo entusiasmo.

VIDAS TRANSFORMADAS
       As predições sobre a vinda de Deus em juízo e livramento parecem ser o principal tema de muitos dos profetas do Velho Testamento. Vez após vez, Isaías, Ezequiel, Sofonias e outros profetas do Velho Testamento predisseram a vinda do "dia do Senhor".4 O anúncio de Joel é claro e iminente: "Perturbem-se todos os moradores da terra, porque o dia do Senhor vem, ele está perto" (Joel 2:1).
       Os escritores do Novo Testamento pegaram no mesmo tema.5 Pedro, Paulo, Tiago, e os outros autores do Novo Testamento acreditavam e ensinavam que Jesus voltaria em breve. Ouça o que Pedro diz em II Pedro 3:9 e 10: "O Senhor não retarda a Sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; mas é longânimo para convosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se. Mas o dia do Senhor virá como o ladrão de noite; no qual os céus passarão com grande estrondo, e os elementos, ardendo, se desfarão, e a terra e as obras que nela há se queimarão."
       Esta crença na breve vinda de Jesus parece ter sido a precursora para suscitar a mudança, e foi a força motivadora para a rápida difusão do Evangelho pela maior parte do Império Romano numa geração.
       Esta crença tinha um modo de mudar vidas, até mesmo para um agricultor que começou a estudar a Bíblia sozinho.
       Depois de estudar a profecia de Daniel 8, referente às 2300 tardes e manhãs, William Miller chegou à conclusão de que Jesus ia voltar - em breve. Ficou entusiasmado ao pensar que "em cerca de vinte e cinco anos ... todos os assuntos do nosso estado atual estarão resolvidos".6 Estas novas eram demasiado boas para que ele as guardasse só para si. Embora se sentisse totalmente inadequado para o trabalho e soubesse que não tinha formação nem experiência como orador, sentiu-se convicto de que deveria contar a outros o que descobrira. O seu maior desejo era ver pessoas aceitarem Jesus como seu Salvador e ansiarem alegremente pela Sua volta. A crença no regresso de Jesus era uma forma de motivar e inspirar o mais fraco crente.
       Esta esperança da volta de Jesus, baseada na Bíblia, foi uma âncora segura para os confusos crentes Adventistas quando Jesus não regressou em 1844, como eles esperavam. Levou-os de volta às suas Bíblias; de volta ao estudo das profecias, onde descobriram que tinham a data correta mas o acontecimento errado! Em vez de estar prestes a voltar à Terra, Jesus tinha entrado na fase final do Seu ministério no santuário celeste. Mantinham-se na rota no que se refere à profecia, e Jesus ia voltar - brevemente.
       Foi esta crença na volta de Jesus que fez o Adventismo espalhar-se e crescer, transformando-o de um movimento com algumas centenas de crentes num movimento mundial que conta com mais de 18 milhões de membros. Para Ellen White, esta expectativa da Segunda Vinda de Jesus proporcionou orientação para a sua vida e para o seu trabalho na jovem Igreja Adventista do Sétimo Dia. A vinda de Jesus não era apenas um hipotético acontecimento do futuro. Para ela, a Segunda Vinda de Jesus tinha um sentido de imediatismo que exigia urgência na pregação das boas-novas do Seu regresso a todo o mundo num período tão breve quanto possível. Ela escreveu: "O Senhor vem. Ouvimos os passos de um Deus que Se aproxima... Temos que preparar-Lhe o caminho mediante o desempenho da nossa parte em preparar um povo para esse grande dia."7

UMA SALVAGUARDA CONTRA O FANATISMO
       Para alguns Adventistas uma crença na breve vinda de Jesus pareceu levá-los ao fanatismo,8 mas Ellen White insistia numa crença firmemente ancorada nas Escrituras, não baseada em emoções. Ela demonstrou, pelos seus escritos e pela sua vida, a delicada arte de viver entre o agora e a eternidade. As cartas e os artigos de Ellen White estão cheios de estudos de casos com planos práticos para o desenvolvimento do reino de Deus enquanto, ao mesmo tempo, se focavam na Segunda Vinda. Eles mostram-nos que, em vez de tornar os verdadeiros crentes inaptos para uma vida útil, é precisamente essa crença que nos deve motivar a viver a nossa vida conscientes da nossa necessidade individual e coletiva de preparar o mundo para o regresso de Jesus.
       "Certamente o Senhor Jeová não fará coisa alguma, sem ter revelado o Seu segredo aos Seus servos, os profetas", escreveu Amós há mais de 2750 anos (Amós 3:7). Mantendo a Sua palavra, Deus tem dado sempre orientação especial através dos Seus profetas.
       Agora, em que estamos no clímax da história deste mundo, vamos deixar que Deus volte a atuar. Deixemos que a leitura e a aplicação prática dos conselhos que Deus nos dá através dos escritos de Ellen White nos encorajem e nos guiem. Precisamos de nos apoderar da visão do nosso futuro lar junto de Deus. Ele está pronto para fazer um segundo Pentecostes e para nos guiar pela Sua palavra profética. A questão é: E nós?

* NT. E mais de 70 livros em Português.
1. Ellen G. White, Testemunhos para a Igreja, p. 106.
2. Os Adventistas do Sétimo Dia Crêem..., p. 208.
3. Foram reconhecidos cinco testes bíblicos de um profeta. Eles incluem: (1) a comunicação divina através de visões e sonhos (Números 12:6); (2) concordância com as Escrituras, a revelação prévia de Deus (Isaías 8:20); (3) apontando para Jesus (I João 4:1 e 2); (4) cumprimento da profecia (Jeremias 28:9); e (5) os frutos do ministério profético (Mateus 7:20).
4. Ver, por exemplo, Isaías 13:6; Ezequiel 30:2-4; Joel 1:15; Sofonias 1:6-8; e Obadias 15.
5. Compare, por exemplo, com II Pedro 3; I Tessalonicenses 4:15; 5:3; Tiago 5:7, 8.
6. R. W. Schwarz and F. Greenleaf, Light Bearers (Portadores de Luz) (Nampa, Idaho: Pacific Press Pub. Assn., 1995), p. 33.
7. Ellen G. White, Evangelismo, p. 219.
8. Para uma introdução de fácil leitura para o cenário de fanatismo do pós-1844 Millerita, ver George Knight, William Miller and the Rise of Adventism (William Miller e o Surgimento do Adventismo) (Nampa, Idaho: Pacific Press Pub. Assn., 2010), pp. 209-227.

Questões Para REFLETIR E PARTILHAR

1. Como pode o conhecimento de que somos parte de um movimento profético inspirar
um maior envolvimento no evangelismo?
2. Qual é a relação entre a crença na breve volta de Jesus e o reavivamento e reforma?
3. De que forma é que os escritos de Ellen White nos ajudam a evitar o fanatismo?

Revista Adventista, Especial, Setembro 2015 - 7 Artigos nos meus 2 Blogs, de 23 a 26.12.15

(Este cântico poderia ser o preferido de Ellen porque ela era, acima de tudo, uma apaixonada por Jesus Cristo e pela Bíblia, a Sua Santa Palavra. "Recomendo-vos, caro leitor, a Palavra de Deus como regra de vossa fé e prática. Por essa Palavra seremos julgados. Nela Deus prometeu dar visões nos 'últimos dias'; não para uma nova regra de fé, mas para conforto do Seu povo e para corrigir os que se desviam da verdade bíblica. Assim tratou Deus com Pedro, quando estava para enviá-lo a pregar aos gentios. Atos 10." E. White, Primeiros Escritos, pág. 78.
Gostaria de dizer que sou uma grande admiradora desta nobre senhora, e ela é uma fonte de inspiração para mim. O conselho que lhe dou a si, meu amigo(a), e que aplico desde criança, é orar e ler muito, e estudar por si mesmo a Palavra de Deus, para saber mais e estar mais seguro da Verdade. Tem também vários links nos blogs, todos baseados na Bíblia naturalmente, com muita informação excelente. E.E.)

quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Nº 2 ("Vivendo em Antecipação")

"Só Tu És Digno"
ADORAÇÃO E A SEGUNDA VINDA


A família tinha poupado durante muito tempo para as suas férias de sonho. Quando finalmente entraram no avião e se sentaram, deram um suspiro coletivo de alívio e disseram: "Férias, aqui vamos nós" - e adormeceram. Seis horas depois, acordaram, enquanto o avião estacionava no portão de desembarque. Contudo, imagine a sua surpresa e choque quando viram homens de casacão, fazendo face ao vento e ao frio. Tinham comprado bilhetes para os trópicos - mas desembarcaram no Alasca.

       Consegue imaginar a sua completa incredulidade? De alguma forma, tinham apanhado o avião errado e ninguém dera por isso. Em vez de brisas suaves e palmeiras ondulantes, enfrentavam ventos gelados e a possibilidade de um nevão.
       Embora possamos escapar de apanhar o avião errado e acabar num destino completamente diferente, também nós podemos perder o mais antecipado acontecimento da História. Cansados da longa espera, distraídos por uma grande dose de meios de comunicação e de entretenimentos, confusos pelas abordagens atuais sobre Deus, os Adventistas do Sétimo Dia dão por si no meio de uma guerra de adoração que ameaça estilhaçar comunidades e igrejas. Esta guerra de adoração não é sobre estilos de música ou instrumentos. Esta guerra é muito mais profunda, vai ao cerne da questão.

A QUEM ADORA?
       A adoração fiel caracteriza o povo de Deus que vive nos últimos dias. Na realidade, o primeiro anjo de Apocalipse 14, voando no meio dos céus e proclamando o Evangelho eterno, desafia-nos: "Temei a Deus e dai-Lhe glória, porque vinda é a hora do Seu juízo, e adorai Aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas" (Apocalipse 14:7).
       A adoração é um tema da maior importância em Apocalipse. O povo de Deus adora o Cordeiro de Deus no trono (Apocalipse 4:10; 5:14; 7:11; 11:16). No entanto, é Satanás, o dragão, que impõe e exige a adoração da parte daqueles que vivem na Terra (Apocalipse 13:4, 8, 12, 14). Ele sabe que estamos comprometidos com aquilo ou com aquele a quem adoramos.
       Assim, a batalha continua cada dia, à volta de todo o mundo. Algumas pessoas adoram coisas. (No passado, chamava-se a isso idolatria, mas, hoje, chamamos materialismo.) Outras adoram pessoas. Em 2010 os professores catedráticos da Universidade de Baylor, professores Paul Froese e Christopher Bader, publicaram America's Four Gods: What We Say About God - and What That Says About Us (Os Quatro Deuses da América: O Que Dizemos Sobre Deus - O Que Isso Diz Sobre Nós). Baseados num inquérito sobre pontos de vista religiosos, eles sugeriram que os Americanos tinham quatro pontos de vista distintos sobre Deus: o Deus autoritário, o Deus benevolente, o Deus crítico, e o Deus distante. Não é necessário dizer que a nossa perceção de Deus modela, claramente, a nossa adoração de Deus. Se Deus é distante e crítico, as pessoas têm tendência para O adorarem com cuidado e de forma liturgicamente correta. Se Deus é visto como benevolente (o que Ele é, claramente) à custa da Sua autoridade, podemos considerar Deus o nosso "amigalhaço".
       Por vezes, parece que podemos ter feito Deus à nossa própria imagem, em vez de reconhecermos que fomos nós criados à Sua "imagem e semelhança" (Génesis 1:27).

ADORAÇÃO E REAVIVAMENTO
       Uma rápida revisão da história de Israel confirma a íntima ligação entre a adoração e o reavivamento. A reforma e a restauração do templo por Ezequias foram seguidas pela celebração da Páscoa (II Crónicas 29 e 30). Quase um século mais tarde, o jovem rei Josias começou um grande reavivamento em Israel, expurgando Judá e Jerusalém dos seus lugares altos, altares de Baalim e outras formas de adoração de ídolos (II Crónicas 34). Mais tarde, Josias reestabelece a celebração apropriada da Páscoa (cf. II Crónicas 35, esp. v. 18).
       Quando o nosso foco está em Deus, somos revigorados; as nossas prioridades são reajustadas; lembramo-nos de quem somos verdadeiramente (seres criados); reconhecemos as nossas infelizes tentativas de moldarmos o nosso próprio destino centrando-o em nós mesmos. Uma linha reta guia do reavivamento para uma adoração renovada.

ADORAÇÃO E ESPERA
       A adoração não é apenas um tópico teológico sobre a agenda de Deus nos últimos dias. A verdadeira adoração, em oposição à falsa adoração, aponta para longe de nós e em direção ao nosso Criador e Redentor. Os outros poderão ver isso na prática. Tiago descreve este elemento concreto da adoração: "A religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e guardar-se da corrupção do mundo" (Tiago 1:27).
       Quem espera pelo glorioso regresso do seu Mestre e Senhor não se senta ociosamente em mosteiros, igrejas ou universidades, debatendo as complexidades e os prazos do Seu regresso. Envolvem-se nas suas comunidades. Servem os sem-abrigo; partilham as bênçãos materiais e espirituais com os abatidos e desanimados; cuidam dos doentes e abraçam os moribundos.
       O serviço abnegado desafia-nos. Muitas vezes, isto significa deixar a nossa zona de conforto - os lugares em que nos sentimos em casa. Tenta igualar a atitude de Jesus, que "Se aniquilou a Si mesmo, tomando a forma de servo" (Filipenses 2:7). Podemos vê-la no facto de Jesus lavar os pés dos Seus discípulos - incluindo àquele que, no fim, O havia de trair - e ouvimo-l'O recordando-nos que devemos seguir o Seu exemplo (João 13:15).

ADORAÇÃO E SÁBADO
       Faça, a algum Adventista, uma pergunta sobre a adoração, e o Sábado acabará por surgir na conversa. Os Adventistas amam o Sábado. Recorda-nos das nossas origens - um poderoso Criador fez-nos à Sua imagem e semelhança (Êxodo 20:8-11). Também nos diz algo sobre o Paraíso perdido e sobre a maneira como Deus nos leva para o lar - somos pecadores necessitando de um Salvador e precisamos de ser libertos "do Egito" (ver Deuteronómio 5:12-15). A Criação e a redenção são tópicos importantes da nossa adoração, e cada Sábado é uma oportunidade "para recordar".
       Contudo, o Sábado também tem um papel importante enquanto esperamos pelo regresso do Mestre. A habilidade de Satanás em substituir o Sábado pelo domingo culmina no cenário do fim dos tempos de Apocalipse, que se centra no verdadeiro dia de adoração (Apocalipse 13:11-17; 14:9; cf. a capacidade do poder da pequena ponta de Daniel 7:25 para "mudar os tempos e a lei"). Ellen White predisse: "Os que honram o Sábado bíblico serão denunciados como inimigos da lei e da ordem, como que estando a derrubar as restrições morais da sociedade, causando anarquia e corrupção, e atraindo os juízos de Deus sobre a Terra".1
       Os comentários inspirados de Ellen White recordam-nos de que o dia de adoração não é uma questão de preferência, mas um assunto de vida ou morte. O nosso compromisso para adorar Deus como Ele quer tem de ser baseado solidamente na palavra profética e no conhecimento pessoal de um Salvador que é verdadeiramente merecedor de adoração.

NÃO PRECISAMOS DE TEMER
       O livro de Apocalipse pode ser uma leitura perturbadora. Quando nos centramos em crises, perseguições, e oposição a Deus, podemos sentir-nos oprimidos e temerosos. Contudo, a "revelação de Jesus Cristo" (Apocalipse 1:1) não se concentra apenas na crise final; vez após vez realça a suprema alegria de adorar o Cordeiro que Se senta no trono.
       O capítulo 7 e verso 10 proporciona um bom exemplo: João olha e vê uma grande multidão que ninguém pode contar, de pé à volta do trono. Eles não conseguem ficar em silêncio; não conseguem ficar quietos e gritam "bem alto: 'Do nosso Deus, que está sentado no trono, e do Cordeiro vem a nossa salvação'" (A Bíblia na Linguagem de Hoje); depois adoram Aquele que pagou o derradeiro preço para a sua salvação. A sua alegria recorda-nos da paz celestial e da felicidade. A sua adoração incentiva-nos a permanecer fiéis e preparados para servir. Os seus cânticos falam-nos de um futuro que nem podemos imaginar. Não existe calor abrasador, nem ânsias de fome, não haverá lágrimas nem medo, nem solidão, porque "Deus limpará dos seus olhos toda a lágrima" (v. 17). Vamos juntar-nos à sua adoração, hoje!

1. Ellen G. White, o Grande Conflito (P. SerVir), p. 492.

Questões Para REFLETIR E PARTILHAR

1. Como pode a adoração tornar-se na força motriz da nossa caminhada cristã?
2. Qual é a relação existente entre a adoração e o Sábado?
3. Qual é a ligação entre a verdadeira adoração e a Segunda Vinda?

Revista Adventista, Especial, Setembro 2015 - 7 Artigos nos meus 2 Blogs, de 23 a 26.12.15


quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

DOENÇA OU CASTIGO?

Breve Reflexão Sobre o Sofrimento Humano



QUANDO A DOENÇA ATACA
"'Foi a vontade de Deus!' Com esta expressão geralmente responsabilizamos a Deus pelas doenças e acidentes que nos sobrevêm. É Ele realmente responsável pelo mal existente no mundo? Leia este livrinho e saiba quem é o autor do sofrimento."

"Às vezes temos que nos defrontar com momentos de crise, acompanhados de dor e sofrimento. A grande pergunta que se levanta nessas ocasiões é: 'Por que eu, Senhor?' Porque Deus está fazendo isso comigo? Mas será que é Deus, realmente, que nos aflige com preocupações, ansiedades, desencantos, dor e sofrimento? Rubem M. Scheffel responde com equilíbrio e sensatez a tão intrigantes e perturbadoras interrogações. Este livrinho é um esforço para ajudar as pessoas a encontrar uma resposta satisfatória para as suas inquietudes, perturbações e sofrimentos, e a compreender quão importante é enfrentar tais dilemas, ancorados em Alguém que nos ama e quer a nossa felicidade. É com prazer, e sentindo-me honrado, que apresento Doença é Castigo? como uma contribuição de solidariedade e ânimo aos feridos pela dor e pelo sofrimento."
Pastor Floriano Xavier dos Santos

John e Cláudia tinham pouco mais de 20 anos e eram recém-casados. Estavam felizes. Mas essa felicidade durou apenas um ano. Cláudia contraíra a doença de Hodgkins – cancro das glândulas linfáticas, e os médicos diziam que sua chance de vida era de apenas 50%. Os cirurgiões fizeram-lhe um corte que ia da axila até ao abdómen e removeram todo e qualquer traço visível da doença. Fraca e confusa, ela estava ali, num leito de hospital.
John trabalhava como assistente de capelão. Embora ele e a esposa fossem cristãos, sentiram revolta contra Deus. Revolta contra um parceiro a quem eles amavam e que Se tinha virado contra eles.
- Ó Deus, por que nós? Deste-nos apenas um ano de casamento feliz para então nos trazeres esta dor? - clamaram eles.
"O tratamento de cobalto arruinou o organismo de Cláudia. Ela perdeu a beleza. Sentia-se constantemente cansada, sua pele tornou-se escura, o cabelo começou a cair, e a garganta estava sempre inflamada e ferida. Vomitava quase tudo o que comia. Os médicos precisaram suspender o tratamento por algum tempo, pois a garganta havia inflamado de tal maneira que ela não podia engolir nada. Todos os dias Cláudia pensava em Deus e na dor que sentia, principalmente quando estava na sala de tratamento. Naquela sala fria, estirada numa mesa, ela ouvia o chiado e o estalido do aparelho, bombardeando-a com partículas invisíveis. Cada dia de radiação fazia o seu corpo envelhecer meses." 1

As Visitas
De início, Cláudia esperava consolo e conforto dos seus amigos cristãos. Mas isso nem sempre acontecia.
+ Um diácono de sua igreja disse-lhe que ela deveria meditar solenemente naquilo que Deus estava tentando ensinar-lhe.
- Deve haver alguma coisa em sua vida que desagrada a Deus. Você deve ter deixado de fazer a Sua vontade. Estas coisas não acontecem por acaso. Procure descobrir o que é que Deus está querendo lhe dizer.
+ Outro dia apareceu uma senhora gorda, trazendo flores. Ela cantou hinos e recitou lindos salmos, sempre batendo palmas. Todas as vezes que a doença de Cláudia era mencionada, ela depressa mudava de assunto. Queria afastar o sofrimento com o seu entusiasmo e boa vontade. Mas quando ela se foi, as flores murcharam, não mais se ouviram os hinos, e Cláudia se viu face a face com outro dia de dor.
+ Outro visitante disse a Cláudia que a única solução seria buscar a cura divina.
- A doença jamais é da vontade de Deus - insistia ele. - É o que a Bíblia diz. O diabo está alerta, e Deus espera que você tenha fé e acredite que será curada. Lembre-se, Cláudia, que a fé remove montanhas, inclusive o cancro. Se de todo o coração acreditar que será curada, Deus responderá às suas orações.
Nas manhãs seguintes, Cláudia tentou 'aumentar a fé', enquanto estava deitada na sala de tratamento de cobalto. Mas essa questão 'de aumentar a fé' pareceu-lhe um processo terrivelmente cansativo, e ela não pôde descobrir como conseguir isso.
+ Outra senhora, muito consagrada, veio ler para ela livros sobre louvar a Deus por tudo.
- Cláudia, você precisa chegar ao ponto de poder dizer: Ó Deus, eu Te amo por me fazeres sofrer desta maneira. É a Tua vontade. Tu sabes o que é melhor para mim. Agradeço-Te por tudo, inclusive por esta experiência.
Ao meditar no que a senhora dissera, a mente de Cláudia se encheu de visões horríveis e cruéis de Deus. Imaginou um gigante, tão grande quanto o Universo, que tinha prazer em esmagar entre os dedos pobres criaturas humanas, pulverizando-as com os punhos e arremessando-as contra pedras pontiagudas. E os seres humanos continuavam a ser torturados até que gritassem: "Ó Deus, eu Te amo por fazeres isso comigo."
Essa ideia lhe era repulsiva. Cláudia não podia adorar nem amar um Deus assim.
+ Outro visitante, o pastor da sua igreja, fê-la sentir que estava cumprindo uma missão:
- Você, Cláudia, tem o privilégio de participar dos sofrimentos de Cristo. Você foi escolhida para sofrer por Ele, e Ele a recompensará. Deus a escolheu por causa de sua integridade, assim como Ele escolheu a Jó. Ele a está usando como exemplo. A fé de outros poderá aumentar por causa da sua atitude.

Qual desses visitantes estaria com a razão? O diácono, que lhe disse que a doença era castigo divino por algum pecado; a viúva, que procurava ignorar a doença com cânticos e muita alegria; o visitante, que afirmou que a única solução era buscar a cura divina; a senhora, que a aconselhou a agradecer a Deus por fazê-la sofrer; o pastor, que a considerou mártir, usada por Deus, para benefício de outros?

Resposta difícil, não é mesmo? Muito difícil. Vamos ver rapidamente outro caso.
Um homem, que estava ficando cego, escreveu uma carta para um pastor. E a carta dizia, em resumo, o seguinte: "O que eu preciso é ver, para acreditar que Deus não me odeia. Será que Deus não sabe o que está fazendo comigo?... Quase não posso mais ver o que estou fazendo, e tenho que tatear como um velho urso. Praguejo e digo palavrões, e imagino que estou condenado ao inferno... Por que Deus está fazendo isso comigo? Por que Ele não me devolve a visão? Só consigo ver a calçada agora, mas quando eu mergulhar totalmente nas trevas, sei o que vou fazer..." 2
Ele certamente se referia àquilo que 16 mil americanos haviam feito no ano anterior: cometer suicídio.

Tanto num caso como nos outros várias pessoas atribuíram a responsabilidade pela doença a Deus. Deus estava castigando Cláudia. Deus queria que Cláudia fosse participante dos sofrimentos de Cristo. Deus a fazia sofrer e ainda esperava gratidão. Deus é o responsável pela cegueira desse pobre homem. E em inúmeros outros casos de doenças ou acidentes, Deus é quase sempre direta ou indiretamente responsabilizado. Afinal, Ele é ou não é soberano? A Bíblia não diz que "nenhum pardal cai ao chão sem que seja do consentimento de nosso Pai celestial?" (São Mateus 10:31) Por que, então, Ele permite que os seres humanos, especialmente os Seus filhos, sofram?

SOFRIMENTO É CASTIGO?

Se Deus estivesse dando a cada um segundo as suas obras, agora, então os maus deveriam estar sempre sofrendo e os justos sempre prosperando, porque Deus é um Deus de justiça. A realidade, porém, mostra que muitas vezes são os justos que sofrem e os ímpios que prosperam!
Essa ideia de que os pecados são punidos nesta vida é muito antiga. Os antigos judeus pensavam assim. Vejam a seguinte declaração: "Toda a enfermidade era considerada como o castigo de qualquer mau procedimento, fosse da própria pessoa, fosse de seus pais. É verdade que todo sofrimento é resultado de transgressão da lei divina, mas esta verdade fora pervertida. Satanás, o autor do pecado e de todas as suas consequências, levara os homens a considerarem a doença e a morte como procedentes de Deus - como castigos arbitrariamente infligidos por causa do pecado. Daí, aquele sobre quem caíra grande aflição, sofria além disso o ser olhado como grande pecador." 3

Mesmo os discípulos pensavam que a dor e o sofrimento eram juízos divinos. Certa ocasião, quando Cristo Se viu face a face com um homem cego de nascença, Seus discípulos Lhe perguntaram: "Mestre, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego? Respondeu Jesus: Nem ele pecou, nem seus pais." São João 9:2 e 3. A ideia pagã de que a desgraça e o sofrimento se abatiam sobre as pessoas como juízos arbitrários de Deus era repulsiva a Jesus.
Noutra ocasião, disseram a Jesus que os galileus, cujo sangue Pilatos misturara com os sacrifícios que os mesmos realizavam, deviam ter sido muito ímpios para receber tal tratamento. Jesus, porém, respondeu: "Pensais que esses galileus eram mais pecadores do que todos os outros galileus, por terem padecido estas coisas? Não eram, Eu vo-lo afirmo; se, porém, não vos arrependerdes, todos igualmente perecereis.
Ou cuidais que aqueles dezoito, sobre os quais desabou a torre de Siloé e os matou, eram mais culpados que todos os outros habitantes de Jerusalém? Não eram, Eu vo-lo afirmo." São Lucas 13:2-5.

Jesus, portanto, deixou bem clara essa questão. Embora o sofrimento e a morte sejam consequências naturais do pecado, o pecado não vem de Deus, e Deus não está punindo o pecado, agora. Se a doença fosse um castigo divino, que direito teríamos de procurar os médicos para sermos curados? Estaríamos agindo contra a vontade divina.

E A CURA DIVINA?

Caso de Ezequias
A Bíblia conta o interessante caso da doença do rei Ezequias e sua cura maravilhosa. Ele havia adoecido de uma enfermidade mortal, e tomou conhecimento disso através do profeta Isaías, que lhe disse: "Assim diz o Senhor: Põe em ordem a tua casa, porque morrerás, e não viverás." II Reis 20:1. O rei, inconformado, virou o rosto contra a parede, chorou muito e orou ao Senhor lembrando a sua fidelidade no passado e pedindo que lhe prolongasse a vida. Em atendimento à sua oração, Deus imediatamente mandou que o profeta Isaías retornasse a Ezequias com uma nova mensagem: "Ouvi a tua oração, e vi as tuas lágrimas; eis que te curarei; ao terceiro dia subirás à casa do Senhor. Acrescentarei aos teus dias quinze anos." II Reis 20:5 e 6. Orientado por Isaías, foi colocada uma pasta de figos sobre a chaga de Ezequias, e ele sarou.

Há várias lições que se podem tirar desse episódio.

Em 1º lugar, observamos que nem todas as profecias são necessariamente absolutas, mas podem ser condicionais, como ocorreu no caso de Nínive (Jonas 3:4-10). Se orarmos, Deus poderá fazer por nós o que não faria se não orássemos.
Em 2º lugar, quando Lhe pedimos que nos cure, devemos fazê-lo com um espírito submisso, pois só Deus sabe se o atendimento a essa oração será para o bem do suplicante e se redundará em glória para Deus. Ao orar pelos enfermos, alguns têm cometido o erro de quase exigir que Deus conceda vida e saúde ao que sofre. A vida dos que assim se salvaram, em muitos casos não honrou posteriormente a Deus. Teria sido melhor que essas pessoas tivessem baixado à sepultura enquanto tinham a esperança da salvação. O prolongamento da vida de Ezequias é um exemplo desse fato, pois foi nesse período de acréscimo que ele cometeu o único erro grave de sua vida (versos 12-19). Se em sua oração Ezequias tivesse dito: "Todavia, não seja como eu quero, e, sim, como Tu queres" (São Mateus 26:39), poderia ter morrido com o registo de uma vida irrepreensível. 4
Em 3º lugar, observamos que nesse caso o homem se valeu de um remédio (natural) para ajudar a operar uma cura milagrosa. Deus deseja que façamos aquilo que está ao nosso alcance, com os recursos que temos. Quando estes são insuficientes para alcançar o objetivo desejado, Ele provê ajuda adicional aos processos naturais, se Lho pedirmos e se isto for de Sua vontade. Ezequias, portanto, foi curado porque se voltou humildemente para Deus e, com o auxílio dos remédios disponíveis, aliados à ajuda divina, restabeleceu-se.

Mas o Velho Testamento também conta a história de outro rei que adoeceu, e dessa vez o resultado foi outro.
Diz o relato bíblico: "No trigésimo nono ano do seu reinado caiu Asa doente dos pés; a sua doença era em extremo grave, contudo na sua enfermidade não recorreu ao Senhor, mas confiou nos médicos. Descansou Asa com seus pais; morreu no ano quarenta e um, do seu reinado." II Crónicas 16:12 e 13.
No passado, o rei Asa havia confiado em Deus, a ponto de merecer um bom registo bíblico: "Asa fez o que era reto perante o Senhor, como Davi, seu pai." I Reis 15:1l. Mas em vez de continuar confiando em Deus, nos últimos anos de seu reinado ele passou a depender quase que exclusivamente da ajuda humana, tanto na administração pública como na enfermidade. E a sua doença, que alguns acreditam ter sido gangrena, lhe causou a morte.
O grande erro de Asa foi ter confiado apenas nos médicos de seu tempo, que eram pouco mais do que curandeiros, já que a Medicina e a feitiçaria andavam de mãos dadas naqueles tempos remotos.

Mesmo hoje, com todos os recursos médicos que temos, não deveríamos jamais prescindir da ajuda divina. Mas confiar em Deus, por outro lado, não significa dispensar os cuidados médicos. Em outras palavras, não devemos optar por um com exclusão do outro, pois Deus deseja operar em associação conosco.
Um capelão americano contou que muitos dos pacientes que davam entrada no hospital se sentiam culpados por isso. Eles desabafavam dizendo: "Se eu tão-somente tivesse tido a necessária fé, eu poderia ter sido curado pelo poder da oração, evitando assim despesas médicas e hospitalares!" Mas essa atitude é incorreta, pois embora Deus deseje operar milagres ainda hoje, há certas condições que precisam ser observadas:

1. Tanto quanto possível, Ele quer que façamos a nossa parte, caso contrário a operação de milagres nos encorajaria à preguiça. Se a pessoa precisa fazer exercício físico para curar-se de insónia, não adiantará orar, ao mesmo tempo que negligencia os exercícios, pois a oração não é substituto para o trabalho.
Temos hoje um acervo extraordinário de conhecimentos médicos, e Deus certamente não deseja que desprezemos esses recursos, trocando-os pela oração, e esperando de braços cruzados que Ele faça tudo, enquanto não fazemos nada. É preciso unir a ajuda humana com a divina, em vez de optar por uma com exclusão da outra.
2. Deve-se unir a cura à educação e reforma. Se o doente contraiu uma enfermidade devido à transgressão de leis naturais, ele deve ser orientado a corrigir seus hábitos de vida, pois Deus não é honrado em curar alguém apenas para que este continue a viver erroneamente e contrair novamente a mesma doença da qual já foi curado uma vez.
3. Deus nos ouve se pedirmos alguma coisa segundo a Sua vontade. (I São João 5:14 e 15.) Algumas coisas que desejamos ardentemente, inclusive a cura, podem não estar de acordo com a vontade de Deus." 5
4. Embora Deus tenha poder para curar, Ele nem sempre o faz, porque uma doença pode ser usada por Deus como um instrumento de correção para produzir frutos (ver II Coríntios 4:17). O apóstolo Paulo é um exemplo de alguém que por três vezes orou pedindo a cura para o seu "espinho na carne" e não foi atendido. A resposta divina foi: "A Minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza." II Coríntios 12:9. E qual foi a reação do apóstolo Paulo diante dessa recusa? Passou o resto da vida choramingando e reclamando? Não. Ele se conformou dizendo: "De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo." (Verso 9.)
Dessa experiência podemos concluir que precisamos confiar na sabedoria divina e aceitar a Sua decisão. Se Ele decidir não nos curar, devemos nos conformar e crer que isto também é para o nosso bem eterno, pois "todas as coisas contribuem para o bem daqueles que amam a Deus".

O SENHOR É A MINHA LUZ


VÁRIAS CAUSAS DE SOFRIMENTO

Dentre  as  Muitas  Causas  de  Sofrimento,  Queremos  Salientar  Aqui  as  Seguintes:

1. Em primeiro lugar, temos o SOFRIMENTO QUE É COMUM A TODA A CRIAÇÃO, a qual geme sob o efeito do pecado. Não só o homem, mas também os animais e a Natureza em geral.
Quando Adão e Eva pecaram, surgiram os espinhos, que devem tê-los espetado algumas vezes, fazendo-os sofrer. Quando Adão foi lavrar a terra, pela primeira vez sentiu cansaço, e grossas gotas de suor escorreram-lhe pela face. Daí ele entendeu o que Deus lhe havia dito: "No suor do teu rosto, comerás o teu pão." Adão também notou que a terra havia perdido parte da sua fertilidade, que haviam surgido pragas, e que ele agora precisava trabalhar mais para colher menos. Os animais, que antes eram vegetarianos, passaram a se devorar uns aos outros.
E quando Eva teve o seu primeiro filho, sem anestesia, entendeu as palavras divinas: "Com dor terás filhos." Assim, o sofrimento se tornou comum a todos, como consequência do pecado. Como diz Salomão, em Eclesiastes 9:2 e 3 "Tudo sucede igualmente a todos: o mesmo sucede ao justo e ao perverso; ao bom, ao puro e ao impuro; assim ao que sacrifica como ao que não sacrifica; ao bom como ao pecador; ao que jura como ao que teme o juramento. Este é o mal que há em tudo quanto se faz debaixo do sol; a todos sucede o mesmo."

2. Em segundo lugar, temos o sofrimento causado por ESCOLHAS ERRADAS que fazemos na vida. Deus nos concedeu livre-arbítrio, mas essa liberdade acarreta responsabilidade, conforme diz o apóstolo Paulo: "Aquilo que o homem semear, isso também ceifará." Gálatas 6:7.
Por exemplo: Se o homem transgredir as leis sociais, ele poderá perder a liberdade. Se transgredir as leis das relações humanas, colherá inimizades. Se transgredir as leis de trânsito, poderá colher um acidente. SE TRANSGREDIR AS LEIS DE SAÚDE, COLHERÁ ENFERMIDADES. Se desafiar as leis físicas, como a lei da gravidade, irá cair ao solo e, dependendo da altura, poderá perder a vida. É interessante notar que Satanás tentou Jesus a transgredir exatamente essa lei. Levou-O ao pináculo do Templo e disse-Lhe: "Pula daqui! Deus irá Te proteger!" Mas Jesus Se recusou a fazer tal exibicionismo, deixando-nos essa preciosa lição. Deus não pode anular as leis que Ele próprio estabeleceu, porque senão o Universo viraria uma anarquia.
A lei da causalidade é uma das leis mais inflexíveis que existe. Plantou, colhe. A toda causa segue-se uma consequência. No entanto, os homens muitas vezes acionam as causas e esperam que Deus remova as consequências... Mas Deus dificilmente faz isso.
O homem pode até aceitar sofrer como consequência de seus erros. O que ele não admite é pagar pelos erros alheios. Você pode estar no seu direito e ser atropelado por um bêbado!!! É que nós fazemos parte de uma sociedade em que os erros de uns poucos, podem fazer toda a sociedade sofrer. Se o governo toma uma decisão errada, toda a Nação pode sofrer. Foram poucos os que decidiram a Segunda Guerra Mundial. E milhões de inocentes, que não escolheram a guerra sofreram os seus efeitos.
A vida moderna se tornou tão entrelaçada, tão interdependente, que o erro de uma pessoa-chave nessa sociedade, pode afetar milhares de pessoas. E o cristão, certamente, não está isento desse tipo de sofrimento.

3. Sofrimento causado por CATÁSTROFES NATURAIS. Jesus disse que antes do fim haveria fomes e terremotos em vários lugares (São Mateus 24:7). Os terremotos, furacões, raios, inundações, atingem uma pessoa sem lhe perguntar se é boa ou má. Não é verdade que atingem os maus e poupam os bons. Como também não é verdade que as pessoas atingidas estejam sendo castigadas.
Um crente, ao sair da igreja após o culto, foi atingido mortalmente por um raio. Alguns irmãos, muito piedosos, julgaram que ele devia ter algum pecado oculto em sua vida, já que o castigo veio de cima, de modo fulminante. Concluíram que isso só podia ser uma manifestação da ira divina.
Mas Deus não está punindo o pecado, agora. Um terremoto na Índia derrubou o prédio de uma missão e deixou em pé, ali perto, um prostíbulo. Na Birmânia, entretanto, um terremoto destruiu toda uma localidade, deixando intacta apenas a casa de um cristão. E isso foi considerado um ato especial da Providência. 6
Interessante: quando um cristão é poupado, numa catástrofe ou acidente, dizemos que houve um milagre divino. Mas quando um descrente é poupado, dizemos que "bicho ruim não morre!"
Se fosse possível provar que o cristão é sempre poupado, nos sofrimentos e calamidades, as multidões afluiriam às igrejas e aceitariam o cristianismo e sua proteção como se estivessem obtendo uma apólice de seguro. Com isso o cristianismo se degradaria, e também o cristão, pois ele não teria a disciplina necessária para viver num Universo regido por leis imparciais.
A Bíblia indica que Satanás tem poder para causar catástrofes, operando através dos elementos da Natureza. A experiência de Jó, que analisaremos no tópico seguinte, deixa claro que Satanás foi quem fez se levantar um "grande vento da banda do deserto, e deu nos quatro cantos da casa, a qual caiu sobre eles (os filhos de Jó) e morreram". Jó 1:19.
Por trás dos violentos furacões, tempestades, inundações, maremotos, terremotos, está a mão de Satanás. E à medida que nos aproximamos do final da história deste mundo, podemos esperar que essas calamidades não apenas cresçam de intensidade, mas que também se tornem mais frequentes. Diz o Apocalipse: "Ai da terra e do mar, pois o diabo desceu até vós, cheio de grande cólera, sabendo que pouco tempo lhe resta." Quanto menos tempo ele tem, maior a sua ira. E quanto mais ira, mais destruição.
É interessante observar, por exemplo, o aumento na frequência dos terremotos. Veja a tabela seguinte:


4. Sofrimento POR CAUSA DA JUSTIÇA. Jesus disse: "Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça." São Mateus 5:10.
O caso de Jó é uma boa ilustração desse facto. É o pior caso de sofrimento mencionado na Bíblia. E porque sofreu Jó? Por causa de algum pecado? Isso era o que os seus três amigos pensavam. Foram vê-lo a fim de consolá-lo e acabaram acusando-o. Diz o papa João Paulo II: "Dir-se-ia que os velhos amigos de Jó querem não só convencê-lo da justeza moral do mal, mas, de algum modo, procuram defender, aos seus próprios olhos, o sentido moral do sofrimento. Este, a seu ver, pode ter sentido somente como pena pelo pecado; e portanto, exclusivamente no plano da justiça de Deus, que paga o bem com o bem e o mal com o mal." 7
No entanto, a história de Jó revela claramente que por trás de todo o seu sofrimento estava a atuação de Satanás, arrebatando-lhe as posses, os filhos e a saúde. Se Deus lho permitisse, ele teria também tirado a vida de Jó.
Satanás dissera a Deus que Jó só O servia por interesse. Deus, porém, tinha certeza de que Jó O servia por amor. Como Satanás duvidasse, Deus lhe permitiu afligir a Jó. A provação foi dura, mas valeu. Satanás foi derrotado.
E o melhor veio depois. Quando Jó orava pelos seus amigos, Deus mudou-lhe a sua sorte e deu-lhe o dobro de tudo o que antes possuíra. E outros dez filhos. O Sofrimento dos Mártires pode pertencer a este grupo, como também o do homem cego, que foi curado, conforme se acha registado em São João 9:3: "Para que se manifestem nele as obras de Deus".
Nós estamos no meio desse fogo cruzado entre Cristo e Satanás, e podemos ficar feridos. É o risco que todos nós corremos, desde que o homem (Adão e Eva) entregou a Satanás, de presente, o domínio da Terra.

5. Sofrimento PARA DISCIPLINAR. Aqui nós temos mais uma demonstração do amor de Deus: "O Senhor corrige a quem ama, e açoita a todo filho a quem recebe... pois, que filho há a quem o pai não corrige?" Hebreus 12:6-8. "Eu repreendo e disciplino a quantos amo." Apocalipse 3:19. Nascemos com tendência para o pecado, e de vez em quando precisamos de uma reprimenda, a qual, às vezes, toma a forma de sofrimento. A experiência de Saulo, na estrada de Damasco, seguida de três dias de jejum e cegueira, e talvez de visão deficiente para o resto da vida, poderão também pertencer a este grupo.

6. Sofrimento relacionado com PECADOS GRAVES E ESPECÍFICOS. Alguns exemplos, notadamente no Velho Testamento, não parecem deixar dúvida de que a transgressão foi punida exemplarmente por Deus. Nadab e Abiú eram sacerdotes, trouxeram fogo estranho perante Deus e foram mortos. Uzá tocou a arca, desobedecendo à proibição divina, e foi fulminado. Davi mandou matar Urias para apossar-se de sua esposa, e então Deus, através do profeta Natã, mandou dizer-lhe que sobreviriam problemas de todo o tipo sobre ele, o seu reino, o seu povo, e sobre o bebé, o qual morreria. E tudo aconteceu conforme predito. (Ver II Samuel 12:7-19)
Já no Novo Testamento, temos os exemplos de Ananias e Safira, os quais pecaram contra o Espírito Santo e foram punidos exemplarmente. Herodes foi ferido por um anjo do Senhor, conforme relatado em Atos 12:23.
Mas esse tipo de sofrimento pode ser considerado raro, e talvez inexistente na era moderna. Através da História Deus já demonstrou claramente a Sua repulsa pelo pecado, e não precisa ficar multiplicando exemplos. Portanto, repetimos que não se deve dizer que Deus está punindo alguém que esteja sofrendo, porque ninguém sabe em que tipo de sofrimento está envolvido. Isso será sempre um teste para a sua fé.

PORQUÊ, SENHOR?

Muitas pessoas boas, tementes a Deus, têm a vida repentinamente abreviada ou mutilada, através de uma catástrofe, acidente ou doença, deixando no ar a pergunta: "Porquê, Senhor? Era um bom cristão, estava fazendo a Tua obra, e ainda tinha a vida pela frente. Por que ele, e não outro?"
Deus dificilmente responde a esta pergunta. Este é um mistério para o qual só teremos uma resposta definitiva na eternidade. Mas às vezes a vida nos dá algumas indicações. Vejamos a experiência de Fred Adams, missionário americano no México. Ele estava um dia trabalhando na construção de um galpão que abrigaria a marcenaria da escola, quando o telhado veio abaixo lançando-o no piso de concreto. A queda quebrou-lhe o pescoço deixando-o paralítico.
Até aquele instante a vida lhe sorrira. Estava casado com Diana havia seis anos e ambos desfrutavam a alegria de criar o seu filhinho de um ano e meio de idade. Havia aceite o convite para trabalhar como professor-missionário no México e se dedicava de coração a essa tarefa. Mas em apenas cinco segundos sua vida mudara completamente. A longa viagem de avião para o Centro Médico, Adventista, da Universidade de Loma Linda na Califórnia, foi seguida de uma cirurgia e cinco meses de reabilitação intensiva. Teria de encarar o futuro, agora, numa cadeira de rodas. Não havia qualquer esperança de voltar a andar, e nem mesmo de poder usar os seus dedos novamente.
Inúmeras vezes foi confrontado com a pergunta: "Porquê, Senhor? Estas coisas acontecem a outras pessoas... Mas a um missionário fazendo o trabalho de Deus? Oh, Deus, eu não consigo entender!" Entretanto, alguns meses após ter recebido alta do hospital, ocorreu algo que o ajudou a entender a situação um pouquinho melhor. Seu filhinho Daniel havia estado doente o dia todo, e não conseguia segurar qualquer alimento ou líquidos no estômago. À tardinha ele se achava debilitado e com muita sede. O pediatra, porém, havia recomendado que os pais esperassem duas horas após Daniel ter tentado tomar algum líquido. Então ele poderia tomar duas colheres de água. Se não a devolvesse, poderia receber quantidades crescentes a cada meia hora.
Às sete horas da noite o garoto estava com muita sede e pedia algo para beber. Os pais sentiam agonia por verem o menino choramingar pedindo água e terem de negá-la. Como pais amorosos, eles queriam explicar-lhe a situação: ele receberia a água mais tarde. Eles o estavam fazendo esperar porque esse era o melhor caminho. Se lhe dessem água agora, isso iria lhe fazer mais mal do que bem. Mas Daniel era pequeno demais para entender o problema.
Durante esses longos e agonizantes momentos, Fred pensou em sua própria situação. Todos os dias ele suplicava a Deus que o curasse, devolvendo-lhe o corpo sadio que sempre tivera. De repente, ele teve a percepção de que Deus estava sofrendo com ele e com as demais pessoas que sofrem. Quase podia sentir os Seus amorosos braços circundando-o e apertando-o contra o Seu peito. Parecia ver grossas lágrimas escorrendo-Lhe pela face, enquanto dizia: "Fred, Eu o amo muito mais do que você pode compreender. Eu tenho poder, e posso curá-lo, mas este ainda não é o momento certo. Meu querido filho, Eu sinto muito ter de permitir que isto lhe aconteça. Se houvesse uma maneira melhor, Eu o pouparia desse sofrimento. Não tenha dúvida quanto a isto! Mas preciso deixar que Satanás demonstre as suas obras diante do Universo. Todos devem testemunhar os resultados da sua administração na Terra. Você, portanto, está cumprindo o mais elevado propósito de sua existência: defender a Minha bondade perante o Universo! Quando os demais seres criados virem como o pecado destrói o que é belo, causando apenas sofrimento e morte, ninguém jamais irá questionar a Minha soberania. O seu sofrimento, Fred, poupará bilhões de criaturas de passarem pela mesma agonia. Em breve Satanás e seus seguidores serão eternamente destruídos, e então tudo voltará a ser como antes: felicidade completa. Apenas tenha um pouco de paciência até que tudo termine!" 8
Naquela mesma noite o pequeno Daniel pôde saciar a sua sede, e na manhã seguinte estava bem melhor. E da mesma maneira como Daniel foi curado, Deus pode também curar a todo aquele que sofre. Mas se Ele não o fizer agora, fará quando Jesus voltar. É só uma questão de tempo! Logo Jesus voltará e porá fim à dor, conforme a promessa feita em Apocalipse 21:3 e 4 - "Deus habitará com eles. Eles serão povos de Deus e Deus mesmo estará com eles. E lhes enxugará dos olhos toda a lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas já passaram."

PORTANTO,  AGUENTE  FIRME!  VALE  A  PENA  ESPERAR!

Referências
1. Yancey, Philip. Deus Sabe Que Sofremos. Editora Vida, págs. 8-ll.
2. Hegstad, Roland R. Who Causes Man's Suffering? Review and Herald Publishing Association, Hagerstown, MD, EUA, 1965.
3. White, Ellen G. O Desejado de Todas as Nações. Casa Publicadora Brasileira, 1990, pág. 471.
4. Comentário Bíblico Adventista Del Septimo Dia, Pacific Press Publishing Association, Mountain View, California, EUA, vol. 2, pág. 959.
5. Endruveit, Wilson H. Movimento Carismático. Instituto Adventista de Ensino, 1976, pág. 55.
6. Jones, E. Stanley. Cristo e o Sofrimento Humano. Editora Vida, 1991, págs. 18 e 19.
7. João Paulo II. O Sentido Cristão do Sofrimento Humano. Editora Vozes, Petrópolis, 1984, pág. 16.
8. Why? Fred Adams. Adventist Review, March 22, 1990, págs. 12 e 13.

"Prezado leitor: Se você gostou desta leitura, recomende-a a outros. Lembre-se de que 'livro é presente de amigo'."
Rubem M. Scheffel, Pastor e Escritor, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, São Paulo