domingo, 22 de agosto de 2010

OS NOSSOS HERÓIS


PENSANDO NA VIDA


Imagem: Memorial Nacional aos Polícias Mortos em Serviço, em Washington, Estados Unidos da América.

Eu disse à Maggie que sairia por aproximadamente uma hora para resolver alguns assuntos pendentes. Quando voltei para casa, ela e as meninas vieram ao meu encontro no carro e me perguntaram se eu tinha ouvido as notícias. Disse-lhes que não. Ela contou-me que um boletim de notícias extraordinário na televisão anunciara que dois polícias de San Jose tinham sido atingidos com tiros: um morreu logo, e o outro estava em condições críticas. O noticiário não tinha dado detalhes nem citado os nomes dos polícias.
Senti a adrenalina a ser lançada por todo o meu corpo. Corri para dentro de casa e peguei no telefone. Nem me conseguia lembrar do número da central e fiquei frustrado quando deu o sinal de interrompido. Continuei a tentar até conseguir efectuar a ligação. Identifiquei-me e perguntei o que tinha acontecido.
Eles disseram-me os nomes dos polícias e deram-me alguns detalhes do tiroteio. Senti que as minhas forças se foram: um companheiro polícia e amigo tinha sido morto, e um outro estava gravemente ferido.
- Qual é o seu tipo de sangue? - Perguntou-me o oficial. - Eles precisam de transfusões de sangue durante a cirurgia.
Eu não tinha o tipo de sangue que eles precisavam. Desliguei o telefone sentindo-me impotente.

Os noticiários apelavam por sangue para o oficial ferido e logo, filas de carros estacionados se formaram do lado de fora do hospital. Eram cidadãos e polícias de outros distritos prontos para doar sangue. Durante toda a tarde, ouvi a rádio e a televisão procurando novas informações. O jornal das seis descreveu a cena do tiroteio e os eventos anteriores que o provocaram. Assisti à cobertura pela televisão do local do crime. O meu coração disparou quando a camara mostrou uma manta amarela sobre o cadáver do polícia. Debaixo dela, podia-se ver a inconfundível faixa branca na calça do uniforme. Do outro lado, um braço estendido, imóvel no chão. Aquilo não era Hollywood, era a vida real - e a morte!
A cena mudou para a cobertura ao vivo do lado de fora do hospital onde o outro polícia estava a ser operado. O repórter disse que tinha acabado de receber a notícia da morte do polícia durante a cirurgia.
Senti como se estivesse sonhando, ansioso por acordar logo e ver que aquilo não era real. Mas, no meu coração, sabia que não era um pesadelo. Dois polícias estavam mortos. Não eram os primeiros a morrer em serviço em San Jose, e eu sabia que não seriam os últimos. Porém, era a primeira vez que o departamento perdia dois polícias de uma só vez, e a forma violenta como tudo aconteceu chocou toda a cidade.

Olhei para a Maggie e para as meninas e pensei se ser polícia valia o risco presente em cada momento que saía de casa e ia para o trabalho. Era justo para elas que me arriscasse todos os dias, enquanto carregava o distintivo sobre o meu peito e a arma no coldre? Talvez todas as pessoas que, ao longo dos anos, me disseram que não fariam o meu trabalho nem por um milhão de dólares estivessem certas. Talvez o preço de ser um agente da autoridade fosse muito alto.
Mas, se fosse assim, quem seria agente? Quem estaria lá para responder aos chamados de ajuda quando os assaltantes atacavam ou quem encontraria crianças perdidas? Quem protegeria as estradas e as ruas? Quem estaria pronto a colocar-se entre o criminoso e o cidadão decente? Se não fosse eu, quem seria?
Sabia que não poderia esperar que outra pessoa se tornasse um polícia se eu mesmo estava relutante - especialmente tendo a certeza de que ser polícia era a vontade de Deus para mim.
Estava seguro de poder descansar na sabedoria da Sua vontade.

O funeral dos dois polícias aconteceu seis dias depois. Alguns meses antes, eu tinha sido guarda de honra no funeral de outro polícia de San Jose que morrera em serviço - num acidente de mota - e, agora, novamente, tinha a mesma função. Ainda me podia lembrar da dor que sentira pela sua perda durante o primeiro funeral. E lá estava eu de novo, usando o meu uniforme, na mesma Igreja.
Havia, agora, dois caixões cobertos com duas bandeiras e dois companheiros mortos nas ruas que tinham jurado defender. Dois polícias levantaram-se, naquela manhã, pensando que seria somente mais um dia no cumprimento do dever: ajudando pessoas, fazendo interrogatórios e aplicando multas. Para eles, talvez fosse outro dia para rir com outros polícias durante um breve intervalo da manhã; nenhum deles pensou que o seu turno de trabalho terminaria num tiroteio e que acabariam mortos.

Enquanto seguíamos os caixões até ao auditório, pensei na minha rotina diária, todas as manhãs, antes de ir para o serviço:
Estudar a Bíblia e orar; pegar o almoço e o bilhete que a minha filha escreve para mim todos os dias; despedir-me da Maggie; ir para o carro e piscar as luzes três vezes como sinal de que "eu amo vocês"; então, acenar para elas e ir embora. Raramente penso na possibilidade de não voltar para casa naquela noite ...

Levou cerca de 30 minutos para que 4.500 polícias de mais de 200 delegacias de toda a Califórnia entrassem na igreja. Alguns ficaram no hall de entrada, outros, do lado de fora, e outros ouviram o sermão pelos alto-falantes.
O polícia capelão fez uma pregação apropriada ao momento. Um polícia levantou-se e prestou um tributo ao seu amigo. Quando se sentou, a esposa de um dos oficiais mortos foi à frente e começou a cantar:

«Se paz, a mais doce, me deres gozar.
Se dor, a mais forte sofrer.
Oh, seja o que for, Tu me fazes saber,
Que feliz com Jesus sempre sou.»

Enquanto ouvia as palavras desse hino, um dos meus favoritos, sabia que o meu espírito estava bem. A dor da perda ficaria presente por longo tempo, as lembranças permaneceriam, e as perguntas sobre as tragédias continuariam sem resposta, mas Deus ainda estava no controle, para sempre e sempre.

O culto terminou, e milhares de polícias passaram pelos caixões. Muitos pararam, saudaram os companheiros e saíram para esperar do lado de fora da Igreja. Sendo um dos guardas de honra, ajudei a dobrar as bandeiras que seriam dadas ao nosso polícia chefe, que as entregaria aos familiares. Assim que o som de uma salva de 21 tiros se dissipou, foram ouvidas cornetas. As notas ecoaram pelas montanhas como se um corneteiro distante respondesse ao tributo aos mortos. Novamente, me lembrei do adeus ao polícia morto alguns meses atrás: as Escrituras foram lidas, cânticos foram entoados, homenagens foram feitas, armas foram disparadas, a bandeira dobrada foi entregue, e soaram as cornetas.

Agora, as últimas lágrimas correram dos olhos e tocaram o chão como o orvalho da manhã. Em silêncio, pensei sobre a morte. Descobri que esses pensamentos aproximavam-me de Jesus, o Doador e Guardião da Vida.
As palavras ressoaram dentro de mim: "Sou feliz com Jesus."

David R. Johnson
Histórias para o Coração do Homem (Adaptado)




COMPROMISSO DO BOMBEIRO

Comprometo-me
com a Preocupação com os Outros
Comprometo-me

com a Disponibilidade para ajudar quem precisa
de mim

Comprometo-me com a Coragem:
Coragem para enfrentar e conquistar os meus medos
Coragem para compreender e compartilhar
o Sofrimento daqueles com quem contacto no meu
Trabalho Diário

Comprometo-me com a Força -
Força de Espírito para suportar os fardos
que possam ser colocados nos meus ombros
Força Física para poder levar para a Segurança
os que estão a meu cargo

Comprometo-me
com a Sabedoria para Liderar,
A Compaixão para Confortar
E a Capacidade para Servir desinteressadamente



       SERVIR, Junho 2008

     Associação dos Bombeiros
Voluntários de Agualva-Cacém
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