sexta-feira, 24 de setembro de 2010

LAR, doce LAR




O Dr. James Dobson é psicólogo e conselheiro familiar há mais de 25 anos, além de fundador e presidente da Focus on the Family, uma organização que se dedica ao apoio e preservação de lares e famílias em todo o mundo. Os seus programas são transmitidos mundialmente por mais de 4 000 emissoras de rádio, e as revistas publicadas pela Focus on the Family são lidas mensalmente por mais de 3 milhões de pessoas.
Editora United Press Ltda

Este livro é dedicado à família e aos homens, mulheres e crianças que vivem e amam dentro desta unidade básica da sociedade – o Lar.
As instituições do casamento e da paternidade são essenciais para o futuro da humanidade. Devemos dar-lhes todas as oportunidades para que sobrevivam e floresçam num ambiente cada vez mais hostil. Se os comentários neste livro contribuírem para este objectivo de alguma forma, então
o meu esforço para escrevê-los terá valido a pena.
Dr. James Dobson


INTRODUÇÃO

Obrigada pelo seu interesse neste pequeno livro – Lar, Doce Lar. Permita-me dizer-lhe como ele veio a ser escrito e qual é o motivo por que foi preparado. Nos últimos anos, tenho tido o privilégio de entrar diariamente nos lares de milhões de pessoas através de 250 das maiores emissoras de rádio e estações de televisão nos Estados Unidos. O programa também está a ser transmitido noutros países, visando alcançar 50 milhões de pessoas em cada semana no próximo ano. Este programa de 90 segundos, chamado «Focus on the Family Commentary» (Comentários – Valor para a Família), trata de uma ampla variedade de assuntos relacionados com o casamento, o papel dos pais e questões importantes para o lar.

A única dificuldade de preparar este programa é o tempo muito curto. É realmente um desafio apresentar um tema, dizer alguma coisa útil e interessante sobre ele, e, então, apressadamente, anunciar o encerramento sem exceder o limite de tempo. Alguns de vós sabeis o quanto é difícil resumir qualquer pensamento ou ideia num minuto e meio. É mais fácil falar durante horas do que falar por alguns poucos instantes.
Finalmente, este formato conciso também impõe uma certa disciplina ao processo comunicativo. Cada palavra deve ser escolhida com cuidado. Cada conceito é fervido em alta temperatura até que se reduza ao essencial. Elimina-se tudo o que for supérfluo. O resultado final é uma série de recomendações e comentários que foram afiados e polidos ao ponto máximo.

O leitor não vai desperdiçar tempo algum para chegar à essência da questão. O livro que tem em mãos é uma selecção desses comentários de que falei, que espero sejam do seu interesse e lhe sirvam de ajuda. Eles tratam de Adolescência, Dinheiro, Sexo, Velhice, Disciplina dos filhos e dezenas de outros assuntos que dizem respeito à família. Alguns são práticos. Outros, espirituais. Alguns são sérios. Outros, engraçados. E alguns têm simplesmente a intenção de inspirar o que há de melhor dentro de nós. No final, cada comentário é destinado a fazer a sua própria pequena contribuição para as relações mais importantes – aquelas que florescem no lar – para que sejam um LAR, doce LAR.

Um brinde à sua família.
James C. Dobson, Ph.D.



AUTORIDADE PATERNA

Um escritor especializado no assunto de desenvolvimento da criança sugeriu que os pais e os filhos deveriam estar ao mesmo nível – e assim tomarem decisões baseadas em negociação e acordo. Afinal de contas, disse ele, quem sabe o que é melhor para o menino ou menina? Talvez o filho esteja certo, e o pai, errado.
Quando ouvi esse conselho, do qual discordo fortemente, lembrei-me do pequeno hamster que a minha filha tinha quando era criança.
Certo dia, fiquei observando o pequeno e peludo animal a tentar sair da sua gaiola.
Ele tentou incessantemente abrir a porta e enfiar o narizinho peludo entre as barras da gaiola.

Foi então que notei o nosso cachorrinho bassê, Siggie, sentado a apenas três metros de distância, escondido nas sombras. Ele também estava observando o hamster. As suas orelhas estavam em pé, e era bem óbvio o que ele estava pensando: Vamos lá, nené. Abra essa gaiola e você será o meu almoço.
Se o hamster tivesse a infelicidade de escapar da gaiola, algo que ele queria desesperadamente fazer, morreria em questão de segundos. Obviamente, de onde eu estava, vi algo que o hamster não podia saber. Eu tinha uma perspectiva diferente da dele. Eu podia perceber perigos que ele não podia antever. Por isso, neguei-lhe algo que ele desejava muito conseguir.

A mesma coisa acontece com as crianças. Os pais têm a perspectiva de maturidade que falta aos seus filhos. Às vezes, aquilo mesmo que mais desejam seria desastroso se lhes fosse dado. É por isso que sou um defensor ardoroso da autoridade paterna quando os filhos ainda são pequenos.

Mesmo que os pais não sejam perfeitos, a maioria deles faz o que é melhor para os seus filhos – e não podemos minar a sua capacidade de liderar os seus próprios lares. Essa posição é inequivocamente apoiada pelas Escrituras. O apóstolo Paulo escreveu: «Filhos, obedecei em tudo aos vossos pais, porque isto é agradável ao Senhor». Colossenses 3:20.





A LIGAÇÃO ENTRE COMPORTAMENTO E CONSEQUÊNCIAS

Proteger uma criança das consequências do seu comportamento pode levá-la a tornar-se mais tarde um adulto imaturo.

Um dos objectivos primordiais durante a pré-adolescência é ensinar à criança que o comportamento leva inevitavelmente a consequências. Infelizmente, a conexão é muitas vezes interrompida. Por exemplo, uma criança quer ter um cachorro, mas nunca lhe pedem para alimentá-lo e cuidar dele.

Uma criança de dez anos é apanhada roubando doces numa loja, mas é libertada para ficar sob a custódia dos pais. Nada acontece. Um jovem de quinze anos pega as chaves do carro da família, mas os pais pagam a multa por ele conduzir sem carta de condução.

Assim, durante toda a infância, esses pais amorosos, em seus mal orientados esforços para proteger o filho ou a filha de um desgosto, colocam-se entre o comportamento deles e as consequências naturais e inevitáveis que daí decorrem. Sob tais circunstâncias, uma pessoa jovem pode entrar na idade adulta sem saber realmente que a vida pode feri-lo.

Ele ou ela pode tornar-se um adulto constantemente adolescente precisando sempre que alguém pague a fiança pelas suas confusões e irresponsabilidades.

Como evitar este erro? Ligando o comportamento às consequências.

Se a Jane descuidadamente perde o dinheiro do seu lanche, ela simplesmente fica sem o lanche. Se o Jack perde o autocarro da escola porque se atrasou pela manhã, ele que trate de caminhar até à escola. Obviamente, seria fácil levar este princípio muito longe e tornar-se cruel. Mas um gostinho de fruta amarga que a irresponsabilidade proporciona pode ensinar a um jovem lições valiosas que lhe serão úteis mais tarde.





UMA ESTRELA NA MAÇÃ

Alguns pais referem-se aos seus filhos como a «maçã» dos seus olhos, mas uma mãe que conheço pensa nos seus filhos afectuosamente como a «estrela» na maçã. Essa mãe descobriu um dia que, cortando uma maçã horizontalmente ao meio, em vez de tirar o caroço ou fatiá-la em forma de cunhas de alto a baixo, alguma coisa nova e surpreendente apareceu. Uma perfeita estrela de cinco pontas foi formada pelas pequeninas sementes no centro.

A estrela sempre esteve lá, naturalmente, mas ela simplesmente nunca a tinha visto antes porque olhava a maçã de um ponto de vista diferente. Há aqui uma analogia com as crianças que me intriga. Muitos de nós olhamos para essas pequenas criaturas, que chamamos filhos, de um certo modo, ano após ano.

Nós os vemos talvez como preguiçosos ou irritantes ou exigentes. Mas as crinças são infinitamente complexas, e podemos estar negligenciando qualidades de carácter que nunca vimos antes. Podemos estar perdendo a «estrela» no coração dessas vidas jovens. Se procurarmos vê-las através de novos olhos uma vez ou outra, poderemos vislumbrar toda uma nova e maravilhosa dimensão das suas personalidades que nos passou despercebida antes.

Portanto, dê-lhes uma chance! Comece a olhar os seus filhos de um novo ângulo. Há, prometo, uma estrela engastada nalgum lugar dentro de cada menino e menina.

James Dobson in Lar, doce Lar