sexta-feira, 27 de agosto de 2010

           O QUE DIZ A BÍBLIA ACERCA DA FEITIÇARIA?


A Imagem representa Satanás e os seus anjos quando foram expulsos do Céu.

A feitiçaria é de origem muito antiga e está bem documentada na Bíblia. É descrita como uma prática abominável sob qualquer forma que seja praticada. O povo de Deus é severamente advertido contra ela (Êxodo 22:18; Levítico 20:6, 27; Deuteronómio 18:9-12; Isaías 8:19, 20); o mesmo se diga acerca dos pagãos (Isaías 47:9, 12). «Cansaste-te a procurar conselheiros; que se apresentem e te salvem os que dividem o céu por zonas, auscultando os astros para anunciar todos os meses o que te vai acontecer. Tornaram-se como a palha que o fogo devora; ... Assim será a sorte dos adivinhos, que te esforçavas por consultar desde a juventude. Cada qual fugirá para seu canto e nenhum te poderá salvar.» (Isaías 47:14, 15).

Examinemos brevemente a natureza da feitiçaria no seu contexto bíblico e as razões para as injunções contra ela. Dentre os muitos exemplos registados, examinaremos quatro no Antigo Testamento e os mais notáveis incidentes registados no Novo Testamento.

Moisés e os Magos Egípcios

A história da libertação dos Israelitas do poderoso Faraó é um emocionante drama na luta entre poderes sobrenaturais invisíveis. Por detrás das cenas registadas em Êxodo, capítulos 7 a 9, vemos os dois contestantes no grande conflito - Deus e Satanás. Tudo o que Deus faz, Satanás contrafaz para mal. Deus converte a vara de Aarão numa serpente, e os magos egípcios imediatamente contrafazem isso, mas com desastrosos resultados para eles. Deus converte a água do Nilo em sangue, mas os feiticeiros também contrafazem isso e assim sucessivamente na lista das grandes maravilhas de Deus para humilhar o altivo monarca egípcio e o seu poderoso reino. Apesar das suas contrafacções mágicas, os adeptos egípcios das artes ocultas são incapazes de encontrar um antídoto para as desastrosas pragas. São forçados a admitir: «Isto é o dedo de Deus.» (Êxodo 8:19).

Só Deus Revela o Futuro

A confrontação entre o rei babilónico Nabucodonosor e os seus astrólogos reais constituíu um teste para provar se a astrologia ou qualquer outra forma de arte mágica pode revelar acontecimentos futuros não registados. A astrologia não conseguiu ajudar o rei (que estava sofrendo de amnésia) a recordar o sonho. De novo Deus demonstrou por intermédio do Seu profeta Daniel que só Ele conhece o futuro, e o sonho e o seu significado são revelados ao rei. Os magos são forçados a admitir: «Não há ninguém sobre a terra que possa declarar a palavra ao rei; pois nenhum rei há, senhor ou dominador, que requeira coisa semelhante de algum mago, ou encantador ou astrólogo. Porquanto a coisa que o rei requer é difícil, e ninguém há que a possa declarar diante do rei, senão os deuses, cuja morada não é com os homens.» (Daniel 2: 10, 11, NIV).
Satanás não pode revelar o futuro: só Deus conhece o amanhã! «Ele revela o profundo e o escondido, conhece o que está em trevas, e com Ele mora a luz.» (Daniel 2:22). Só o Deus do céu pode revelar mistérios (Daniel 2:27, 28, NIV). Satánas, que controla os poderes das trevas, apenas pode revelar acontecimentos passados e presentes. Nem sequer pode revelar os incidentes de um sonho não descrito!

Balaão, Balac e a Maldição de Israel

Balaão de Petor, o venal feiticeiro, não só parece ter sido um profeta que se extraviou, mas foi também aparentemente um feiticeiro no sentido africano. Ele tinha grandes poderes ocultos. Estes derivam da sua personalidade (Números 22:6, 7, 17). Mas por mais esforçadamente que este extraviado profeta tenha procurado invocar as forças sobrenaturais para o ajudarem a amaldiçoar Israel, ele apenas pôde fazer o que Deus lhe disse que fizesse. As palavras que pronunciou foram as que Deus pôs na sua língua. Quatro vezes tentou amaldiçoar o povo de Deus enquanto o exasperado Balac, rei de Moab, contorcia as mãos em desespero e angústia à medida que saíam bênçãos dos lábios do homem subornado para amaldiçoar Israel. Contra a sua própria vontade, Balaão foi o instrumento de Deus para abençoar Israel e predizer o seu glorioso futuro. (Números 22:38; 23:11, 12, 25, 26, NIV). Ele estava sob o controle de um Espírito mais poderoso do que Satanás. 0 ímpio Balaão viu claramente acontecimentos futuros, ouviu as palavras de Deus e contemplou as visões do Todo-Poderoso. (Números 24:3, 4, NIV).

O crente cristão não pode ser danificado pela feitiçaria, porque Deus está com o Seu povo. (Números 23:21, 23, NIV.) O Seu anjo acampa-se ao redor dos que O temem e os livra (Salmo 34:7). O confiante filho de Deus está seguro contra a incursão de todos os agentes de Satanás. Nenhuma peste perniciosa de dia ou de noite, nenhumas conspirações e calúnias urdidas em qualquer momento, nenhuma praga ou desastre de qualquer sorte pode atingir os filhos de Deus sem o Seu consentimento (Salmo 91:1-16). Em todas as coisas Deus opera para o bem daqueles que O amam (Romanos 7:28). Nada pode separar Deus dos Seus filhos (Romanos 8:37-39) a não ser o pecado (Isaías 59:2; Romanos 6:22, 23). Só as nossas iniquidades nos podem separar de Deus e da vida abundante que Ele nos oferece desde já, e no futuro da mais gloriosa e plena vida prometida após a morte, na Segunda Vinda. É-nos garantido que depois viveremos felizes para sempre na casa do nosso Senhor (Salmo 23:6) como recompensa pela fé no único Deus vivo enquanto nos encontramos aqui e agora.

É interessante notar que quando Israel abandonou Deus e seguiu a falsa religião de Satanás chamada culto de Baal, colheu as maldições que Deus havia pronunciado sobre os idólatras (Salmo 106:14-43). Aquilo que Balaão deixou de conseguir por meio de sacrifícios e feitiçaria nos cumes montanhosos do Pisga e do Peor, conseguiu fazê-lo aconselhando Balac a levar os incautos Israelitas à idolatria e promiscuidade sexual associadas ao culto de Baal (Números 25:1-9; 31:16; Apocalipse 2:14).

A idolatria está associada com a feitiçaria e a superstição entre os pecados mortais que resultarão em condenação final. (Gálatas 5:20).
O encontro entre Saul e a feiticeira de Endor na véspera da sua batalha final com os Filisteus registada em II Samuel, capítulo 28, é claramente um caso de espiritismo - necromância, isto é, alegada comunicação com os mortos. A Bíblia ensina que isso é impossível, porque os mortos nada sabem - não têm conhecimento nem sabedoria alguma (Eclesiastes 9:5, 6; Salmo 146:4). Eles não louvam nem podem louvar a Deus (Salmo 115:17, 18); mas na ressurreição dos mortos ouvirão a voz de Deus: «Não vos maravilheis disto; porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a Sua voz. E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal para a ressurreição da condenação.» (João 5:28, 29).

Satanás e os seus anjos caídos são os agentes activos no espiritismo e noutras manifestações de poderes ocultos. Esses espíritos de demónios executam actos inexplicáveis, como fazer com que objectos flutuem no ar, abrir e fechar portas misteriosamente, dobrar metal sem a intervenção de mãos ou utensílios humanos, e outras maravilhosas acções mágicas. O catálogo das suas maravilhas é infindável. (2 Pedro 2:4; Judas 6; Mateus 25:41). Estes espíritos maus ou demónios são superiores aos seres humanos e operam através de pessoas que permitem ser controladas por forças malignas para executar as suas obras de destruição.
Eventualmente sofrerão a sua predestinada destruição no fogo da condenação final (Apocalipse 20:9-15; 21:8), juntamente com aqueles que rejeitam o amor de Deus e seguem Satanás, o pai da mentira e originador de todas as formas de falsidade e engano. Os que seguem a idolatria e a feitiçaria (Gálatas 5:20); os que praticam as artes mágicas (Apocalipse 21:8; 22:15); os que praticam o espiritismo ou consultam médiuns e espiritistas, os mortos e outros meios ocultos (Isaías 8:19-22) são especificamente mencionados como sendo excluídos da Cidade Celestial (Apocalipse 21 e 22).

O conflito entre Cristo e Satanás pelo destino final dos homens entrou numa nova fase quando o próprio Criador Se tornou num membro da caída raça humana. Aqui vemos agora um combate diário frente a frente entre Jesus e o diabo. Dos 34 milagres registados nos Evangelhos, cinco dizem respeito a possessão demoníaca e exorcismo. A possessão demoníaca tem sempre sido uma manifestação comum das actividades de Satanás, e ainda continua a ser nos vários países do mundo. (Mateus 9:32-34; 12:22-45; Marcos 1:21-28; 5:1-20; 9:14-29).

A coragem de Jesus em Se opôr destemidamente ao Príncipe dos Demónios, mesmo em face de ameaças físicas contra a Sua própria vida, tem sido sempre um modelo para os cristãos quando têm de lutar contra os diabólicos poderes das trevas e as forças espirituais do mal. (Mateus 4:1-11; Marcos 1:23-34). Os cristãos devem sempre fortalecer-se no Senhor e no Seu excelso poder, revestidos de toda a armadura de Deus (Efésios 6:10-18). Este é o segredo do poder espiritual na grande luta contra a feitiçaria e todos os seus enganos.

Os mais notáveis incidentes que aparecem na Igreja primitiva em relação com o espiritismo são os seguintes:

1. 0 confronto do diácono Filipe com Simão, o grande feiticeiro, na cidade de Samaria (Actos 8:9-13).

2. Paulo e Barnabé reduzindo ao silêncio a oposição do encantador judeu Elimas (Bar-Jesus) em Pafos, na ilha de Chipre (Actos 13:6-12).

3. Paulo e Silas no exorcismo da jovem escrava que tinha espírito de adivinhação em Filipos (Actos 16:16-23).

4. As experiências de Paulo em Éfeso com os ambulantes exorcistas judeus; a conversão dos praticantes de artes mágicas e a fogueira de livros de magia chamados «Encantamentos Efésios» (Ephesia Grammata) e possivelmente também amuletos de feitiçaria, tudo no valor de cinquenta mil peças de prata (Actos 19:11-20).

O cristão deve diariamente fazer a sua escolha entre Cristo e Satanás (Mateus 9:23). Esta é a sua decisão. Se decide por Cristo, foi-lhe prometido poder e protecção contra todos os poderes do mal (Marcos 16:17, 18).

É real ou imaginária a feitiçaria? A evidência está perante nós. O diabo, o deus da demonologia, é tão real como os enganos que ele usa para colher nas suas malhas os estultos, os ingénuos e todos os que dizem: «Não há Deus.» (Salmo 14:1; 53:1). Jesus humanizou-Se para ser Emanuel - «Deus connosco». Ele venceu Satanás em todas as frentes, e aqueles que aceitam a promessa e o poder do evangelho farão, com a Sua ajuda, o mesmo.

Gus Solomons
Professor do Ensino Secundário, em Bulawayo, Zimbábue.