quarta-feira, 12 de agosto de 2015


BIOGRAFIAS BÍBLICAS / A BÍBLIA COMO AGENTE EDUCADOR

"Os quais pela fé venceram reinos,
praticaram a justiça,
da fraqueza tiraram forças.
"

         Para fins educativos, nenhuma parte da Bíblia é de maior valor do que as suas biografias. Estas diferem de todas as outras, visto serem absolutamente fiéis. É impossível a qualquer espírito finito interpretar corretamente, em tudo, os feitos de outrem. Ninguém, a não ser Aquele que lê o coração, que pode divisar a fonte secreta dos intuitos e das ações, poderá com verdade absoluta delinear o caráter, ou dar uma descrição fiel de uma vida humana. Unicamente na Palavra de Deus se encontra tal esboço biográfico.
         Nenhuma verdade a Bíblia ensina mais claramente do que aquela segundo a qual o que fazemos é o resultado do que somos. Em grande parte, as experiências da vida são o fruto de nossos próprios pensamentos e ações.
         "A maldição sem causa não virá" (Provérbios 26:2).
         "Dizei aos justos que bem lhes irá. ... Ai do ímpio! mal lhe irá: porque a recompensa de Suas mãos se lhe dará." (Isaías 3:10, 11).
         "Ouve tu, ó Terra! Eis que Eu trarei mal sobre este povo, o próprio fruto de seus pensamentos." (Jeremias 6:19)
         Terrível é esta verdade, e profundamente deve ela ser gravada em nosso espírito. Cada ação se reflete sobre aquele que a pratica. Jamais um ser humano pode deixar de reconhecer, nos males que lhe infelicitam a vida, os frutos daquilo que ele próprio semeou.

Contudo, Mesmo Assim, Não Nos Achamos Sem Esperança.

Para adquirir o direito de primogenitura que já lhe pertencia pela promessa de Deus, Jacó recorreu à fraude, e colheu os frutos do ódio de seu irmão. Durante vinte anos de exílio foi ele próprio lesado e defraudado, e finalmente forçado a procurar segurança na fuga; e colheu uma segunda messe, visto que as falhas de seu próprio caráter foram vistas a reproduzir-se em seus filhos, sendo que tudo isto nada mais era senão um fidelíssimo quadro das retribuições da vida humana.
Deus, porém, diz: "Não quero estar para sempre a acusar, nem ficar eternamente irado porque, de contrário, destruiria o sopro de vida de todos quantos criei. A maldade de Israel fez com que Eu Me irritasse; na Minha irritação castiguei-o e não o queria mais ver. Ele afastou-se para seguir o seu caminho preferido. Conheço bem os seus caminhos; mas hei de curá-lo, guiá-lo e reconfortá-lo. Aos que estão em luto porei nos seus lábios este cântico: 'Paz! Paz, para os de longe e para os de perto!'" (Isaías 57:16-19.)
Jacó, em sua angústia, não desesperou. Havia-se arrependido e se esforçara por expiar a falta cometida para com seu irmão. E ao ser pela ira de Esaú ameaçado de morte, procurou o auxílio de Deus. "Lutou com o anjo, e prevaleceu; chorou e lhe suplicou." "E abençoou-o ali." (Oseias 12:4; Génesis 32:29). Na força de Seu poder o que fora perdoado levantou-se, não mais como o suplantador, mas como príncipe diante de Deus. Não ganhara simplesmente o livramento de seu irmão ofendido, mas o seu próprio. Quebrara-se o poder do mal em sua própria natureza; havia-se-lhe transformado o caráter.
Ao crepúsculo houve luz. Jacó, revendo a história de sua vida, reconheceu o poder mantenedor de Deus - Aquele "Deus que me sustentou desde que eu nasci até este dia; o Anjo que me livrou de todo o mal." (Génesis 48:15, 16)
A mesma experiência se repete na história dos filhos de Jacó: o pecado operando a retribuição, e o arrependimento produzindo fruto de justiça para a vida.

Deus não anula as Suas leis. Ele não age contrariamente às mesmas. Não desfaz a obra do pecado, mas Ele transforma. Mediante Sua graça a maldição resulta em bênçãos.

Dos filhos de Jacó, Levi foi um dos mais cruéis e vingativos, um dos mais culpados no traiçoeiro assassínio dos siquemitas. As características de Levi, refletindo-se nos seus descendentes, acarretaram-lhes o decreto de Deus: "Eu os dividirei em Jacó, e os espalharei em Israel." (Génesis 49:7). O arrependimento, porém, operou a reforma; e pela sua fidelidade para com Deus no meio da apostasia de outras tribos, a maldição se transformara num sinal da mais alta honra.
"O Senhor separou a tribo de Levi, para levar a arca do concerto do Senhor, para estar diante do Senhor, para O servir, e para abençoar em Seu nome." "Meu concerto com ele foi de vida e de paz, e lhas dei (as bênçãos) para que Me temesse, e Me temeu. ... Andou Comigo em paz e em retidão, e apartou a muitos da iniquidade." (Deuteronómio 10:8; Malaquias 2:5, 6)
Os que foram designados para ministros do santuário, os levitas, não receberam herança em terras; habitavam juntos em cidades separadas para o seu uso, e recebiam o seu sustento dos dízimos, donativos e ofertas dedicados ao serviço de Deus. Eram os ensinadores da povo, hóspedes em todas as suas festividades, e em toda a parte honrados como os servos e representantes de Deus. À nação toda fora dada esta ordem: "Guarda-te, que não desampares ao levita todos os teus dias na terra." "Levi com seus irmãos não têm parte na herança: o Senhor é a sua herança." (Deuteronómio 12:19; 10:9).

À CONQUISTA, PELA FÉ

A verdade de que a homem "é tal quais são os seus pensamentos" (Provérbios 23:7, Trad. Bras.), encontra outra ilustração na experiência de Israel. Nas fronteiras de Canaã, os espias, ao voltarem de pesquisar o país, apresentaram o seu relatório. A beleza e fertilidade da terra foram perdidas de vista pelos receios das dificuldades que obstavam à sua ocupação. As cidades muradas até ao céu, os gigantes guerreiros, os carros de ferro, faziam desfalecer-se-lhes a fé. Não tomando a Deus em conta, a multidão ecoou a decisão dos espias descrentes: "Não poderemos subir contra aquele povo, porque é mais forte do que nós." (Números 13:31). Suas palavras mostraram-se verdadeiras. Não eram capazes de avançar, e despenderam a vida no deserto.
Entretanto, dois dentre os doze que examinaram a terra, raciocinavam de modo diverso. "Certamente prevaleceremos contra ela!" (Números 13:30) - insistiam eles, considerando a promessa de Deus superior a gigantes, cidades muradas e carros de ferro. Para eles a Sua palavra era verdadeira. Posto que participassem com seus irmãos da peregrinação de quarenta anos, Calebe e Josué entraram na terra da promessa. Tão animoso de coração como quando com as hostes do Senhor saíra do Egito, Calebe pediu e recebeu como seu quinhão a fortaleza dos gigantes. Na força divina expulsou os cananeus. Os vinhedos e olivais onde haviam pisado os seus pés, tornaram-se sua possessão. Ao passo que os covardes e rebeldes pereceram no deserto, os homens de fé comeram das uvas de Escol.

Verdade alguma apresenta a Bíblia em mais clara luz do que haver perigo em nos desviarmos do que é reto uma única vez que seja, perigo este tanto para o que faz o mal como para todos os que são atingidos pela influência do mesmo. O exemplo tem uma força maravilhosa; e quando posto do lado das más tendências da nossa natureza, torna-se quase irresistível.
O mais forte baluarte do vício no nosso mundo não é a vida iníqua do pecador declarado ou do degradado proscrito; é a vida que parece virtuosa, honrada e nobre, mas em que se alimenta um pecado ou se acaricia um vício. Para a alma que se acha lutando secretamente contra alguma enorme tentação, tremendo nas bordas mesmo do precipício, tal exemplo é um dos mais poderosos incentivos ao pecado. Aquele que, dotado de altas concepções da vida, verdade e honra, transgride, não obstante, voluntariamente um preceito da santa lei de Deus, perverte seus nobres dons, tornando-os chamarizes ao pecado. Génio, talento, simpatia, mesmo ações generosas e benévolas, podem assim tornar-se engodos de Satanás para levar almas ao precipício da ruína.
Aí está porque Deus deu tantos exemplos, apresentando os resultados de mesmo um só ato errado. Desde a triste história daquele único pecado que trouxe ao mundo a morte e nossas desgraças todas, juntamente com a perda do Éden, até o relato que há daquele que por trinta moedas de prata vendeu o Senhor da glória, a biografia bíblica está repleta destes exemplos, ali colocados como faróis de advertência nos atalhos que desviam do caminho da vida.
Há também advertência em notarmos os resultados que se seguiram quando, mesmo uma única vez, alguém cedeu à fraqueza e erro humano - o fruto de abandonar a fé.
Em virtude de uma falha de sua fé, Elias interrompeu a obra da sua vida. Pesado fora o encargo que havia enfrentado em prol de Israel; fiéis tinham sido suas admoestações contra a idolatria nacional; e profunda foi sua solicitude quando durante três anos e meio de fome vigiara e observara à espera de algum indício de arrependimento. Ele sozinho permaneceu do lado de Deus no monte Carmelo. Pelo poder da fé, a idolatria foi derribada, e abençoada chuva testificou dos aguaceiros de bênçãos que aguardavam o momento de serem derramados sobre Israel. Então em seu cansaço e fraqueza Elias fugiu de diante das ameaças de Jezabel, e sozinho no deserto pediu a morte. Falhara sua fé. A obra que tinha começado, não deveria ele terminar. Deus lhe ordenou ungir outro para ser profeta em seu lugar.
Mas Deus havia notado o sincero serviço do Seu servo. Elias não devia perecer em desânimo e na solidão do deserto. Não lhe caberia descer ao túmulo, mas ascender com os anjos de Deus para a presença da Sua glória.
Estes registos biográficos declaram o que todo o ser humano um dia compreenderá, a saber: que o pecado só poderá acarretar vergonha e perdas; que a incredulidade significa fracasso; mas que a misericórdia de Deus atinge as maiores profundezas, e que a fé ergue a alma penitente para participar da adoção de filhos de Deus.

A DISCIPLINA DO SOFRIMENTO


Todos os que neste mundo prestam verdadeiro serviço a Deus e ao homem, recebem um preparo prévio na escola das aflições. Quanto mais pesado for o encargo e mais elevado o serviço, maior será a prova e mais severa a disciplina. Estudai as experiências de José e Moisés, de Daniel e Davi. Comparai o princípio da história de Davi com a de Salomão, e considerai os resultados.

Davi, em sua juventude esteve intimamente ligado a Saul, e sua permanência na corte e ligação com a casa do rei deram-lhe profundo conhecimento dos cuidados, tristezas e perplexidades ocultas pelo esplendor e pompa da realeza. Viu de quão pouca valia é a glória humana para trazer paz à alma. E foi com alívio e satisfação que da corte real voltou aos apriscos e rebanhos.

Quando, compelido pelos zelos de Saul era um fugitivo no deserto, Davi, privado do apoio humano, amparou-se mais pesadamente em Deus. A incerteza e desassossego da vida no deserto e seus incessantes perigos, a necessidade de fugas frequentes, o caráter dos homens que a ele se reuniam: "todo o homem que se achava em aperto, e todo o homem endividado, e todo o homem de espírito desgostoso" (I Samuel 22:2) - tudo isto tornava muito necessária uma severa disciplina própria. Estas experiências despertaram e desenvolveram capacidade para lidar com os homens, simpatia para com os oprimidos e ódio à injustiça. Durante anos de expectativa e perigo, Davi aprendeu a encontrar em Deus conforto, apoio e vida. Aprendeu que unicamente pelo poder de Deus ele poderia subir ao trono; unicamente pela Sua sabedoria poderia governar sabiamente.
Foi mediante o preparo na escola das agruras e tristezas que Davi se habilitou a declarar que "governava o seu povo com justiça e retidão" (II Samuel 8:15) não obstante mais tarde seu grande pecado lhe deslustrasse o feito.

A disciplina da experiência inicial de Davi faltava a Salomão. Pelas circunstâncias, pelo caráter e pela vida parecia mais favorecido do que todos. Nobre na juventude, nobre na varonilidade, amado por seu Deus, Salomão iniciou um reinado que dava altas promessas de prosperidade e honra. Nações maravilhavam-se do saber e conhecimentos do homem a quem Deus havia dado sabedoria. Mas o orgulho da prosperidade trouxera a separação de Deus. Da alegria da comunhão divina, Salomão desviou-se para encontrar satisfação nos prazeres dos sentidos. Diz ele desta experiência:
"Fiz para mim obras magníficas: edifiquei para mim casas; plantei para mim vinhas. Fiz para mim hortas e jardins. ... Adquiri servos e servas. ... Amontoei também para mim prata e ouro, e jóias de reis e das províncias; provi-me de cantores e cantoras, e das delícias dos filhos dos homens, e de instrumentos de música de toda a sorte. E engrandeci-me, e aumentei mais do que todos os que houve antes de mim em Jerusalém. ... E tudo quanto desejaram meus olhos não lho neguei, nem privei meu coração de alegria alguma; mas o meu coração se alegrou por todo o meu trabalho. ... E olhei eu para todas as obras que fizeram minhas mãos, como também para o trabalho que eu, trabalhando, tinha feito, e eis que tudo era vaidade e aflição de espírito, e que proveito nenhum havia debaixo do Sol. Então passei à contemplação da sabedoria, e dos desvarios, e da doidice; porque, que fará o homem que seguir ao rei? O mesmo que outros já fizeram.
"Aborreci esta vida. ... Também eu aborreci todo o meu trabalho, em que trabalhei debaixo do Sol" (Eclesiastes 2:4-12, 17 e 18).
Por sua própria amarga experiência, Salomão aprendeu como é vazia uma vida que busca nas coisas terrenas seu mais elevado bem. Erigiu altares aos deuses gentílicos, unicamente para aprender quão vã é sua promessa de descanso para a alma.
Em seus anos posteriores, tornando-se cansado e sedento nas rotas cisternas da Terra, Salomão voltou a beber da fonte da vida. A história de seus anos desperdiçados, com suas lições de advertência, ele, pelo Espírito de inspiração, registou para as gerações posteriores. E assim, conquanto a semente que semeara fosse colhida por seu povo em uma messe de males, a obra realizada na vida de Salomão não foi inteiramente perdida. Para ele, finalmente, a disciplina do sofrimento cumpriu sua obra.
E com semelhante alvorecer da vida, quão glorioso poderia ter sido o dia da mesma, se houvesse Salomão em sua mocidade aprendido a lição que o sofrimento ensinara na vida de outros!

A PROVAÇÃO DE JÓ

Para os que amam a Deus, que "são chamados por Seu decreto" (Romanos 8:8), a biografia bíblica tem uma lição ainda mais elevada do préstimo da tristeza.
"Vós sois as Minhas testemunhas, diz o Senhor; Eu sou Deus." (Isaías 43:12) - testemunhas de que Ele é bom, e de que a Sua bondade é suprema. "Somos feitos espetáculo ao mundo, aos anjos e aos homens." (I Coríntios 4:9).
A abnegação, que é o princípio do reino de Deus, é o princípio que Satanás odeia; ele nega até a existência do mesmo. Desde o início do grande conflito tem-se ele esforçado por provar que os princípios pelos quais Deus age são egoístas, e da mesma maneira ele considera a todos os que servem a Deus. A obra de Cristo e a de todos os que adotam o Seu nome, tem por fim refutar esta pretensão de Satanás.
Foi para dar com Sua própria vida um exemplo de abnegação, que Jesus veio em forma de humanidade. Todos os que aceitam este princípio devem ser coobreiros Seus e demonstrar na vida prática esse princípio. Escolher o que é reto porque é reto, estar pela verdade ainda que isto importe no sofrimento e sacrifício - "esta é a herança dos servos do Senhor, e a Sua justiça que vem de Mim, diz o Senhor." (Isaías 54:17).

Muito cedo na história deste mundo, apresenta-se-nos o relato da vida de alguém, sobre o qual se desencadeou essa guerra de Satanás.
A respeito de Jó, o patriarca de Uz, o testemunho dAquele que pesquisa os corações, foi: "Ninguém há na terra semelhante a ele, homem sincero e reto, temente a Deus, e desviando-se do mal."

Contra este homem Satanás apresentou uma insolente acusação: "Teme Jó a Deus debalde? Porventura não o cercaste Tu de bens a ele, e a sua casa, e a tudo quanto tem? ... Estende a Tua mão, e toca-lhe em tudo quanto tem." ... "Toca-lhe nos ossos e na carne, e verás se não blasfema de Ti na Tua face!"
O Senhor disse a Satanás: "Tudo quanto tem está na tua mão." "Eis que ele está na tua mão, poupa, porém, a sua vida."
Permitido isto, Satanás destruiu tudo quanto Jó possuía: manadas, rebanhos, servos e servas, filhos e filhas; e ele "feriu a Jó duma chaga maligna, desde a planta do pé até o alto da cabeça." (Jó 1:8-12; 2:5-7).
Ainda outro elemento de amargura lhe foi acrescentado na taça. Seus amigos, não vendo naquela adversidade senão a retribuição do pecado, oprimiam-no com acusações de delitos o espírito ferido e sobrecarregado.
Aparentemente abandonado do Céu e da Terra, não obstante conservando firme sua fé em Deus e a consciência de sua integridade, exclamava, angustiado e perplexo:

"A minha alma tem tédio da minha vida. Oxalá me escondesses na sepultura,
E me ocultasses até que Tua ira se desviasse; e me pusesses um limite, e Te lembrasses de mim!" (Jó 10:1; 14:13)
"Eis que clamo: Violência! mas não sou ouvido; Grito: Socorro! mas não há justiça. ...
Da minha honra me despojou; e tirou-me a coroa da minha cabeça. ...
Os meus parentes me deixaram, e os meus conhecidos se esqueceram de mim. ...
Os que eu amava se tornaram contra mim. ...
Compadecei-vos de mim, amigos meus, compadecei-vos de mim, porque a mão de Deus me tocou."
"Ah se eu soubesse que O poderia achar! Então me chegaria a Seu tribunal. ...
Eis que se me adianto, ali não está; se torno para trás, não O percebo.
Se opera à mão esquerda, não O vejo; encobre-Se à mão direita, e não O diviso.
Mas Ele sabe o meu caminho; prove-me, e sairei como o ouro."

"Ainda que Ele me mate, nEle esperarei."
"Eu sei que o meu Redentor vive, e que por fim Se levantará sobre a terra,
E depois de consumida minha pele, ainda em minha carne verei a Deus.
Vê-Lo-ei por mim mesmo, e os meus olhos, e não outros, O verão."

(Jó 19:7-21; 23:3-10; 23:15; 19:27)

Foi feito a Jó de acordo com sua fé.
"Prove-me," disse ele, "e sairei como o ouro." (Jó 23:10).
Assim foi. Por sua paciente persistência reividicou seu próprio caráter, e bem assim o dAquele de Quem ele era representante. E "o Senhor virou o cativeiro de Jó, ... e o Senhor acrescentou a Jó outro tanto em dobro a tudo quanto dantes possuía. ... E assim abençoou o Senhor o último estado de Jó mais do que o primeiro." (Jó 42:10-12).


No relatório daqueles que mediante a abnegação entraram na comunhão dos sofrimentos de Cristo, acham-se os nomes de Jónatas e de João Batista, aquele no Velho Testamento e este no Novo.

Jónatas - por nascimento herdeiro do trono e não obstante ciente de que fora posto de lado pelo decreto divino; o mais amável e fiel amigo de seu rival Davi, cuja vida ele escudava com perigo da sua própria; firme ao lado do pai através dos tenebrosos dias de seu poder em declínio, e a seu lado tombando, ele mesmo, finalmente - acha-se o seu nome guardado como tesouro nos Céus, e na Terra permanece como um testemunho da existência e do poder do amor abnegado.

João Batista abalou a nação, por ocasião de seu aparecimento, na qualidade de arauto do Messias. De uma para outra parte seus passos eram seguidos por vastas multidões constituídas de pessoas de todas as classes e condições. Mas quando chegou Aquele de Quem ele dera testemunho, tudo se mudou. As multidões acompanharam a Jesus, e a obra de João parecia encerrar-se rapidamente. Contudo não houve vacilação na sua fé. "É necessário," disse ele, "que Ele cresça e que eu diminua." (S. João 3:30).
Passou-se o tempo, e o reino que João confiantemente esperara não se estabeleceu. No calabouço de Herodes, separado do ar vivificante e da liberdade do deserto, ele aguardava e vigiava. Não houve exibição e armas, nem despedaçamento de portas de prisões; mas a cura de enfermos, a pregação do evangelho, o erguimento das almas humanas testificavam da missão de Cristo.
Sozinho no calabouço, vendo onde ia terminar o seu caminho e o de seu Mestre, João aceitara este encargo - a comunhão com Cristo no sacrifício. Mensageiros celestiais assistiram-no até ao túmulo. Os seres do universo, caídos ou não, testemunharam a reivindicação do serviço abnegado, feita por ele.
Em todas as gerações que se têm passado desde então, almas sofredoras têm sido amparadas pelo testemunho da vida de João. Na masmorra, no patíbulo, nas chamas, homens e mulheres, no decorrer dos séculos de trevas, têm sido fortalecidos pela memória daquele de quem Cristo declarou: "Entre os que de mulher têm nascido, não apareceu alguém maior do que João Batista." (S. Mateus 11:11).


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"E que mais direi? Faltar-me-ia o tempo contando de Gideão, e de Baraque, e de Sansão, e de Jefté (imagem com ele e a juíza israelita Débora - E.E.), ... e de Samuel, e dos profetas: os quais pela fé venceram reinos, praticaram a justiça, alcançaram promessas, fecharam as bocas dos leões, apagaram a força do fogo, escaparam do fio da espada, da fraqueza tiraram forças, na batalha se esforçaram, puseram em fuga os exércitos dos estranhos.

"As mulheres receberam, pela ressurreição, os seus mortos; uns foram torturados, não aceitando o seu livramento, para alcançarem uma melhor ressurreição; e os outros experimentaram escárnios e açoites, e até cadeias e prisões. Foram apedrejados, serrados, tentados, mortos ao fio da espada; andaram vestidos de peles de ovelhas e de cabras, desamparados, aflitos e maltratados (dos quais o mundo não era digno), errantes pelos desertos e montes, e pelas covas e cavernas da terra.

"E todos estes, tendo tido testemunho pela fé, não alcançaram a promessa: provendo Deus alguma coisa melhor a nosso respeito, para que eles sem nós não fossem aperfeiçoados." (Hebreus 11:32-40)

Ellen G. White in Educação, Casa Publicadora Brasileira, 1977.


"AOS PAIS, PROFESSORES E ESTUDANTES, todos alunos na escola preparatória da Terra, é dedicado este livro. Oxalá os ajude a conseguir os maiores benefícios, desenvolvimento e gozo da vida no serviço aqui, e assim a habilitação para aquele serviço mais amplo, o 'curso superior', aberto a todo ser humano na escola do além." E.W.

"Para que nossos filhos sejam como plantas, bem desenvolvidos na sua mocidade; para que as nossas filhas sejam como pedras de esquina lavradas, como colunas de uma palácio." E.W.

"Refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória." II Coríntios 3:18.

"Respeitar o Senhor é a verdadeira sabedoria; conhecer o Deus santo é ter entendimento." Provérbios 9:10 (T.I.P.C.).