segunda-feira, 1 de junho de 2015

DISCIPLINA

Talvez O Que Cada Vez Mais... Falte...



... "Orientação da Criança foi preparado sob a direção dos Depositários das Publicações de Ellen G. White em seu escritório de Washington, D.C. ..."

"Grande é a necessidade deste volume. Estão em jogo interesses eternos. Os minuciosos conselhos sobre disciplina, edificação do caráter e educação física e espiritual serão entesourados por todo o pai e mãe previdente.
Que este volume, ao lado de Mensagens aos Jovens, O Lar Adventista, e outros livros de conselhos aos pais e aos jovens, possa servir para guiar os pais e mães na sua importantíssima obra, é o sincero desejo dos publicadores e dos Depositários das Publicações de Ellen White".



OBJETIVOS DA DISCIPLINA

O Domínio Próprio, Objetivo Supremo
O objetivo da disciplina é ensinar à criança o governo de si mesma. Devem ensinar-se-lhe a confiança e direção próprias. Portanto, logo que ela seja capaz de entendimento deve alistar-se a sua razão ao lado da obediência. Que todo o trato com ela seja de tal maneira que mostre ser justa e razoável a obediência. Ajudai-a a ver que todas as coisas se acham subordinadas a leis, e que a desobediência conduz finalmente a desastres e sofrimentos. Quando Deus diz: "Não farás", amorosamente Ele nos avisa das consequências da desobediência, a fim de nos livrar de desgraças e perdas. 1

Alistando o Poder da Vontade
Alcança-se o verdadeiro objetivo da reprovação apenas quando o próprio malfeitor é levado a ver a sua falta, e se consegue a sua vontade no empenho de corrigir-se. Quando isto se cumpre, apontai-lhe a fonte de perdão e poder. 2
Os que ensinam os alunos a sentir que têm o poder para se tornarem homens e mulheres honrados e úteis, serão os que têm êxito mais permanente. 3

Hábitos Corretos, Inclinações, Más Tendências
É obra dos pais restringir, guiar e controlar. Não podem cometer maior mal do que permitir que os filhos satisfaçam todos os seus desejos e fantasias pueris, e deixá-los seguir suas próprias inclinações; não lhes podem, então, causar maior mal do que deixar-lhes na mente a impressão de que devem viver para agradar e divertir-se a si mesmos, para escolher seus próprios caminhos e buscar os seus próprios prazeres e amigos. ... Necessitam os jovens de pais que os eduquem e disciplinem, que corrijam seus maus hábitos e inclinações, e cortem as suas más tendências. 4


Demoli a Fortaleza de Satanás
Mães, o destino de vossos filhos jaz em grande parte nas vossas mãos. Se faltardes ao cumprimento do dever, podereis colocá-los nas fileiras de Satanás e torná-los seus agentes, para arruinar outras almas; ou vossa disciplina fiel e exemplo piedoso podem guiá-los a Cristo, e eles, por seu turno, influenciarão a outros, e assim muitas almas poderão ser salvas por vosso intermédio. 5
Olhemos cuidadosamente e comecemos a apanhar nossos pontos falhos. Derribemos as fortalezas do inimigo. Corrijamos misericordiosamente os nossos queridos, protegendo-os do poder do inimigo. Não desanimeis. 6

Ensinai o Respeito à Autoridade Paterna e Divina
Os filhos ... devem ser ensinados, educados e disciplinados até se tornarem obedientes aos pais, respeitando-lhes a autoridade. Desse modo ser-lhes-á implantado no coração o respeito à autoridade divina, e a educação familiar assemelhar-se-á ao ensino preparatório para a família dos Céus. De tal caráter deve ser o preparo da infância e da juventude que as crianças sejam preparadas para assumir seus deveres religiosos, e assim estejam preparadas para entrar nas cortes de cima. 7
Aquele que é a fonte de todo o conhecimento, declara as condições de nossa habilitação para entrar no Céu da glória, nas palavras: "Bem-aventurados aqueles que guardam os Seus mandamentos para que tenham direito à árvore da vida, e possam entrar na cidade pelas portas." A obediência aos mandamentos de Deus é o preço do Céu, e a obediência aos pais, no Senhor, é a lição muito importante que os filhos devem aprender. 8

Obediência Por Princípio e Não Por Compulsão
Dizei aos vossos filhos exatamente o que deles exigis. Fazei-os compreender que vossa palavra é lei e deve ser obedecida. Assim lhes estareis ensinando a respeitar os mandamentos de Deus, que claramente declaram: "Farás", e "Não farás". É muito melhor vosso pequeno obedecer por princípio que por compulsão. 9

Uma Lição de Implícita Confiança
Isaque é amarrado pelas mãos trementes e amorosas do compassivo pai, porque assim o dissera Deus. ... O filho submete-se ao sacrifício, porque acredita na integridade do seu pai. ... Este ato de fé da parte de Abraão é registado para nosso benefício. Ensina-nos a grande lição de confiança nas reivindicações de Deus, por mais rigorosas e pungentes que sejam; e isto ensina aos filhos perfeita submissão a seus pais e a Deus. Pela obediência de Abraão, é-nos ensinado que coisa alguma é demasiado preciosa para darmos ao Senhor. 10

Os Jovens Responderão à Confiança
Devem os jovens ser impressionados com a ideia de que neles se tem confiança. Têm um senso de honra, e desejam ser respeitados, e têm este direito.
Se os alunos recebem a impressão de que não podem sair ou entrar, sentar-se à mesa, ou estar em qualquer parte, mesmo no seu quarto, a não ser que sejam vigiados, que um olho crítico esteja sobre eles para criticar e relatar, terá isto uma influência desmoralizadora, e a recreação em si não dará prazer. Esse conhecimento de uma vigilância contínua é mais do que tutela paterna, é muito pior; pois os pais sábios podem, com tato, discernir frequentemente sob a superfície e ver a operação da mente irrequieta nos anelos da juventude, ou debaixo das forças da tentação, e estabelecer seus planos de ação para anular o mal. Mas esse constante desvelo não é natural, e produz os males que está procurando evitar. A saúde dos jovens exige exercício, alegria, e que sejam cercados de uma atmosfera feliz e agradável, para o desenvolvimento da saúde física e de um caráter simétrico.
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O Governo de Si Mesmo, Versus Autoridade Absoluta
Muitas são as famílias com crianças que parecem bem educadas enquanto se encontram sob a disciplina; quando, porém, o sistema que as ligou a certas regras se rompe, parecem incapazes de pensar, agir ou decidir por si mesmas. Essas crianças estiveram por tanto tempo sob uma regra de ferro, sem permissão de pensar ou agir por si mesmas, naquilo em que era perfeitamente próprio que o fizessem, que não têm confiança em si mesmas, para procederem segundo seu próprio discernimento, tendo opinião própria. E quando saem de sob a tutela dos pais para agirem por si mesmas, são facilmente levadas pelo juízo de outros a erróneas direções. Não têm estabilidade de caráter. Não foram deixadas em situação de usarem o próprio juízo na proporção em que isto fosse praticável, e portanto a mente não foi devidamente desenvolvida e avigorada. Foram por tanto tempo inteiramente controladas pelos pais que dependem inteiramente deles; estes são mente e discernimento para elas.
Por outro lado jovens não devem ser deixados a pensar e procederem independentemente do juízo de seus pais e mestres. As crianças devem ser ensinadas a respeitar o juízo da experiência, e ser guiadas pelos pais e professores. Sejam educadas de maneira que sua mente se ache unida com a dos pais e professores, e instruídas de modo a poderem ver a conveniência de atender a seus conselhos. Então, ao saírem de sob a mão guiadora deles, seu caráter não será como a cana agitada pelo vento.
A rigorosa educação das crianças, sem lhes dirigir convenientemente o modo de pensar e proceder por si mesmas na medida que o permitam sua capacidade e as tendências da mente, para que assim elas se desenvolvam no pensar, nos sentimentos de respeito por si mesmas e na confiança na própria capacidade de executar, produzirá uma classe débil em força mental e moral. E quando se acham no mundo, para agir por si mesmas, revelarão o fato de que foram ensinadas como os animais e não educadas. Em vez de sua vontade ser dirigida, foi forçada à obediência mediante rude disciplina por parte dos pais e mestres.
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Maus Resultados Sempre que Uma Mente Domina a Outra
Os pais e professores que se gabam de ter completo domínio sobre a mente e a vontade das crianças sob seu cuidado, deixariam de gabar-se, caso pudessem acompanhar a vida futura das crianças que são assim postas em sujeição pela força ou o temor. Essas crianças acham-se quase de todo mal preparadas para partilhar das sérias responsabilidades da vida. Quando esses jovens não mais se encontram sob a direção de pais e mestres, e se veem forçados a pensar e agir por si mesmos é quase certo tomarem uma direção errónea e cederem ao poder da tentação. Não tornam esta vida um êxito e as mesmas deficiências se manifestam em sua vida religiosa. Pudessem os instrutores de crianças e jovens ter traçado diante de si o futuro resultado de sua errada disciplina, e mudariam o seu plano de educação. Aquela espécie de professores que se satisfaz com o manter quase inteiro domínio sobre a vontade dos alunos, não é a mais bem sucedida, embora a aparência no momento seja lisonjeira.
Nunca foi o desígnio de Deus que a mente de uma pessoa esteja sob o completo domínio de outra, e os que se esforçam para fazer com que a individualidade de seus pupilos venha a imergir na deles, e para lhes servirem de mente, vontade e consciência, assumem tremendas responsabilidades. Esses alunos podem, em certas ocasiões, parecer soldados bem disciplinados. Uma vez, porém, removida a restrição, ver-se-á a falta de ação independente, oriunda de firmes princípios.
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Pela Habilidade e Esforço Paciente
Amoldar o jovem na devida maneira, requer habilidade e paciente esforço. Especialmente as crianças que vieram ao mundo oprimidas com uma herança do mal, resultado direto dos pecados dos pais, necessitam da mais cuidadosa cultura, a fim de desenvolverem e fortalecerem suas faculdades morais e intelectuais. E verdadeiramente pesada é a responsabilidade dos pais. As más tendências devem ser cuidadosamente reprimidas e censuradas com ternura; deve a mente ser estimulada em favor do direito. A criança deve ser animada a tentar governar-se a si mesma. E tudo isto deve ser feito judiciosamente ou será frustrado o propósito almejado. 14

1. Educação, pág. 287; 2. Idem, pág. 292; 3. Fundamentals of Christian Education, pág. 58; 4. Manuscrito 12, 1898; 5. Signs of the Times, 9 de fevereiro de 1882; 6. Review and Herald, 16 de julho de 1895; 7. Idem, 13 de março de 1894; 8. Manuscrito 12, 1896; 9. Review and Herald, 15 de setembro de 1904; 10. Testemunhos Seletos, Vol. 1, pág. 353; 11. Fundamentals of Christian Education, pág. 114; 12. Testemunhos Seletos, Vol. I, págs. 316 e 317; 13. Idem, págs. 317 e 318; 14. Christian Temperance and Bible Hygiene, pág. 138.

O TEMPO PARA COMEÇAR A DISCIPLINA

Os Filhos Desobedientes, um Sinal dos Últimos Dias
Um dos sinais dos "últimos dias" é a desobediência dos filhos aos pais. E reconhecem os pais a sua responsabilidade? Muitos parecem perder de vista o vigilante cuidado que devem manter para com os filhos, e permitem-lhes condescender com as más paixões e desobedecer-lhes.
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Os filhos são a herança do Senhor, e a não ser que os pais lhes deem tal preparo que os habilite a conservar-se nos caminhos do Senhor, negligenciam solene dever. Não é a vontade nem o propósito de Deus que as crianças se tornem rudes, ásperas, descorteses, desobedientes, ingratas, profanas, obstinadas, orgulhosas, mais amantes dos prazeres do que amantes de Deus. Declaram as Escrituras que esta condição da sociedade será um sinal dos últimos dias. 2

Os Pais Condescendentes se Desqualificam Para a Ordem do Céu
No Céu há perfeita ordem, perfeita paz e harmonia. Se os pais assim negligenciam trazer os filhos sob a devida autoridade aqui, como poderão esperar que estes possam ser considerados companheiros próprios para os santos anjos num mundo de paz e harmonia? 3
Os que não têm tido nenhum respeito pela ordem e a disciplina nesta vida, não respeitarão a ordem observada no Céu. Não poderão ser ali admitidos; pois todos quantos houverem de ter entrada no Céu, amarão a ordem e respeitarão a disciplina. Os caracteres formados nesta vida determinarão o destino futuro. Quando Cristo vier, não mudará o caráter de ninguém. ... Os pais não devem negligenciar de sua parte nenhum dever para beneficiar seus filhos. Devem educá-los de tal maneira que venham a ser uma bênção para a sociedade aqui, e possam colher a recompensa da vida eterna no porvir. 4


Quando Deve Começar a Disciplina
No momento em que a criança começa a escolher a sua própria vontade e caminho, nesse momento deve começar a sua educação e disciplina. Pode isso ser chamado uma educação inconsciente. Mas é quando deve começar um trabalho consciente e poderoso. O maior peso dessa obra repousa necessariamente sobre a mãe. Tem ela o primeiro cuidado da criança, e deve pôr o fundamento de uma educação que ajude a criança a desenvolver um caráter forte e equilibrado. ...
Frequentemente mostram primeiro os bebés uma vontade muito determinada. Caso essa vontade não seja posta em sujeição a uma vontade mais sábia do que os desejos não educados da criança, Satanás assumirá o controlo da mente e moldará a disposição em harmonia com a sua vontade.
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Negligenciar a obra de disciplinar e educar a ponto de ser fortalecida uma disposição perversa, é causar às crianças um mal muito sério; pois estas crescem egoístas, exigentes, e nada amáveis. Não podem apreciar a sua própria companhia mais do que o podem os outros; portanto, sempre estarão cheias de descontentamento. A obra da mãe deve começar em idade precoce, não dando a Satanás a oportunidade de controlar a mente e a disposição dos seus pequeninos. 6

Reprimi a Primeira Aparência do Mal
Pais, deveis começar a vossa primeira lição de disciplina quando vossos filhos são bebés em vossos braços. Ensinai-lhes a submeter a sua vontade à vossa. Isso pode ser feito usando de imparcialidade e manifestando firmeza. Os pais devem ter completo domínio sobre o seu próprio espírito e com mansidão, e assim mesmo com firmeza, vergar a vontade do filho até que este não espere nada mais senão ceder à vontade deles.
Os pais não começam a tempo. A primeira manifestação de ira não é dominada, e as crianças crescem obstinadas, o que aumenta com o seu crescimento e se fortalece com o seu vigor.
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"Pequeno Demais Para Punir?"
Eli não dirigiu a sua casa segundo as regras de Deus para o governo da família. Seguiu o seu próprio juízo. O extremoso pai deixou de tomar em consideração as faltas e pecados dos seus filhos, na sua meninice, comprazendo-se com o pensamento de que após algum tempo eles perderiam as suas más tendências. Muitos estão hoje a cometer erro semelhante. Julgam que conhecem um meio melhor para educar os seus filhos do que aquele que Deus deu em Sua Palavra. Alimentam neles más tendências, insistindo nesta desculpa: "São muito novos para serem castigados. Esperemos que fiquem mais velhos, e possamos entender-nos com eles". Assim os maus hábitos são deixados a se fortalecerem até que se tornam uma segunda natureza. Os filhos crescem sem sujeição, com traços de caráter que são para eles uma maldição por toda a vida, e que podem reproduzir-se nos outros.
Não há maior desgraça para os lares do que permitir que os jovens sigam o seu próprio caminho. Quando os pais tomam em consideração todo o desejo dos seus filhos, e com estes condescendem no que sabem não ser para o seu bem, os filhos logo perdem todo o respeito para com os seus pais, toda a consideração pela autoridade de Deus e do homem e são levados cativos à vontade de Satanás.
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Ponde o Ensino no Lar Acima de Outras Ocupações
Muitos apontam para os filhos dos ministros (Pastores), professores e outros homens de alta reputação devido ao seu saber e piedade, e insistem em que se esses homens, com suas vantagens superiores, falham no governo da família, os que estão em situação menos favorável, não precisam esperar ter êxito. A questão a ser decidida é: Têm esses homens dado a seus filhos aquilo a que estes têm direito - um bom exemplo, fiel instrução e a devida restrição? É pela negligência desses pontos essenciais que tantos pais dão à sociedade filhos de espírito desequilibrado, impacientes com as restrições e ignorantes quanto aos deveres da vida prática. Nisso estão eles dando ao mundo um prejuízo que ultrapassa todo o bem realizado pelos seus labores. Esses filhos transmitem o seu próprio caráter perverso como herança à sua prole, e o seu mau exemplo e influência corrompem, ao mesmo tempo, a sociedade e causam estragos na igreja. Não posso imaginar que qualquer homem, por maior que seja a sua habilidade e utilidade, esteja servindo melhor a Deus ou ao mundo, enquanto o seu tempo é dedicado a outras ocupações com negligência dos seus próprios filhos. 9

É Prometida a Cooperação Celestial
Deus abençoará uma disciplina justa e correta. Mas "sem Mim", diz Cristo, "nada podeis fazer". Não podem as inteligências celestiais cooperar com os pais e mães que estão negligenciando educar os filhos, que estão permitindo a Satanás manobrar aquela pequena peça do maquinismo infantil, aquela jovem mente, como instrumento pelo qual possa trabalhar para anular a operação do Espírito Santo. 10

1. Review and Herald, 19 de setembro de 1854; 2. Signs of the Times, 17 de setembro de 1894; 3. Testimonies, Vol. 4, pág. 199; 4. Testemunhos Seletos, Vol. 1, págs, 537 e 538; 5. Carta 9, 1904; 6. Manuscrito 43, 1900; 7. Testemunhos Seletos, Vol. 1, págs. 76 e 77; 8. Patriarcas e Profetas, pág. 643; 9. Signs of the Times, 9 de fevereiro de 1882; 10. Manuscrito 126, 1897.


A DISCIPLINA NO LAR

Famílias Bem Ordenadas, Bem Disciplinadas
É dever dos que alegam ser cristãos, apresentar ao mundo famílias bem ordenadas, bem disciplinadas - famílias que mostrem o poder do verdadeiro cristianismo. 1 Não é coisa fácil ensinar e educar filhos sabiamente. Ao procurarem os pais conservar diante deles o juízo e o temor do Senhor, levantar-se-ão dificuldades. Revelarão os filhos a perversidade que lhes está no coração. Revelam amor à tolice, à independência, ódio à restrição e à disciplina. Praticam o engano e proferem falsidades. Muitíssimos pais, em vez de punirem os filhos por estas faltas, fazem-se cegos, para não verem sob a superfície ou discernirem o verdadeiro significado dessas coisas. Continuam, portanto, os filhos com suas práticas enganosas, formando caracteres que Deus não pode aprovar.
A elevada norma da Palavra de Deus é posta de lado por pais que não gostam, como alguns têm denominado, de usar a camisa de força na educação dos filhos. Muitos pais têm decidida aversão aos princípios santos da Palavra de Deus, porque esses princípios sobre eles colocam demasiada responsabilidade. Mas a visão posterior, que todos os pais são obrigados a ter, revela que os caminhos de Deus são os melhores, e que o único caminho da segurança e felicidade está na obediência à Sua vontade.
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Restringir os Filhos Não é Trabalho Fácil
Com o presente estado de coisas na sociedade, não é para os pais fácil tarefa restringir os filhos e instruí-los segundo a regra bíblica do direito. Quando educarem os filhos em harmonia com os preceitos da Palavra de Deus, e, como Abraão na antiguidade, ordenarem a sua casa após si, pensam os filhos que seus pais são demasiadamente cuidadosos e desnecessariamente exigentes. 3

Falsas Ideias Quanto à Restrição
Pais, se quiserdes a bênção de Deus, fazei como Abraão, reprimi o mal, e incentivai o bem. Pode ser necessário certo comando em lugar de satisfazer à inclinação e ao prazer dos filhos. 4
Consentir, porém, que a criança siga seus impulsos naturais, corresponde a consentir que ela se corrompa e se torne hábil no mal. Os pais prudentes não dirão a seus filhos: "Sigam o que quiserem; vão aonde quiserem; façam o que quiserem"; antes dirão: "Ouvi a instrução do Senhor". Devem-se fazer regras e regulamentos sábios, e pôr em execução a fim de que a beleza da vida doméstica se não perverta. 5

Porque a Família de Acã Pereceu?
Considerastes porque foi que todos os que estavam ligados com Acã também foram submetidos ao castigo de Deus? Foi por não terem sido ensinados e educados segundo os ensinamentos que lhes foram dados na grande norma da Lei de Deus. Os pais de Acã haviam educado o filho de tal maneira que este se sentiu com liberdade para desobedecer à Palavra de Deus. Os princípios inculcados na sua vida levaram-no a lidar com os seus filhos de tal maneira que estes também foram corrompidos. A mente age e reage sobre a mente, e o castigo que incluiu os parentes de Acã e ele mesmo, revela o fato de que todos estavam envolvidos na transgressão. 6

O Afeto Cego dos Pais, é o Maior Obstáculo no Ensino
É quase universal o pecado da negligência paterna. Frequentemente existe o afeto cego àqueles que connosco estão ligados por laços naturais. Esse afeto é levado a grande amplitude; não é equilibrado pela sabedoria ou pelo temor de Deus. O cego afeto paterno é o maior obstáculo no caminho da devida educação da criança. Evita a disciplina e o ensino exigidos pelo Senhor. Às vezes, devido a este afeto, parecem os pais ser despojados da razão. Assemelha-se à fraca misericórdia dos ímpios - crueldade disfarçada com as vestes do chamado amor. É a perigosa influência que leva os filhos à ruína. 7
Correm os pais o constante perigo de condescender com os afetos naturais à custa da obediência à lei de Deus. Para agradar aos filhos, permitem muitos pais o que Deus proíbe. 8


Os Pais São Responsáveis Pelo que os Filhos Poderiam Ter Sido
Se, como professores do lar permitirem os pais e mães que os filhos tomem em suas mãos as rédeas do governo e se tornem obstinados, serão considerados responsáveis pelo que estes de outra maneira poderiam ter sido. 9
Aqueles que seguem suas próprias inclinações, com uma afeição cega para com os seus filhos, condescendendo com eles na satisfação dos seus desejos egoísticos, e não fazem uso da autoridade de Deus para repreender o pecado e corrigir o mal, tornam manifesto que estão honrando seus ímpios filhos mais do que a Deus. Estão mais ansiosos por defender a reputação deles do que glorificar a Deus; mais desejosos de agradar aos seus filhos do que comprazer ao Senhor.
Aqueles que têm muito pouca coragem para reprovar o mal, ou que pela indolência ou falta de interesse não fazem um esforço ardoroso para purificar a família ou a Igreja de Deus, são responsáveis pelos males que possam resultar da sua negligência ao dever. Somos precisamente tão responsáveis pelos males que poderíamos ter impedido nos outros pelo exercício da autoridade paterna ou pastoral, como se esses atos tivessem sido nossos.
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Não Há Lugar Para Parcialidades
É muito natural aos pais serem parciais para com seus próprios filhos. Especialmente se esses pais acham que eles mesmos possuem superior habilidade, considerarão seus filhos superiores aos filhos dos outros. Por isso, muito do que seria severamente censurado nos demais, é passado por alto em seus próprios filhos como sendo vivacidade e argúcia. Embora essa parcialidade seja natural, é injusta e nada cristã. Fazemos um grande mal aos nossos filhos quando permitimos que as suas faltas fiquem sem correção. 11

Não Tenhais Compromisso com o Mal
Deve-se deixar esclarecido que o governo de Deus desconhece qualquer transigência com o mal. Nem no lar nem na escola deve ser tolerada a desobediência. Nenhum pai ou professor que tome a peito o bem-estar dos que se acham sob os seus cuidados, transigirá com a vontade obstinada que desafia a autoridade ou recorre a subterfúgios ou evasivas a fim de escapar à obediência. Não é o amor mas o sentimentalismo o que usa de rodeios com as más ações, procura pela lisonja ou o suborno conseguir a submissão e finalmente aceita algum substituto da coisa exigida. 12
Em muitas famílias, hoje, há muita condescendência própria e desobediência que são passadas por alto sem serem corrigidas; também se manifesta um espírito subjugador e autoritário, que cria os piores males na disposição dos filhos. Corrigem-nos às vezes os pais de maneira tão inconsiderada, que sua vida se torna infeliz e eles perdem todo o respeito pelo pai, pela mãe e pelos irmãos e irmãs. 13

Os Pais Deixam de Compreender os Princípios Corretos
É de entristecer o coração ver a imbecilidade de pais no exercício da autoridade que Deus lhes deu. Homens que no demais são firmes e inteligentes deixam de compreender os princípios que deveriam ser aplicados na educação dos seus pequenos. Deixam de lhes dar a instrução correta justamente no tempo em que a instrução correta, um exemplo piedoso, e uma firme decisão, são mais necessárias para dirigir no caminho certo as mentes inexperientes que ignoram as influências enganosas e perigosas com que se devem defrontar em toda a parte. 14
O maior sofrimento que veio à família humana é devido aos pais se haverem apartado do plano divino para seguirem a sua própria imaginação e as suas ideias imperfeitamente desenvolvidas. Muitos pais seguem o impulso. Esquecem-se de que o bem presente e futuro dos filhos requer inteligente disciplina. 15

Deus Não Aceita Desculpa Para a Má Direção
Muitas vezes instala-se nos corações infantis a rebelião, devido a uma errónea disciplina por parte dos pais quando, houvesse sido seguida a devida direcção, elas teriam formado caracteres harmónicos e bons. 16
Enquanto os pais têm o poder para disciplinar, educar e ensinar aos filhos, exerçam eles essa faculdade para Deus. Ele requer deles obediência pura, imaculada e constante. Não tolerará qualquer outra coisa. Não dará escusas pela má direção dos filhos. 17

Vencei o Espírito Natural de Obstinação
Algumas crianças são naturalmente mais obstinadas que outras e não cederão à disciplina, tornando-se consequentemente muito pouco atraentes e desagradáveis. Caso a mãe não tenha sabedoria para lidar nessa fase do caráter, seguir-se-á um estado de coisas muito infeliz; pois tais filhos seguirão seu próprio caminho, para a sua destruição. E quão terrível é um filho alimentar um espírito de obstinação não somente na infância, mas nos anos mais maduros, e, já homem ou mulher, devido à falta de concórdia na meninice, nutrir amargura e falta de bondade para com a mãe que deixou de trazer os filhos em sujeição. 18

Nunca Digais à Criança: "Não posso com Você!"
Nunca permitais que o vosso filho vos ouça dizer: "Não posso com você". Enquanto pudermos ter acesso ao trono de Deus devemos nós, como pais, envergonhar-nos de pronunciar tais palavras. Clamai a Jesus, e vos ajudará a levar vossos pequeninos a Ele. 19


Deve-se Estudar Diligentemente o Governo da Família
Tenho ouvido mães dizerem que não tinham a habilidade de governar que outros têm, que esse é um talento especial que elas não possuíam. Os que reconhecem sua deficiência a esse respeito, devem tornar o assunto do governo da família o seu mais diligente estudo. E mesmo as mais valiosas sugestões dos outros não devem ser adotadas sem ser consideradas e discriminadas. Podem não se adaptar igualmente às circunstâncias de cada mãe, ou à disposição e ao temperamento peculiares de cada criança da família. Estude a mãe com cuidado a experiência de outros, note a diferença entre os métodos deles e os seus, e prove cuidadosamente os que possam parecer de real valor. Se um modo de disciplina não produz os resultados desejados, seja experimentado outro plano, notando-se cuidadosamente os seus efeitos.
Mais que todos os outros, devem as mães acostumar-se a pensar e a investigar. Se perseverarem neste sentido, verificarão estarem adquirindo a faculdade em que se julgavam deficientes, estarem aprendendo a formar corretamente o caráter dos filhos. O resultado do trabalho e da atenção dados a essa obra ver-se-á em sua obediência, simplicidade, modéstia e pureza; e isso recompensará ricamente todo o esforço realizado.
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Os Pais Devem Unir-se na Disciplina
Deve sempre a mãe ter a cooperação do pai em seus esforços para pôr nos filhos o fundamento de um bom caráter cristão. Um pai compassivo não deve fechar os olhos às faltas dos filhos, por não ser agradável ministrar a correção. 21
Princípios retos devem ser estabelecidos na mente da criança. Se os pais estiverem unidos nessa obra de disciplina, a criança compreenderá o que dela se requer. Mas se o pai, por palavras e pelo olhar mostrar que não aprova a correção que a mãe aplica, se achar que ela é estrita demais, e julgar que deve compensar a severidade afagando e transigindo, a criança será arruinada. Os pais condoídos praticarão insinceridade, e a criança logo saberá que pode fazer o que quer. Os pais que cometem esse pecado contra os filhos são responsáveis pela ruína da sua alma. 22

A Influência Combinada do Afeto e da Autoridade
Para que raie a luz do Sol em vossa casa, deixai que a luz da graça celeste irradie sobre o vosso caráter. Haja paz, palavras agradáveis, e semblantes alegres. Não é isso um afeto cego, nem aquela ternura que incentiva o pecado por uma insensata condescendência e que é a mais verdadeira crueldade, não é aquele falso amor que permite os filhos governarem e tornar os pais escravos dos seus caprichos. Não deve haver parcialidade paterna nem opressão. A influência combinada do afeto e da autoridade dará a forma correta à família. 23

Representai o Caráter de Deus na Disciplina
Sede firmes, decididos, na execução da instrução bíblica. Mas estai livres de toda a paixão. Tende em mente que quando vos tornais ásperos e irrazoáveis perante vossos pequenos, estais-lhes ensinando o mesmo. Deus exige que eduqueis vossos filhos, pondo em vossa disciplina toda a autoridade de um sábio professor que está sob o domínio de Deus. Se em vosso lar for exercido o poder convertedor de Deus, vós mesmos sereis constantes aprendizes. Representareis o caráter de Cristo, e os vossos esforços nesse sentido agradarão a Deus. Nunca negligencieis a obra que deveria ser feita em favor dos membros mais novos da família de Deus. Pais, vós sois a luz do vosso lar. Brilhe a vossa luz em palavras agradáveis, em calmo tom de voz. Tirai delas tudo o que fere, pela oração a Deus em busca do domínio próprio. E os anjos estarão em vosso lar, pois observarão a vossa luz. De vosso lar corretamente dirigido, irradiará para o mundo em correntes fortes e claras a disciplina que dais aos vossos filhos. 24

Nenhum Desvio dos Princípios Retos
Antigamente era considerada a autoridade paternal; então os filhos se achavam em sujeição aos pais, temiam-nos e os reverenciavam; nesses últimos dias, porém, a ordem está invertida: Alguns pais estão sujeitos aos filhos. Temem contrariar a vontade deles e portanto cedem. Mas enquanto os filhos se encontrarem sob o teto paterno, dependendo dos pais, devem estar subordinados ao seu domínio. Os pais devem agir com decisão, exigindo que seus pontos de vista do direito sejam seguidos. 25

Dai Passos Extremos Caso a Desobediência Voluntária Seja Desenfreada
Alguns pais condescendentes e de amor fácil temem exercer completa autoridade sobre os seus filhos desgovernados, para que não fujam de casa. Seria melhor alguns fazerem isso do que permanecerem em casa para viver sob a generosidade concedida pelos pais, e ao mesmo tempo pisar toda a autoridade tanto humana como divina. Poderia ser uma experiência muito proveitosa a tais filhos ter plenamente esta independência que julgam tão desejável, aprender que custa esforço viver. Digam os pais ao menino que ameaça fugir de casa: "Meu filho, se você determinadamente prefere deixar a casa a obedecer a leis justas e próprias, nós não lho impedimos. Você julga achar o mundo mais amigável do que os pais que de você têm cuidado desde a infância. Você deve aprender por si mesmo que está enganado. Quando quiser voltar para a casa paterna, e estar sujeito à sua autoridade, será bem vindo. As obrigações são mútuas. Enquanto tem o alimento, o vestuário e o cuidado paterno, está por seu turno sob a obrigação de se submeter às regras do lar e à disciplina sadia.
A minha casa não pode ser poluída com o mau cheiro do fumo, com a profanação ou com a embriaguez. Desejo que os anjos de Deus venham ao meu lar. Se está completamente determinado a servir a Satanás, estará melhor com aqueles cuja companhia você ama, do que estar em casa."
Tal atitude interromperia a carreira descendente de milhares. Mas com muita freqüência sabem os filhos que podem fazer o pior, e uma mãe insensata intercederá por eles e lhes encobrirá as transgressões. Muito filho rebelde exulta porque seus pais não têm coragem de restringi-los. ... Não impõem obediência. Tais pais estão encorajando os filhos na dissipação e desonrando a Deus por sua insensata transigência. É essa juventude rebelde e corrompida que forma o elemento mais difícil de controlar nas escolas e colégios.
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Não Vos Canseis de Fazer o Bem
A obra dos pais é contínua. Não deve ser realizada vigorosamente um dia e negligenciada no outro. Muitos estão prontos a começar a obra, mas não estão dispostos a nela perseverar. Estão ansiosos por fazer alguma grande coisa, um grande sacrifício; mas estremecem ante o cuidado e esforço incessante nas coisas pequenas da vida diária, no podar e dirigir a cada instante as tendências obstinadas, na obra de instruir, reprovar e incentivar pouco a pouco conforme for necessário. Desejam ver os filhos corrigirem suas faltas e formarem bons caracteres imediatamente, alcançando num salto o topo da montanha e não em passos sucessivos. E visto suas esperanças não se realizarem imediatamente, ficam desanimados. Que tais pessoas criem coragem ao se lembrarem das palavras do apóstolo: "E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido". 27
Os filhos dos crentes observadores do Sábado, talvez se tornem impacientes com a restrição, e julguem os pais muito estritos; é possível até que se levantem maus sentimentos em seu coração e que eles nutram ideias de descontentamento, fiquem ressentidos contra os que estão trabalhando pelo seu bem presente, futuro e eterno. Se, porém, a vida lhes for poupada por alguns anos, hão de bendizer os pais, por aquele estrito cuidado e fiel vigilância sobre eles nos anos de sua inexperiência. 28

Lede as Admoestações da Palavra de Deus
Quando os filhos erram, devem os pais tomar tempo para lhes ler ternamente da Palavra de Deus as admoestações que especialmente se apliquem ao seu caso. Ao serem provados, tentados ou desanimarem, citai-lhes as suas preciosas palavra de conforto, levando-os gentilmente a pôr em Jesus a sua confiança. Assim a mente jovem pode ser dirigida para o que é puro e enobrecedor. E ao serem revelados ao entendimento os grandes problemas da vida e o trato de Deus para com a raça humana, são exercitadas as faculdades do raciocínio, é posto em ação o julgamento, enquanto as lições da verdade divina são impressas no coração. Assim podem os pais estar moldando diariamente o caráter dos filhos, a fim de que se habilitem para a vida futura. 29

1. Review and Herald, 13 de abril de 1897; 2. Idem, 30 de março de 1897; 3. Signs of the Times, 17 de abril de 1884; 4. Carta 53, 1887; 5. Conselhos aos Professores, Pais e Estudantes, pág. 99; 6. Manuscrito 67, 1894; 7. Review and Herald, 6 de abril de 1897; 8. Idem, 29 de janeiro de 1901; 9. Idem, 15 de setembro de 1904; 10. Patriarcas e Profetas, págs, 641 e 643; 11. Signs of the Times, 24 de novembro de 1881; 12. Educação, pág. 290; 13. Carta 75, 1898; 14. Manuscrito 119, 1899; 15. Manuscrito 49, 1901; 16. Test. Seletos, Vol. 1, pág. 138; 17. Review and Herald, 13 de abril de 1897; 18. Manuscrito 18, 1891; 19. Review and Herald, 16 de julho de 1895; 20. Signs of the Times, 11 de março de 1886; 21. Testimonies, Vol. 1, págs, 546 e 547; 22. Manuscrito 58, 1899; 23. Review and Herald, 15 de setembro de 1891; 24. Manuscrito 142. 1898; 25. Test. Seletos, Vol. 1, pág, 75; 26. Review and Herald, 13 de junho de 1882; 27. Signs of the Times, 24 de novembro de 1881; 28. Test. Seletos, Vol. 1, pág. 150; 29. Review and Herald, 13 de junho de 1882.

Texto do livro Orientação da Criança de Ellen G. White, Publicadora Atlântico/SerVir.