domingo, 15 de maio de 2011

RETRATOS DA FAMÍLIA DE JESUS


UM NAZARENO

"E chegou e habitou numa cidade chamada Nazaré, para que se cumprisse o que fora dito pelos profetas: Ele será chamado Nazareno." Mateus 2:23

       "Lá no alto dos montes da Galileia, a Norte de Samaria e a vários dias de viagem a Norte de Jerusalém, fica a pequena vila montanhosa de Nazaré. ... Nazaré era tão pequena que nem se acha entre as 200 cidades mencionadas pelo historiador Josefo. ... Mesmo entre os galileus, Nazaré tinha a reputação de ser perversa. Natanael apenas deu voz à opinião geral sobre os nazarenos quando perguntou: "Pode alguma coisa boa sair de Nazaré?" Foi para esta zona que Jesus e os Seus pais foram viver depois de saírem do Egipto. ...

       "O local mais sagrado deste mundo teria sido grandemente honrado pela presença do Redentor do mundo durante um ano apenas. Os palácios dos reis teriam sido exaltados por receberem Cristo como hóspede. Mas o Redentor do mundo passou de lado as cortes reais e fez o Seu lar numa humilde vila da montanha, durante 30 anos, conferindo, assim, distinção à desprezada Nazaré."

       "Pouco sabemos da infância de Cristo. Rodeado pela Natureza e educado pela Sua mãe, passou os Seus primeiros anos continuamente exposto a tentações. Tinha que estar constantemente em guarda para Se manter puro e sem mácula entre tanto pecado e perversidade. "Cristo não escolheu por Si mesmo este lugar. O mesmo foi escolhido pelo Seu Pai celeste - um lugar onde o Seu carácter seria experimentado e provado de vários modos. Os primeiros anos de Cristo foram sujeitos a rigorosas provas, durezas e conflitos, para que desenvolvesse o carácter perfeito que O torna um perfeito exemplo para as crianças, os jovens e os adultos."

A LUZ DO SEMBLANTE DO SEU PAI

"E o Menino crescia, e Se fortalecia em espírito, cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre Ele." Lucas 2:40

       "Jesus tornou-Se conhecido como 'o filho do carpinteiro' (Mateus 13:55). "Quando trabalhava no banco de carpinteiro, fazia tanto a obra de Deus, como quando fazia milagres em favor da multidão." O Seu trabalho era tão perfeito como o Seu carácter. ...
Dedicava-Se a cada tarefa com alegria e diligentemente. Muitas vezes, a Sua família ouvia o som de um salmo ou de um cântico do lugar onde Ele trabalhava. "Ele trabalhava no ofício de carpinteiro com o Seu pai José, e todo o artigo que fazia, era bem feito."

       "No tempo de Cristo, a vila ou cidade que não providenciasse instrução religiosa para a juventude era considerada sob a maldição de Deus. Todavia, o ensino era formal. "Jesus não recebeu a Sua instrução na sinagoga. O trabalho útil, o estudo da Natureza, o aprofundar das Escrituras, e as experiências da vida do dia-a-dia numa cidade pequena, serviam como livros de estudo de Deus, desenvolvendo a Sua mente activa e penetrante. Ele apresentava uma sabedoria e atenção que ultrapassavam os Seus contemporâneos.
       Os escribas e anciãos pensavam que poderiam facilmente influenciar, com as suas interpretações, uma criança tão gentil e humilde. No entanto, quanto mais tentavam moldá-l'O, mais se consciencializavam de que a Sua compreensão era superior à deles. "Não podendo convencê-l'O, procuraram José e Maria, e expuseram-lhes a Sua atitude de insubmisão. Por isso Ele foi repreendido e censurado." Ocasionalmente Maria, pedia-Lhe que Se sujeitasse aos ensinos deles, mas nada O conseguia desviar dos princípios, e, por causa disso, os rabis tornaram a Sua vida muito amarga. "Mesmo na Sua juventude teve que aprender a dura lição do silêncio e da paciência no sofrimento."

       A vida de Cristo foi assinalada pelo respeito e amor para com a Sua mãe." Ele amava os seus irmãos, mas eles desprezavam-n'O; e não eram só eles. "Não faltou quem procurasse lançar sobre Ele desprezo por causa do Seu nascimento e mesmo na infância teve de enfrentar olhares desdenhosos e maliciosas murmurações. Se Ele tivesse respondido com uma palavra ou um olhar impaciente, se tivesse cedido aos irmãos num só acto errado teria fracassado em ser um exemplo perfeito." O facto de não Se juntar a eles em planos proibidos fez com que os Seus amigos O apelidassem de limitado e puritano. Mas Ele suportou cada insulto com paciência. Embora evitasse a controvérsia, o Seu excelente exemplo era uma censura constante para aqueles que, à Sua volta, escolhiam o caminho do pecado. "O desenvolvimento do carácter perfeito de Jesus desde a infância à idade adulta, sem pecado, é, talvez, o facto mais espantoso da Sua vida inteira. Confunde a imaginação."

SEGUNDO O COSTUME

       O 12º ano marcava, para um rapaz judeu, o fim da infância. Aos 13 anos, os jovens Hebreus tornavam-se pessoalmente responsáveis por observar os mandamentos. No tempo de Cristo, todos os homens de Israel deviam ir perante o Senhor em Jerusalém na altura das festas anuais da Páscoa. ...
       "Todas as cerimónias da festa eram símbolos da obra de Cristo. A libertação de Israel do Egipto era uma lição objectiva da redenção, que a Páscoa se destinava a conservar na memória. O cordeiro imolado, o pão asmo, o molho dos primeiros frutos, representavam o Salvador. Para a maioria das pessoas, no tempo de Cristo, a observância desta festa degenerara em mera formalidade. Mas qual era o seu significado para o Filho de Deus?!..."

OS NEGÓCIOS DO MEU PAI

       José e Maria completaram os dias, como lhes era pedido na Páscoa, e iniciaram o seu regresso a casa. Nenhum deles tinha a menor razão para duvidar que Jesus estivesse no grupo que se encontrava a caminho de casa. ...

       Dia após dia, enquanto os sacerdotes faziam os serviços da Páscoa, Jesus viu como o seu significado se aplicava a Si, e o mistério da Sua missão tornou-se claro. Compreendendo que era o Filho de Deus, deixou-se ficar no Templo para obter uma compreensão mais profunda da Sua missão e para comungar com Deus em silêncio.
       Durante esse período de meditação, foi atraído para um dos átrios cobertos da estrutura do Templo. Aqui, os rabis sentavam os seus pupilos no chão enquanto os ensinavam pelas Escrituras. Fazendo perguntas e respondendo às suas questões, levavam a discussões sobre a passagem escolhida. Jesus juntou-Se a eles e ouviu com atenção. Fez-lhes perguntas pertinentes, desejando conhecer a sua interpretação das profecias que anunciavam o advento do Messias. Em breve ficou evidente para os homens mais velhos que Ele era um estudante dotado. As Suas respostas criteriosas às perguntas que Lhe faziam, espantavam-nos. A Sua compreensão das Escrituras era vasta, a profundidade do seu entendimento era extensa. Explicava as Escrituras de maneira renovada e compreensiva. Viram n'Ele, imediatamente, um grande professor em Israel. Cada um desejava ser o Seu tutor, moldar a Sua mente.

       Quando a caravana parou para descansar, Maria e José deram, finalmente, pela falta do seu Filho. Recordando-se da tentativa de Herodes para O matar, o medo apertou-lhes o coração. Como puderam ser tão negligentes? Rapidamente, voltaram pelo mesmo caminho até Jerusalém. No dia seguinte, ouviram uma voz familiar, e, quando O encontraram na escola rabínica, a Sua mãe ralhou-Lhe por lhe ter causado preocupação. A Sua resposta mostrou que, pela primeira vez, tinha compreendido o Seu relacionamento especial com Deus. "'Porque é que Me procuráveis? Não sabeis que Me convém tratar dos negócios de Meu Pai?' E, como parecessem não compreender as Suas palavras, apontou para cima. Havia no Seu rosto uma luz que os levou a meditar. A divindade irradiou através da humanidade." Ele não merecia ser censurado, pois não os tinha deixado; eles é que tinham partido sem Ele.

       No Templo, Maria tomou consciência de que Jesus tinha em mente o Seu relacionamento com o Seu Pai celestial, não com José. "Maria ponderava aquelas palavras no seu coração; no entanto, ao mesmo tempo que acreditava que o seu Filho havia de ser o Salvador de Israel, não compreendia a Sua missão." ... Tal como Jesus tinha estado perdido para ela durante 3 dias, iria, novamente, estar perdido para ela quando fosse oferecido pelos pecados do mundo.

       "Jesus é o nosso exemplo. Muitos há que se detêm com interesse sobre o período do Seu ministério público, enquanto passam por alto os ensinos dos Seus primeiros anos. É, porém, na vida doméstica que Ele é o modelo de todas as crianças e jovens."

UM SALVADOR PESSOAL

       Quando Jesus era criança, em Nazaré, os Seus irmãos tinham tentado intimidá-l'O e controlá-l'O. Quando chegavam as provações, Ele aceitava as contrariedades com serenidade. A Sua dignidade enfurecia os Seus irmãos. "Jesus amava os Seus irmãos e tratava-os com inexaurível amabilidade; mas eles tinham ciúmes d'Ele e manifestavam para com Ele a mais decidida incredulidade e desdém. Não conseguiam entender o Seu procedimento." Uma vez mais eles pensaram que sabiam o que era melhor para o Seu Irmãozinho e procuraram controlá-l'O. Jesus tinha acabado de curar o homem possuído do demónio, cego e mudo. "E, falando Ele ainda à multidão, eis que estavam fora a Sua mãe e os Seus irmãos, pretendendo falar-Lhe." ( Mateus 12:46).

       Os discípulos talvez tenham levado o recado a Jesus, mas Ele já sabia qual era a missão da Sua família. Voltando-Se para o mensageiro, respondeu: "Quem é a Minha mãe? E quem são os Meus irmãos?" (verso 48). Estendendo a mão, apontou para os Seus discípulos. "Eis aqui a Minha mãe e os Meus irmãos; porque, qualquer que fizer a vontade do Meu Pai, que está nos Céus, este é o Meu irmão, e irmã e mãe." (verso 49, 50). Jesus amava a Sua família, mas era claro que eles não tinham o direito de interferir no Seu ministério nem de O controlar. Tal como fizera no Templo em Jerusalém quando era apenas um rapaz, Jesus voltou a afirmar que tinha de cuidar dos negócios do Seu Pai.

       Quem aceitar Deus como seu Pai é um membro da família de Deus (Efésios 3:14, 15). "Os laços que unem os cristãos ao seu Pai Celestial e entre si são mais fortes e verdadeiros até mesmo do que os laços consanguíneos, e mais duradouros."

"NÃO É ESTE O CARPINTEIRO?

"E não podia ali fazer obras maravilhosas; somente curou uns poucos enfermos, impondo-lhes as mãos. E estava admirado da incredulidade deles!" Marcos 6:5, 6

       Enquanto os galileus corriam para Jesus, os Seus próprios vizinhos recusavam-se a acreditar. Seguiam as notícias sobre o Filho da sua terra com interesse, mas duvidavam que Ele fosse, realmente, o Messias. "Depois de ter sido aí rejeitado, a fama das Suas pregações e milagres encheram a Terra. Ninguém podia agora negar que possuía poder sobrenatural. O povo de Nazaré sabia que Ele andava a fazer o bem, e a curar todos os oprimidos de Satanás."
       Agora, na Primavera de 30 d. C., perto do fim do Seu ministério na Galileia, Jesus pôs-Se a caminho pela familiar estrada de montanha para Nazaré. Chegou antes do Sábado, e no dia de Sábado foi à sinagoga e levantou-Se para ensinar. À medida que as Suas palavras caíam nos seus ouvidos, o Espírito Santo tocou os nazarenos, mas parecia demasiado incrível que o seu vizinho fosse o Filho de Deus. "De onde Lhe vêem estas coisas? E que sabedoria é esta que Lhe foi dada? E como se fazem tais maravilhas por Suas mãos? Não é este o carpinteiro, filho de Maria, e irmão de Tiago, e de José, e de Judas e de Simeão? E não estão aqui connosco as Suas irmãs? E escandalizavam-se n'Ele (Marcos 6:2, 3).

       Como José já tinha falecido, as pessoas referiam-se a Jesus como 'o Filho de Maria'. Como Se sentiria ela com respeito ao seu Filho? Nesta altura, os Seus irmãos e irmãs não acreditavam que Ele fosse o Messias (João 7:5). Aqueles que cresceram com Ele e testemunharam o Seu carácter e actos de compaixão não se sentiam atraídos para Ele, porque a Sua vida exemplar apresentava a deles numa luz desfavorável.
       O orgulho dos líderes judeus não permitia que aceitassem Jesus porque "amavam os melhores lugares na sinagoga. Amavam as saudações nas praças e ficavam satisfeitos por ouvirem os seus títulos nos lábios de homens. À medida que decaía a verdadeira piedade, tornavam-se mais zelosos das suas tradições e cerimónias." A Sua pureza de carácter expunha a falsa piedade e pretensão deles. Enquanto existisse uma tal descrença, Jesus não podia fazer nada. Ele deixou Nazaré e aqueles que estavam cegos pelo desejo de ver um Messias que preenchesse as suas próprias concepções, para nunca mais regressar.

David Metzler in Jesus ...Para Mim (com citações de Ellen White)
O autor é Oficial do Corpo de Dentistas da Marinha Norte-Americana


«Uma bela ilustração das relações de Cristo para com o Seu povo, encontra-se nas leis dadas a Israel. Quando, em virtude da pobreza, um hebreu se via forçado a abrir mão do seu património, e a vender-se como escravo, o dever de resgatá-lo a ele e à sua herança, recaía no parente mais chegado (Levítico 25:25). Assim a obra de nos redimir a nós e à nossa herança, perdida por causa do pecado, recaiu sobre Aquele que nos é 'parente chegado'. Foi para nos resgatar que Ele Se tornou nosso parente. Mais chegado que o pai, mãe, irmão, amigo ou noivo é o Senhor nosso Salvador. "Não temas", diz Ele, "porque Eu te remi: chamei-te pelo teu nome, tu és Meu". Isaías 43:1.    ...

«Cristo ama os seres celestiais, que Lhe circundam o trono; mas quem explicará o grande amor com que nos tem amado? Não o podemos compreender, mas podemos sabê-lo real em nossa própria vida. E se mantemos para com Ele relações de parentesco, com que ternura devemos olhar os que são irmãos e irmãs de nosso Senhor! Não devemos estar prontos a reconhecer as responsabilidades do nosso divino parentesco? Adoptados na família de Deus, não devemos honrar o nosso Pai e os nossos parentes?"»
O Desejado de Todas as Nações

domingo, 1 de maio de 2011

A FÉ DE UMA MÃE



(Esta história verdadeira contada por A. A. Allen já emocionou e inspirou dezenas de milhares de pessoas)


Logo nos princípios do meu ministério fui Pastor de uma pequena igreja na zona montanhosa do norte do Estado de Idaho. Eu e a minha esposa obedecemos ao chamado porque Deus disse: «Ide!»

Nós sabiamos que as pessoas dali eram muito pobres, mas elas davam fielmente o seu dízimo. Semana após semana o montante das ofertas era de menos de ½ dólar. Tínhamos um quintal onde cultivávamos vegetais, frutos e grãos, dos quais depois fazíamos conservas. Isto ajudava às nossas provisões. Deus abençoou o nosso trabalho e deu-nos muitas almas dentre o povo das montanhas. A nossa encantadora igrejinha incluía quatro quartos nas traseiras para moradia do Pastor. Fomos nós que a construímos com as nossas próprias mãos com madeira dos pinheiros e abetos da floresta local que nos circundava.

Deus supria as nossas necessidades dia a dia, mas depressa surgiu uma nova necessidade que não podia ser satisfeita com ofertas de produtos alimentares. Em breve iria nascer outro bebé. Não tínhamos nenhumas roupinhas usadas disponíveis porque, à medida que as necessidades iam surgindo, dávamos tudo o que pertencera aos nossos outros filhos. Não tínhamos dinheiro sequer para comprar um frasco de desinfectante ou um metro de flanela para costurar algumas camisinhas e fraldas. Nem sequer planeámos chamar um médico por causa do custo que representaria.

Démos início à nossa primeira campanha de reavivamento na nova igreja. Trabalhámos e orámos intensamente para a tornar um sucesso. Orámos especialmente por um homem, um ébrio e conhecido céptico da comunidade.
Finalmente o domingo amanheceu. Nevara durante a noite e soprava pelo vale um vento de inverno. Bem cedinho acendi o fogo na lareira da igreja para que, à hora da reunião, o ambiente estivesse quente e acolhedor. Cheguei à igreja quinze minutos mais cedo e encontrei lá um rapazinho esfarrapado.


Levantava, junto ao fogo, primeiro um pezinho, depois o outro. Os seus pés estavam apenas cobertos por uns sapatos de lona completamente gastos nos dedos. Os seus pequeninos dedos vermelhos tinham apanhado neve e frio durante toda a caminhada que fizera até à igreja. Reconheci que era o filho mais novo do ébrio. Chamei a minha esposa e disse-lhe:
- Leva esta criança a nossa casa, aquece-lhe os pés e seca os seus sapatos.
Dentro de alguns minutos ele voltou para a igreja sem sapatos mas usando um par de meias quentes e secas do meu filho mais velho e sentou-se à frente.
Eu sabia que ele teria que voltar a calçar os sapatos de lona para regressar a casa através da neve.

Naquela manhã havia duas pessoas sentadas entre a congregação que podiam facilmente providenciar uns sapatos para aquela criança. Uma, era o proprietário de uma serração, a outra, era uma senhora muito rica que possuía, pelo vale fora, muitos hectares de árvores para madeira bem como pequenas quintas de árvores de fruto. Eu pensava que certamente Deus falaria a um ou a outro acerca do par de sapatos.

Por fim, a reunião terminou. O dono da serração cumprimentou alegremente os amigos, reuniu a sua família e partiu para casa. Olhei em redor em busca da senhora rica. Ela partiu no seu bonito carro novo sem oferecer uma boleia à criança, embora esta morasse entre a sua casa e a igreja.

Olhei de novo para a criança. A minha esposa trouxera os sapatos de lona rasgados, agora já quentinhos e secos e preparava-se para lhos calçar nos pés. De repente, olhou para os pés do nosso filho mais velho. Os seus bons sapatos de couro servir-lhe-iam perfeitamente. Nesse momento compreendi o que ela poderia fazer. No mesmo instante o meu coração gritou: Nós não podemos fazer isso! Nós nem sequer temos dinheiro para comprar roupinhas para o futuro bebé! Não podemos comprar um novo par de sapatos para o Jimmie!
Mas também sabia que não podíamos permitir que aquele rapazinho regressasse a casa caminhando através da neve sem sapatos!
A minha esposa conversou com o Jimmie:
- Os teus sapatos servir-lhe-iam mesmo bem! Tira-os, querido!
- E o que é que eu vou calçar, mamã? – perguntou ele.
- Tu não precisas tanto deles como o menino - disse ela. - Além disso, Jesus disse: «Dai e ser-vos-á dado». Jesus dar-te-á outros.
- Então está bem. – disse Jimmie enquanto se sentava e desapertava os seus pequenos sapatos brancos.

Eu saí apressadamente da igreja! No meu íntimo gritava: Porque é que Deus não pediu ao dono da serração para fazer isto?

Porque é que Ele não pediu à proprietária das terras? De certeza que, em toda a congregação, não havia ninguém em piores condições do que eu para ajudar!
Contudo, eu sabia que Deus o tinha pedido e senti-me feliz por a minha esposa e o meu filho não se terem recusado a obedecer.

Na manhã seguinte, quando fui à caixa do correio, encontrei lá dentro uma carta da mãe da minha esposa. Quando abrimos a carta, encontrámos lá uma nota de 20 dólares. «Para aqueles pequenos extras que não podeis comprar nesta altura» dizia ela. Isto foi para nós uma completa surpresa pois quando lhe escrevíamos nunca fazíamos a menor referência ao nosso salário nem às coisas que nos faziam falta.

Quando começámos a servir ao Senhor tínhamos decidido levar a Ele as nossas necessidades e não a amigos e familiares. Aquele dinheiro era mais do que suficiente para comprar tudo o que precisávamos! Como nos alegrámos em conjunto!

- Será que vai chegar para uns sapatos novos? - perguntou o Jimmie.
- Claro que sim! – respondeu a minha esposa.
Repentinamente a sua expressão mudou. Eu sabia que ela estava a ouvir a mesma voz da consciência que já me falara.
- Vamos dar metade deste dinheiro ao irmão Smith. - disse eu.

Eu sabia que a oferta para o nosso evangelista fora muito pequena e que ele tinha que sustentar a esposa e precisava de dinheiro para comprar gasolina a fim de se dirigir para a reunião seguinte.
- Vamos dar-lhe tudo! – respondeu a minha esposa. – Ele vai precisar do dinheiro. Eu sabia que Deus queria que eu o fizesse, por isso, apressei-me para o quarto do evangelista e ofereci-lhe metade do dinheiro. Como ele conhecia as nossas necessidades recusou aceitá-lo.

Por um instante quase me senti feliz, mas depois concluí que Deus me dissera para lhe dar todo o dinheiro, portanto, não servia meia obediência.
Eu exclamei:
- Oh, irmão! Fique com todo o dinheiro! Por favor! Deus disse-me para lho dar todo!
- Bom, então – respondeu ele – se Deus lhe disse para o dar eu aceito-o.
Depois começou a louvar a Deus por ter satisfeito mais uma necessidade na sua vida.

Embora a satisfação da nossa necessidade parecesse mais afastada do que nunca, os nossos corações sentiam a paz que vem da obediência.
Na manhã seguinte chegou outra carta à nossa caixa do correio com uma caligrafia desconhecida vinda de uma cidade que também não conhecíamos.
Dentro dela encontrei um cheque, o maior cheque que já alguma vez vira, tendo nele o meu nome escrito. 50 dólares! Um bilhete dizia: «Esta noite não consegui dormir. Deus falou-me ao coração dizendo-me que o senhor precisaria deste dinheiro, que me levantasse imediatamente e o enviasse para si de maneira a recebê-lo no correio da manhã. Eu achei que podia esperar até de manhã, mas Deus disse: - Não!»

Como nós louvámos a Deus! Ele transformara os pequenos sapatos numa nota de 20 dólares. Depois transformara os 20 dólares em 50!

Mas a história ainda não acabou:

No domingo seguinte à noite, o ébrio (o pai do rapazinho que ficara com os sapatos do Jimmie) veio à igreja juntamente com um seu 'companheiro' e vários membros de ambas as famílias. Depois de termos acabado de orar o homem segurou firmemente a minha mão e disse:
- Irmão Allen, nunca achei que os pregadores servissem para grande coisa nem nunca tive muito tempo para a religião. Inclusivamente, já menti a seu respeito e tentei prejudicá-lo de todas as maneiras possíveis. Mas, quando vi que o amor de Deus conseguiu levá-lo a tirar os sapatos dos pés do seu próprio filho e a calçá-los nos pés do meu, não consegui aguentar mais tempo e tive que vir.

Deus usou a oferta de sacrifício e a fé obediente da minha esposa para suprir a nossa necessidade, a necessidade do evangelista e para trazer muitas almas à salvação.

Publicado em «Shepherdess Newsletter», Maio 1989,
Associação de N. York Via Shepherdess Internacional