sábado, 23 de janeiro de 2016

DIA MUNDIAL DA LIBERDADE

Ética Cristã: Ainda Vale?


         Moody gostava de contar uma história relacionada com o Dr. William Arnot, pregador escocês que perdeu a mãe quando era bem pequeno. Ele tinha vários irmãos e irmãs, e todos sentiam muita falta da ternura da mãe, pois achavam que o pai era severo e rigoroso porque estabelecia certas regras. Uma regra era que as crianças não deviam subir em árvores. Outros meninos das redondezas contaram-lhes, porém, algumas coisas maravilhosas que podiam ser vistas do alto das árvores.
         Um dia, enquanto o pai estava lendo o jornal, um dos meninos da família Arnot disse:
         - Vamos fugir e subir numa árvore do terreno que fica lá em baixo.
         Um dos garotos permaneceu num lugar elevado, a fim de avisar os outros quando o pai se aproximasse. No momento em que seu irmão chegou ao primeiro galho, ele lhe perguntou:
         - O que estás vendo?
         - Não estou vendo nada!
         - Então sobe mais; tu ainda não subiste o suficiente!
         O menino subiu o máximo que pôde, mas escorregou e caiu, e quebrou a perna. O pequeno William procurou levar o irmão para casa, mas não conseguiu. Teve de contar ao pai o que havia acontecido. Estava com medo, pensando que o pai ficaria furioso.
         O pai atirou o jornal num canto, correu até ao local do acidente, pôs o filho nos braços e levou-o para casa. Então mandou chamar o médico.
         William Arnot teve assim um novo conceito do pai. Ficou sabendo por que o pai estabelecera regras: para proteger os filhos. Quando um deles se feriu, nem mesmo a mãe poderia ter sido mais bondosa.

SUBINDO NA ÁRVORE
O homem moderno, de um modo geral, não gosta de normas e regras. A vida já está difícil demais: problemas financeiros, dificuldades no trabalho, questões de família, agitação da vida moderna, stress, etc. E por cima de tudo isso, regras e mais regras. Então a pessoa explode!
À semelhança do garoto William, muitos hoje querem subir na árvore da liberdade total. Querem uma vida sem amarras. Para que viver numa camisa-de-forças? Os tempos mudaram, dizem. Vivemos livres das coisas que, no passado, atrelavam o homem às implacáveis exigências da vida moral. Isso era uma verdadeira ditadura, acrescentam.
O facto de muitos "quebrarem a perna", não significa nada. Os adeptos de uma existência livre admitem que esses acidentes fazem parte do jogo da vida. Sempre há riscos. E, assim, continuam soltando as amarras.
No fundo, todos querem liberdade! E não há coisa mais bonita e necessária do que a liberdade! Mas existe um problema aí: Muitos confundem liberdade com liberdades. Lembra-se da diferença entre estas duas palavras? Liberdade é fazer o que convém; já liberdades é fazer o que "dá na telha"; é fazer o que se quer, não importam as consequências. Liberdades, como disse Mª Junqueira Schmidt, "são ensaios fora da ordem".
Por isso você nota muita coisa estranha por aí. Cada um vive como quer. E os acidentes se multiplicam. Uns, de natureza física; outros, de natureza moral e espiritual. E o saldo não é pequeno.
Já pensou numa cidade de grande movimento, sem sinais de trânsito nem policiamento? Os adeptos da liberdade total ficariam eufóricos... Mas por quanto tempo? Até que fossem para o hospital, ou para a "cidade dos pés-juntos". Pensemos, agora, no Universo como um todo. Estrelas, planetas, constelações, galáxias. Uma imensa "megalópole" de astros siderais! E imagine tudo isso sem leis e sem órbita, de uma hora para a outra! Seria um caos. Júpiter poderia colidir com Marte. Um planeta iria de encontro ao Sol. Que abraço caloroso!... E se duas galáxias dessem uma topada em algum ponto do espaço? Haveria uma pulverização de luz!
Graças a Deus, existe um esquema de segurança no Universo. Há leis para governar e manter o infinitamente grande, e há leis para sustentar o infinitamente pequeno. As leis asseguram a ordem, que é a primeira lei do Céu.

FORA DOS TRILHOS
Um trem está seguro enquanto está nos trilhos. Se um comboio acha que andar fora dos trilhos é viver em liberdade, acaba por encontrar o fim; mas jamais chegará ao fim da linha...
O fato de você estar lendo este modesto livro, demonstra duas coisas, pelo menos: que é paciente... e, ao mesmo tempo, gosta de lidar com coisas sérias, mesmo que sejam veiculadas de modo singelo. Por essas razões, creio seguramente que você é um defensor da ordem; um paladino da ética. Dentro dessa maneira de ver as coisas, você deve estar estupefacto com as consequências do comportamento permissivo dos nossos dias.
Lares desfeitos, brigas entre cônjuges, desquites, divórcios, uso de drogas, alcoolismo, aberrações sexuais - tudo isso fala que algo não está funcionando bem. Perdeu-se a rota, não existe respeito a normas e princípios. Mas alguns admitem que, mesmo tendo que enfrentar tais consequências, ainda vale e pena viver "em liberdade".
O mundo está fora dos trilhos. Não se trata de pessimismo doentio. Os jornais e revistas expressam o grau de permissividade desta geração. E quanta empresa jornalística não está rica em virtude do sensacionalismo criado em cima de atitudes e comportamentos fora da ordem! A desgraça de uns representa o meio de enriquecimento de outros.

ÉTICA SITUACIONAL
A ética que impera em nossos dias, é a situacional. Não há valores absolutos para essa ética. Poderíamos chamá-la de ética de conveniência, para a qual não existem parâmetros rígidos e imutáveis. As suas "normas" variam de acordo com as circunstâncias; daí a expressão "ética situacional". Assim, o que era condenável ontem, pode ser aceite hoje. Dependendo das circunstâncias, a postura ética varia. E há momentos em que, para as pessoas menos informadas, essa ética chega a convencer. Mostra-se "humana" e solidária. Mas, por detrás de tudo, há uma tendência para acomodar as coisas. Tal enfoque se torna uma tragédia quando os interesses pessoais são ditados pela força e pelo abuso do poder. Então se cumprem as palavras: "Os fins justificam os meios".
Você já ouviu falar na questão do aborto (veja em Links 4LS). Para os adeptos da ética situacional, não há maiores problemas, a não ser enfrentar a oposição da ala conservadora. E existem muitos outros assuntos que, à luz dessa ética, passam pela catraca sem pagar o bilhete de passagem.

LEI DA LIBERDADE
Assim como Deus estabeleceu leis para governarem o Universo físico, fixou também normas e princípios para governarem a vida moral e espiritual dos seres humanos. Ora, toda a pessoa de bom senso admite a obrigatoriedade das leis físicas, sob pena de haver um colapso no Universo. Por que não admitir que, em relação com o homem - a coroa da Criação -, é indispensável um conjunto de normas para proporcionar-lhe segurança e bem-estar?
O Criador preestabeleceu parâmetros para a conduta de Seus filhos. Normas e princípios foram fixados para manter o homem na "órbita" da vida moral e espiritual. Mas, como já vimos no capítulo 14, houve - para a infelicidade deste planeta - um desvio de rota: nossos primeiros pais procuraram a liberdade onde esta não se encontrava. E assim, perderam a liberdade que era a razão de sua segurança e ventura. O inimigo prometeu-lhes mundos e fundos. Mas, ao final, só desgraça lhes sobreveio. Em busca da liberdade com que sonhavam, tornaram-se escravos do erro. A lei, que antes era uma representação ou norma de seu caráter puro, tornou-se agora uma acusadora de seus erros e faltas.

Toda a lei coerente significa liberdade. Pense, por exemplo, nas leis de trânsito. Se você respeita todos os sinais, essas leis não têm nada de que acusá-lo. Você está livre. Além de estar livre, está seguro. Quando porém, você passa um sinal vermelho, o guarda aparece e o multa. Você se torna devedor, ou escravo da lei.
O mesmo acontece nas esferas moral e espiritual. A liberdade é assegurada quando se está dentro da ordem. As Escrituras Sagradas afirmam que a lei de Deus é a LEI DA LIBERDADE. "Falai de tal maneira, e de tal maneira procedei, como aqueles que hão de ser julgados pela lei da liberdade." S. Tiago 2:12. O transgressor não vê nem sente a dimensão da liberdade na lei, pois é réu de juízo. Já o justo não tem nada de que possa ser acusado. Passa pela lei de cabeça erguida. Mas a lei não representa liberdade só pelo fato de a pessoa estar andando em retidão. Essa liberdade inclui também os benefícios de uma vida em harmonia com a vontade divina.

Essa sintonia com a vontade de Deus traz paz à alma. É REMÉDIO para o espírito, e também alegria e deleite. Disse o salmista: "Agrada-me fazer a Tua vontade, ó Deus meu; dentro em meu coração está a Tua lei." Salmo 40:8. A intimidade com a lei proporciona esse deleite.



CÓDIGO DIVINO
Por favor, não pense que a lei a que me refiro é coisa do passado. Existe por aí um conceito equivocado, isto é, a ideia de que, quando Cristo morreu na cruz, a lei foi revogada. E muitos dizem: "Estamos livres das exigências da lei, pois Cristo, quando na Terra, cumpriu todos os seus requisitos." Será que é assim mesmo?
Afinal, por que Cristo morreu na cruz? Ora, porque a lei não podia ser anulada! Se fosse possível anular a lei, Cristo não deveria ter vindo ao mundo para pagar o preço da nossa condenação e satisfazer as exigências da lei. Mas essa lei é eterna. Tão eterna quanto o seu Autor. É a expressão do caráter divino. Assim, quando Cristo pagou a penalidade que a lei impunha à raça humana, satisfez a exigência da lei, mas não a anulou. Todos os que viessem a aceitar o perdão através de Cristo, seriam habilitados a viver, daí para a frente, de acordo com a lei.
Note o que Jesus afirmou: "Se Me amais, guardareis os Meus mandamentos." Como, pois, guardar mandamentos abolidos? Portanto, os mandamentos jamais foram abolidos. Seria um contra-senso da parte de Deus. Ele não faz nada para ser remediado ou anulado depois. Sua Palavra permanece para sempre.
Peço que você raciocine comigo da seguinte maneira: Se a lei divina foi abolida, então podemos matar, roubar, adulterar, mentir, dizer falso testemunho, cobiçar a casa do próximo, a mulher do próximo, desenrar pai e mãe, e assim por diante. Mas ninguém, em sã consciência, admitiria tal desatino.
Você está de acordo com isto?
Os Mandamentos de Deus definem nosso relacionamento com o Criador e Redentor, assim como nossos deveres e obrigações para com os semelhantes. E as Escrituras são claras em afirmar que a transgressão da lei é pecado. (Ver I S. João 3:4).

A NATUREZA DA LEI
Os atributos divinos estão encerrados na lei. Note as seguintes passagens bíblicas: "A lei do Senhor é perfeita" e o "testemunho do Senhor é puro" (Salmo 19:7 e 8). "Todos os Teus mandamentos são justiça" (Salmo 119:172). "A lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom" (Romanos 7:12). "Todos os Teus mandamentos são verdade" (Salmo 119:151).

Eis, agora, os aspectos que definem a natureza da lei:
1. Lei Moral - É um padrão de conduta para a humanidade. Exprime nosso relacionamento para com Deus e para com os semelhantes.
2. Lei Espiritual - A carta aos Romanos diz: "A lei é espiritual." capítulo 7:14. Jesus, no Sermão da Montanha, foi claro ao dizer que a transgressão da lei tem início no coração. "Ouvistes o que foi dito: 'Não adulterarás'. Eu, porém, vos digo: Qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura, no coração já adulterou com ela." S. Mateus 5:27 e 28.
3. Uma Lei Positiva - Embora quase todos os mandamentos comecem com a negativa "não", a lei divina tem enfoque positivo. O sexto mandamento, por exemplo, diz: "Não matarás". Quem não mata, está promovendo a vida. Assim deve ser entendida a lei. "Para os obedientes, ela é um muro de proteção. Contemplamos nela a bondade de Deus que, revelando aos homens os imutáveis princípios da justiça, procura resguardá-los dos males que resultam da transgressão." - Mensagens Escolhidas, livro 1, pág. 235.
4. Uma Lei Simples - Apesar de os Mandamentos serem amplos em seu alcance, são breves e muito compreensíveis. Até uma criança pode memorizá-los e entender-lhes o significado.
5. Uma Lei de Princípios - Para dar um exemplo, há dois grandes princípios de amor nas seguintes palavras de Jesus, ao resumir a lei: "Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento, e amarás o teu próximo como a ti mesmo." S. Lucas 10:27. "Aqueles que vivem esses princípios, achar-se-ão em plena harmonia com os Dez Mandamentos, uma vez que os mandamentos expressam com mais detalhes esses mesmos princípios." - Nisto Cremos, pág. 314.
6. Uma Lei Deleitosa - Quando existe íntima ligação entre a pessoa e a lei, esta se torna uma fonte de alegria e deleite. "Quanto amo a Tua lei!" É a minha meditação todo o dia" (Salmo 119:97). "Amo os Teus Mandamentos mais do que ouro, mais do que ouro refinado" (Salmo 119:127). O apóstolo S. João afirmou: "... os Seus mandamentos não são penosos." (I S. João 5:3).

UM ESPELHO
Quando você se levanta de manhã, fica diante do espelho durante alguns minutos. Se, porventura, percebe algo estranho em seu rosto, você não vai esperar que o espelho faça o trabalho de remoção da mancha ou qualquer outra coisa. A função do espelho é mostrar a condição de seu rosto. Só isso. Mas é muito importante essa função.
A função do espelho ilustra o papel da lei em nossa vida. Eu diria que a lei tem dupla função: Primeiro, aponta as falhas de nosso carácter. Segundo, mostra o padrão de conduta.

Acompanhe-me, por alguns instantes, na análise dos propósitos da lei.
- Ela aponta o pecado. "Pela lei vem o conhecimento do pecado" (Romanos 3:20). Paulo disse que "não teria conhecido o pecado, senão por intermédio da lei" (Romanos 7:7).
- Funciona como padrão de julgamento. "Teme a Deus e guarda os Seus mandamentos... porque Deus há de trazer a juízo todas as obras, até as que estão escondidas, quer sejam boas, quer sejam más" (Eclesiastes 12:13 e 14; cf. S. Tiago 2:12). E o salmista afirmou que, tal como Deus, Seus "mandamentos são justiça" (Salmo 119:172).
- Agente de Conversão - A lei não tem nenhum poder para transformar a vida de uma pessoa, mas é o instrumento que o Espírito Santo usa para levá-la à conversão. "A lei do Senhor é perfeita, e restaura a alma." (Salmo 19:7). A lei mostra a nossa necessidade de um Salvador.
- Provê liberdade - Como proporciona liberdade, se ela condena? Ela aponta o caminho da liberdade em Cristo. Viver dentro dos parâmetros estabelecidos pela lei, significa libertação do pecado. Disse o salmista: "Andarei em liberdade, pois busquei os Teus preceitos" (Salmo 119:45). S. Tiago referiu-se à lei como a "lei perfeita, lei da liberdade" (S. Tiago 2:8; 1:25).
- Restringe o mal - Quando a lei é obedecida, as condições da sociedade mudam para melhor. O crime, a violência, a imoralidade e maldade desaparecem. A obediência traz bênçãos: "A maldição do Senhor habita na casa do perverso, porém a morada dos justos Ele abençoa" (Provérbios 3:33).

O ESPELHO NÃO FOI QUEBRADO
Será que você já ouviu alguém dizer que a lei foi abolida com a morte de Cristo na cruz? Possivelmente. Pois bem, aqui está um dos maiores enganos do inimigo. Como uma lei que regula o comportamento humano poderia ser anulada?
Guarde no arquivo da sua cabeça um lembrete: Alguns líderes religiosos de hoje afirmam que a lei foi abolida. E isto é dito por aí por causa de um motivo que você vai conhecer ainda neste capítulo. Aguarde um pouco mais.
Existem muitas afirmações no Antigo Testamento sobre a perpetuidade da lei, mas não preciso mencionar nenhuma aqui.
E no Novo Testamento? Pense no que Jesus disse: "Não penseis que vim revogar a lei, ou os profetas; não vim para revogar, vim para cumprir. Porque em verdade vos digo: Até que o Céu e a Terra passem, nenhum i ou um til jamais passará da lei, até que tudo se cumpra." S. Mateus 5:17 e 18.
O apóstolo S. João, muito tempo após a morte de Jesus, registou as seguintes palavras a respeito dos fiéis dos últimos dias da história deste mundo: "Aqui está a perseverança dos santos, os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus." (Apocalipse 14:12).
Se a lei é o reflexo do caráter de Deus, e Deus não muda, seria uma tremenda contradição qualquer mudança em seu conteúdo.
O espelho moral e espiritual da humanidade não foi quebrado, portanto. Está aí para revelar as manchas de caráter. Está aí para apontar o "caminho, a verdade e a vida" (S. João 14:6). Está aí para indicar a necessidade do "Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo" (S. João 1:29). O espelho está inteirinho, e bem polido. Será a norma de julgamento no dia do juízo final.

O ALCANCE DA LEI
Não existe nada em nosso comportamento que não possa ser alcançado pela lei divina. Isto, por si só, já é uma prova da sua perfeição. É um código abrangente. Afinal, não foi um homem finito que a estabeleceu!

Eis como Spangler e Dolson resumem os Mandamentos:
"O 1º nos protege contra o politeísmo;
O 2º nos protege contra a idolatria;
O 3º protege a honra de Deus;
O 4º é uma defesa contra a dissipação das faculdades físicas e contra a negligência da vida espiritual;
O 5º assegura o respeito e o cuidado dos pais idosos;
O 6º protege a vida humana contra o homicídio;
O 7º é uma defesa contra a violação dos laços matrimoniais e contra a impureza;
O 8º protege a propriedade pessoal;
O 9º constitui uma proteção contra o falso testemunho e as falsidades;
O 10º é uma defesa contra intenções e desejos prejudiciais."
- Deus Revela Seu Amor, vol. 2, pág 59.

Pergunto-lhe agora: Você discorda de alguma coisa nesses mandamentos? Você deve ter notado a sabedoria de Deus em nos proteger contra o mal em seus mais variados matizes: nada, na esfera humana, fica descoberto!
Peço-lhe que, com a máxima reverência, leia os Mandamentos da lei de Deus:

I
Não terás outros deuses diante de Mim.
II
Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima nos Céus,
nem em baixo na Terra, nem nas águas debaixo da terra.
Não as adorarás, nem lhes darás culto; porque Eu sou o Senhor teu Deus,
Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos até à terceira
e quarta geração daqueles que Me aborrecem, e faço misericórdia até mil
gerações daqueles que Me amam e guardam os Meus mandamentos.
III
Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão, porque o Senhor não terá por inocente o que tomar
o Seu nome em vão.
IV
Lembra-te do dia de sábado, para o santificar.
Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus; não farás nenhum trabalho, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem teu animal, nem o forasteiro das tuas portas para dentro; porque em seis dias fez o Senhor os Céus e a Terra, o mar e tudo o que neles há, e ao sétimo dia descansou: por isso o Senhor abençoou o dia de sábado, e o santificou.
V
Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor teu Deus te dá.
VI
Não matarás.
VII
Não adulterarás.
VIII
Não furtarás.
IX
Não dirás falso testemunho contra o teu próximo.
X
Não cobiçarás a casa do teu próximo.
Não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento,
nem coisa alguma que pertença ao teu próximo.


(Êxodo 20:3-17)

Seja franco em sua maneira de pensar: Existe no Decálogo algum mandamento que não se aplique mais a nossos dias?
Você concorda, tenho a certeza, em que matar, adulterar, furtar, mentir, cobiçar, adorar deuses de pau e pedra, tomar o nome de Deus em vão (ou blasfemar) - são coisas incompatíveis com a conduta cristã. Você pode estar dizendo no seu íntimo: Há lógica em tudo isso.

UMA BRECHA NA LEI

Mas você poderia dizer agora: Mas o 4º mandamento foi alterado. Tem a certeza? Quem lhe falou isso?
Aqui está o maior engano de todos os tempos. A Palavra de Deus previu que poderes humanos tentariam anular o que a autoridade divina havia estabelecido. Leia o seguinte texto em Daniel 7:25: "Proferirá palavras contra o Altíssimo, magoará os santos do Altíssimo, e cuidará em mudar os tempos e a lei; e os santos lhe serão entregues nas mãos..." O profeta Daniel aqui fala do poder político-religioso representado pelo 4º animal simbólico. E o apóstolo Paulo descreve o perfil desse poder: "Ninguém de nenhum modo vos engane, porque isto não acontecerá sem que primeiro venha a apostasia, e seja revelado o homem da iniquidade, o filho da perdição, o qual se opõe e se levanta contra tudo que se chama Deus, ou objeto de culto, a ponto de assentar-se no santuário de Deus, ostentando-se como se fosse o próprio Deus." II Tessalonicenses 2:3 e 4.

O mandamento sobre a guarda do sábado foi o alvo da fúria do inimigo, "uma vez que o sábado desempenha papel vital na adoração a Deus como Criador e Redentor" (Nisto Cremos, pág. 343). A mudança do sábado para o domingo foi gradual. Mas não há evidências de santificação semanal do domingo por parte dos cristãos antes do II século. Diz Maxwell: "Mas, estranho como possa parecer, nenhum autor do 2º e 3º séculos jamais citou um único texto bíblico como prova da autorização de se observar o domingo em lugar do sábado. Nem Barnabé, nem Inácio, nem Justino, nem Ireneu, nem Tertuliano, nem Clemente de Roma, nem Clemente de Alexandria, nem Orígenes, nem Cipriano, nem Vitorino, nem qualquer outro autor que tenha vivido próximo ao período em que Jesus vivera, conhecia qualquer instrução a esse respeito, deixada por Jesus ou por qualquer texto bíblico." - God Cares, vol. 1, pág. 131.

Não vamos entrar em detalhes quanto à mudança do sábado para o domingo. Apenas desejamos mostrar o seguinte documentário: Na edição de 1997 do The Convert's Catechism of Catholic Doctrine, aparece esta série de perguntas e respostas:
"P - Que é o sábado?
R - O sábado é o sétimo dia.
P - Por que observamos o domingo em lugar do sábado?
R - Observamos o domingo em lugar do sábado porque a Igreja Católica transferiu a solenidade do sábado para o domingo." Op. Cit., pág. 50.

O erudito John A. O'Brien, em seu best-seller, The Faith of Millions (A Fé de Milhões), afirma: "Uma vez que o sábado, e não o domingo, é especificado na Bíblia, não é curioso que os não-católicos que professam obter sua religião diretamente da Bíblia e não da Igreja Católica, observem o domingo em lugar do sábado? Sim, efetivamente, isto é incoerente." - Op, Cit., págs. 400 e 401.
Como você está percebendo, a brecha foi feita exatamente no 4º mandamento da lei de Deus. Mas o que o homem anulou na Terra, não foi anulado no Céu. Por isso repito o que Jesus disse: "Porque em verdade vos digo: Até que o Céu e a Terra passem, nem um i nem um til jamais passará da lei, até que tudo se cumpra." S. Mateus 5:18.
Assim sendo, a observância do sábado - o sétimo dia da semana - está ainda em vigor.

E qual é o propósito do sábado?
1 - Memorial perpétuo da Criação - Êxodo 20:11 e 12.
2 - Símbolo de Redenção - "Quando Deus libertou os israelitas da escravidão egípcia, o sábado - que já funcionava como memorial da Criação - se tornou também um memorial da libertação (Deuteronómio 5:15)." - Nisto Cremos, pág. 339.
3 - Sinal de Santificação - "Certamente guardareis os Meus sábados; pois é sinal entre Mim e vós nas vossas gerações, para que saibais que Eu sou o Senhor, que vos santifica" (Êxodo 31:13; cf. Ezequiel 20:20).
4 - Sinal de Lealdade - No Éden, a árvore da ciência do bem e do mal, foi o sinal de lealdade entre o homem e Deus. Antes do 2º advento de Cristo à Terra, o mundo estará dividido em duas classes: aqueles que são leais e "guardam os mandamentos de Deus e têm a fé de Jesus" e aqueles "que adoram a besta e a sua imagem" (Apocalipse 14:12 e 9).
5 - Ocasião de Companheirismo - O sábado é um dia em que o homem pode ter mais intenso companheirismo com o Criador. Ao meditar nas obras criadas por Deus, o homem O adora.

Atualmente, muito se fala em Ecologia. A preservação da Natureza está nas manchetes de jornais e revistas. Mas se o homem moderno guardasse o sábado como o mandamento prescreve, haveria respeito pela Natureza. Ora, o respeito para com a Natureza só é possível quando o homem ama e respeita o Criador de todas as coisas. A melhor bandeira ecológica é, portanto, a observância do sábado. Além disso, o sábado é uma pausa que refresca. Um Antídoto Contra o Stress da Vida Moderna.

É POSSÍVEL GUARDAR A LEI?
A lei divina é nosso código de ética. Não pode haver cristianismo prático em minha vida, se eu matar, roubar, adulterar, mentir, jurar falso testemunho, etc. As Santas Escrituras afirmam: "Portanto, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas passaram, eis que tudo se fez novo" (II Coríntios 5:17). As "coisas velhas" são: adultério, crime, mentira, cobiça, etc. Como resultado da nova vida em Cristo, o homem não mais pratica essas coisas. Isto significa guardar a lei, certo?

Você só pode guardar a lei se estiver ligado a Cristo. Ele disse: "Sem Mim nada podeis fazer" (S. João 15:5). O poder vem de Cristo, portanto. Disse o Senhor a Paulo: "A Minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza" (II Coríntios 12:9).
Mas observe uma coisa: Você não guarda a lei para ser salvo. Você a observa porque está salvo em Cristo Jesus. Somente as pessoas salvas e ligadas a Ele recebem o poder para viver segundo a Sua vontade.
         Quero terminar este capítulo contando a história de um pai que, certa ocasião, estava muito ocupado, e assim não tinha tempo para passar com sua filhinha. Certa noite, já bem tarde, ele chegou ao lar e foi logo dizendo à filha: "Aqui está um presente que o papá trouxe para você". Pensando que ela fosse ficar feliz da vida, ouviu a seguinte observação: "Paizinho, não quero o seu presente; quero você."
         Muitas vezes tentamos dar um presente a Deus: ou seja, guardar os Seus mandamentos. Mas Deus nos diz: "Não quero seus esforços e obras; quero você." Somente quando nos entregamos inteiramente a Ele, passamos a produzir os frutos da vida cristã. A convivência com Cristo transforma a nossa vida. Por esta razão, creio que a ética cristã ainda vale. Para mim e para você. Mas note bem: só através de Cristo!
Bibliografia
1. Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, livro 1 (Casa Publicadora Brasileira: Tatuí, SP), 1988.
2. Nisto Cremos, da mesma editora, 1989.
3. Spangler, Dolson e Gane, Deus Revela Seu Amor, vol. 2 (Casa Publicadora Brasileira: Tatuí, SP), 1988.
4. Mervyn Maxwell, God Cares, vol. 1 (Pacific Press Publishing Association: Boise, Idaho), 1981.
5. John A. O'Brien, The Faith of Millions (Huntington, IN: Our Sunday Visitor Inc.), 1974.

Rubens S. Lessa, Pastor, Redator e Editor da Casa Publicadora Brasileira, é também autor de vários livros. Texto do seu excelente livro LIVRE PARA VIVER - O Prazer da Liberdade Total.