domingo, 7 de abril de 2013

OS SETE PECADOS CAPITAIS DA NUTRIÇÃO


Um Importante Problema de Saúde Pública no Nosso País

As doenças cardiovasculares constituem a principal causa de doença, morte e custos em saúde da população portuguesa, apesar dos enormes progressos diagnósticos e terapêuticos que têm ocorrido nas últimas décadas. A prevenção destas doenças deve assentar num estilo de vida que inclua uma alimentação adequada, actividade física regular e uma vida sem tabaco, o que por si só pode evitar a grande maioria de eventos cardiovasculares, como o enfarte do miocárdio e o acidente vascular cerebral (AVC).
Nos últimos anos tem-se desenvolvido uma nova ameaça para a população portuguesa, em particular para os jovens, em resultado do abandono progressivo da nossa tradicional dieta mediterrânica, que está a ser substituída pela denominada 'fast food', alimentação rica em calorias, gorduras saturadas, sal e açúcares, e pobre em fibra vegetal e micronutrientes essenciais. Estudos recentes mostram que as crianças portuguesas são as segundas da Europa com maior excesso de peso e obesidade, o que leva a prever futuros problemas de saúde. Este drama da obesidade infantil é também explicado por outros estudos que mostram que a população portuguesa é a mais sedentária da Europa. São bem conhecidas as vantagens da actividade física regular, que pode passar por uma simples marcha diária, em passo rápido, com duração mínima de meia hora.

Esta epidemia de obesidade infantil, em desenvolvimento, arrisca desencadear uma constelação de factores de risco como a hipertensão arterial, o colesterol elevado e a diabetes, que irão provocar complicações cardiovasculares, responsáveis por uma potencial futura redução de esperança de vida
das novas gerações.

Atenção à Obesidade Abdominal

O conhecimento científico mais recente aponta para que seja prestada atenção especial à obesidade abdominal. Esta é devida à acumulação de gordura à volta e dentro das vísceras abdominais, tais como o fígado. Ora esta gordura intra-abdominal é constituída por células gordas, os adipócitos que são verdadeiros órgãos endócrinos, por produzirem substâncias tóxicas para o nosso coração, artérias e pâncreas.
Para além de estimularem o desenvolvimento de factores de risco cardiovascular, como a hipertensão arterial, um colesterol de alta densidade, baixo (HDL - a fracção boa do colesterol), os triglicéridos elevados, e a tendência para o desenvolvimento de diabetes, estas toxinas têm um efeito próaterogénico directo na parede arterial. Aliás este conjunto de factores de risco é conhecido pelo nome de síndrome metabólico. Múltiplos estudos clínicos, como por exemplo, o importante estudo InterHeart, mostraram que esta obesidade pode induzir um risco cardiovascular maior que, por exemplo, a diabetes ou a hipertensão.
A medição do perímetro abdominal constitui um método simples e rápido para diagnosticar a presença de gordura intra-abdominal em excesso, dado que os dois se correlacionam intimamente entre si. A presença de um perímetro abdominal aumentado é o elemento mais importante para fazer o diagnóstico de síndrome metabólico. Os indivíduos assim identificados estão em risco elevado de eventos cardio-vasculares, pelo que requerem uma intervenção para reduzir esse risco, que passa em primeiro lugar pela adopção de uma alimentação saudável e de actividade física regular.

Sensibilizar a Mulher. Outro aspecto crítico a salientar é o das doenças cardiovasculares só na mulher serem responsáveis por mais de 22.000 óbitos por ano, devidos essencialmente ao acidente vascular cerebral e à cardiopatia isquémica. Surpreendentemente morrem mais 4000 mulheres (...).

Professor Doutor Manuel Carrageta, Presidente da Fundação Portuguesa de Cardiologia in Anamnesis, Vol. 18, Nº 179, Artigo de Opinião. (sic)

VALERÁ  A  PENA  SER:


Durante séculos alguém que fosse vegetariano era considerado pelos amigos e desconhecidos como apoucado, com ideias místicas e fanático. O vegetarianismo era visto, também, como expressão de crenças excêntricas ou de conceitos filosóficos.
Alguns vegetarianos tornaram-se populares ao longo da história e muitos basearam a sua rejeição da carne em princípios metafilosóficos ou políticos. Pitágoras, matemático e filósofo grego, opôs-se ao consumo de animais porque acreditava que a alma humana era imortal e que se introduzia num novo corpo após a morte, talvez na de um animal. Mohandas Gandhi procurou mostrar que a alimentação sem carne e a não violência estavam intimamente relacionadas. Outros mais poderíamos mencionar, tais como Leonardo da Vinci, George Bernard Shaw, Benjamim Franklin e Sylvestre Graham.
Apesar de que, infelizmente, algumas vezes o público tem formado conceitos equivocados sobre o vegetarianismo, hoje já não se põe em dúvida o valor da alimentação vegetariana. Antes pelo contrário, durante estes últimos anos, este tipo de alimentação tem sido objecto de pesquisas e estudos clínicos na busca de conhecer mais sobre a relação alimentação-enfermidade, factores de longevidade ou meios de prevenção das doenças.
"Haverá na realidade vantagens em seguir uma alimentação vegetariana? Poderá viver-se sem carne? Ser vegetariano será comer unicamente alface e cenoura?"
Não há nenhum factor miraculoso na carne. Todos os nutrientes de que necessitamos podem ser encontrados abundantemente numa grande variedade de alimentos de origem vegetal.
Estudos recentes têm mostrado que a alimentação isenta de produtos cárneos oferece benefícios, diminuindo os factores de risco associados à alimentação ou retardando o aparecimento de determinadas doenças degenerativas.
A grande quantidade de gordura saturada e de proteína, assim como a ausência de fibra na carne têm sido relacionadas com doenças degenerativas, tais como o cancro, a aterosclerose, diabetes, obesidade e algumas outras enfermidades.


Que é a Alimentação Vegetariana?

Vegetarianismo não consiste exclusivamente de vegetais; outros alimentos importantes, tais como legumes, oleaginosas, cereais, ovos e produtos lácteos podem estar incluídos.
Alguns vegetarianos, provavelmente a grande maioria, consomem leite, queijos e ovos; outros abstêm-se de qualquer alimento de origem animal, limitando-se a uma dieta totalmente vegetal. Podemos dividir os vegetarianos em três grupos principais:

1 - Lacto-Vegetarianos - alimentos de origem vegetal, tais como cereais, legumes, oleaginosas, frutos e vegetais são complementados com leite e seus derivados.

2 - Ovo-Lacto-Vegetarianos - inclui ovos, leite, queijos, assim como todos os alimentos de origem vegetal.

3 - Vegetarianos estritos - todos os produtos de origem animal (ovos, carne, peixe e derivados) são excluídos completamente da alimentação. Somente alimentos de origem vegetal são consumidos.


Vejamos, em Seguida, Algumas das Vantagens da Alimentação Vegetariana como Resultado de Estudos Científicos Feitos Durante os Últimos Anos:

Menor Incidência de Certos Tipos de Cancro

A importância da alimentação como determinante do risco de desenvolver certos tipos de cancro tem sido considerada com especial atenção nos últimos anos pelos cientistas, tal como demonstram os relatórios emanados pelo National Research Council on Diet, Nutrition and Cancer.

Os estudos feitos em 1942 por Tannenbaum sobre os efeitos duma alimentação rica em gordura no crescimento de tumores, com animais de laboratório, encontram-se entre os primeiros relatórios que mostram uma relação entre componentes alimentares e cancro.
Experiências recentes feitas em diversos centros de pesquisa têm evidenciado que a alimentação é um factor importante na modificação dos riscos de cancro. Como resultado, bioquímicos e nutricionistas intensificaram as investigações no estudo da origem do cancro, numa tentativa de compreender melhor a influência da alimentação no estilo de vida e no crescimento de determinados tipos de cancro.

A incidência do cancro do cólon e da mama parece estar directamente relacionada com a alimentação. Em certos países, o cancro do cólon é a principal causa de morte de cancro em ambos os sexos. Estudos internacionais mostram uma estreita relação entre os hábitos alimentares e a distribuição geográfica das populações. As nações industrializadas da Europa e América do Norte mostram a mais alta incidência quando comparadas com os países da Ásia ou África. As populações que apresentam os riscos mais elevados geralmente consomem grandes quantidades de gordura, proteína animal e hidratos de carbono refinados, em contraste com as populações de baixo risco da Ásia e África.

Estudos científicos têm mostrado que, de uma maneira geral, as populações que consomem grandes quantidades de proteína animal e gordura saturada que a acompanha, têm a incidência mais alta de cancro do cólon. As mesmas populações tendem a consumir menos fibra do que as que comem menos proteína animal.
Os alimentos com baixo teor em fibra aumentam o tempo de passagem dos produtos da digestão no intestino e favorecem a produção de fezes mais reduzidas em volume com a consequente obstipação. Desta maneira, os possíveis carcinógenos são menos diluídos e com o passar dos anos lentamente iniciam o crescimento de pólipos e o posterior aparecimento de cancro (1).
O colesterol tem sido indicado como um factor etiológico tanto das doenças coronárias como dos tumores malignos.
De uma maneira geral, evidências epidemiológicas parecem mostrar que as populações que consomem muita gordura e colesterol tendem a estar mais predispostas a certos tipos de tumores cancerosos, tais como os do cólon, recto e mama, do que os que usam poucas ou moderadas quantidades destes dois componentes da alimentação.
Uma alimentação rica em gorduras e colesterol pode resultar na formação de substâncias, semelhantes aos estrogénios, no aparelho digestivo, facilitando, deste modo, o crescimento do cancro da mama e do útero (2).
Pensa-se, porém, que uma possível protecção contra o cancro pode existir em determinados vegetais e frutos, incluindo a couve-flor, couve de Bruxelas, bróculos, nabos, couve, espinafres, aipo, cítricos, leguminosas e sementes, alimentos que estimulam a produção de enzimas que bloqueiam a acção de certas substâncias cancerígenas (3).
Assim, entre os factores que podem aumentar o risco de cancro salientam-se: grandes quantidades de gordura, saturada ou insaturada, ausência de fibra, alimentos ricos em colesterol, assim como alimentos muito calóricos.
A alimentação cárnea parece alterar o metabolismo de certas hormonas do homem e da mulher, sendo estas alterações possivelmente significativas no aparecimento do cancro da mama e da próstata (4).
Por enquanto, resta-nos ficar na expectativa de que futuras investigações possam esclarecer melhor o papel da alimentação cárnea na etiologia destes tipos de cancro.

Retarda a Desmineralização dos Ossos - Osteoporose

A osteoporose, doença caracterizada pela perda de tecido ósseo, com a consequente vulnerabilidade às fracturas, tornou-se, actualmente, um dos maiores problemas de saúde.
A incidência da osteoporose é muito maior entre as mulheres após a menopausa que entre os homens. Crê-se que 90% de todas as fracturas depois dos 60 anos são devidas a osteoporose (5).
Um estudo feito por Marsh (6) mostrou que até à menopausa não existem diferenças significativas na densidade óssea entre as vegetarianas e as consumidoras de carne. Porém, nos anos posteriores à menopausa, a desmineralização óssea torna-se acentuadamente mais acelerada entre as não vegetarianas. As mulheres de idade avançada que consumiram carne durante toda a sua vida mostram uma percentagem mais alta de desmineralização óssea, (35%), do que as mulheres da mesma idade cuja alimentação tem sido ovo-lacto-vegetariana, (18%). Destes resultados poderá concluir-se que o efeito desmineralizador produzido pela redução de estrogénios é em certo modo compensado com uma alimentação vegetariana.
Portanto, os estudos e investigações feitos sugerem que a alimentação vegetariana pode retardar ou prevenir o aparecimento da osteoporose, doença incurável e debilitante da idade avançada.

Menor Incidência de Cálculos Biliares e Renais

Cientistas britânicos realizaram um estudo entre populações vegetarianas com a intenção de verificar a possível acção da alimentação na formação de cálculos renais (7, 8).
Este estudo mostrou que a alimentação rica em proteína animal aumentava a concentração urinária de cálcio, oxalato e ácido úrico, enquanto que a alimentação pobre em proteína animal tinha um efeito contrário. O cálcio, o oxalato e o ácido úrico são três dos seis factores mais importantes na formação de cálculos renais.
Num outro estudo (9), os ratos de laboratório que eram alimentados com proteína animal apresentavam uma percentagem mais alta de cálculos biliares (44%), do que os ratos alimentados com proteína vegetal (12%). É interessante verificar que, quando os ratos eram alimentados com uma mistura de proteína animal e vegetal em diferentes proporções, o índice de incidência de cálculos biliares diminuía proporcionalmente a redução da quantidade de proteína animal da mistura. Isto poderia indicar que a alimentação vegetariana diminui a concentração de colesterol na bílis, reduzindo desta maneira a incidência de cálculos biliares.

Protege o Seu Coração

As doenças cardiovasculares tornam-se epidémicas no séc. XX, devido em grande parte ao estilo de vida errado promovido pela industrialização da sociedade.
Pode dizer-se que a actual maneira de viver, caracterizada pelo consumo excessivo de gorduras saturadas, calorias e sal, associada à vida sedentária, ao hábito de fumar e ao stress, favorece o aparecimento da aterosclerose.
As gorduras saturadas e o colesterol, obtidos especialmente a partir dos alimentos de origem animal, são considerados os principais responsáveis pela formação de placas ateroscleróticas que, uma vez depositadas nas paredes das artérias, obstruem, pouco a pouco, a passagem livre do sangue, levando ao aparecimento da aterosclerose e aos consequentes problemas cardiovaculares. Sabe-se também que uma modificação na alimentação, por si só ou associada a medicamentos específicos, pode reduzir a quantidade de gordura do sangue e diminuir a incidência dos ataques cardíacos (10, 11).
Numa experiência interessante realizada por um grupo de cientistas, 21 vegetarianos dispuseram-se voluntariamente a comer durante 4 semanas 250 gr de bife. No fim do período de experiência, o nível do colesterol tinha aumentado 19% e a pressão sistólica 3%. Além destes efeitos, modificações psicológicas e emocionais também foram observadas, tais como ansiedade, depressão, hostilidade, confusão e fadiga com diminuição de vigor (12).
Um outro factor responsável pelas doenças cardiovasculares é a hipertensão. Os vegetarianos têm em geral a pressão arterial mais baixa, independentemente do sexo, idade, altura e peso (13, 14).
Os resultados obtidos nas primitivas populações vegetarianas mostram que a baixa incidência de hipertensão verificada era devida à pouca quantidade de sal usada no tempero dos alimentos. O sal e o excesso de peso continuam a ser considerados importantes na evolução e tratamento da hipertensão.
O potássio parece actuar na regulação da pressão arterial através de vários mecanismos. É um elemento importante no equilíbrio do sódio e um possível protector contra as propriedades hipertensores do excessivo uso de sal na comida. Por outro lado, tem-se verificado que os vegetarianos excretam maiores quantidades de potássio que os não vegetarianos: as pessoas que eliminam maiores quantidades de potássio têm a pressão arterial mais baixa. O potássio parece ser também importante como causa de decréscimo na actividade de determinados compostos químicos produzidos no organismo que interferem no controlo da pressão arterial. Alguns autores sugerem que o potássio é um elemento protector da hipertensão, possivelmente alterando a resistência vascular periférica (15).
É de concluir, portanto, que uma alimentação ovo-lacto-vegetariana equilibrada provê todos os nutrientes necessários para a saúde e pode prevenir o aparecimento de determinadas doenças (16).
O resultado dos recentes estudos epidemiológicos deve motivar-nos a mudar o nosso estilo de vida para gozar uma melhor saúde e prevenir as doenças degenerativas.
Uma boa saúde não é fruto do acaso nem uma dádiva do apetite, mas é o resultado duma opção sábia por um estilo de vida equilibrado, o qual inclui o uso de abundante variedade de alimentos que a Natureza nos proporciona.


Referências
(1) Kurup, Achutha D.; Jayakumari, N.; Indira, M.; Kurup, Muraleedhara; Vargheese, Thomas; Mathew, Anila; Goodman, Gordon I.; Calkins, Beverly M.; Kessie, Goerge, «Diet, Nutrition, and Metabolism in Populations at High and Low Risk for Colon Cancer. Composition, Intake, and Excretion of Fiber Constituents», American Journal of Clinical Nutrition, 40:942-946, 1984.
(2) Howie, Beverly J. and Shultz, Terry. «Dietary and Hormonal Interrelationships Among Vegetarian Seventh-day Adventists and Nonvegetarian Men», American Journal of Clinical Nutrition, 42:127-134, 1985.
(3) Nair, Padmanabhan P. «Diet, Nutrition Intake, and Metabolism in Populations at High and Low Risk for Colon Cancer», American Journal of Clinical Nutrition, 40:880-886, 1984.
(4) Howie, Beverly and Shultz, Terry, Obra citada.
(5) Recker. Robert R. «Osteoporosis», Contemporary Nutrition, vol. 8, Nº 5, Maio, 1983.
(6) Marsh, Alice G.; Sanchez, Tom U.; Chaffee, Fonda. «Bone Mineral Mass in Adult Lacto-ovo-vegetarian and Omnivorous Males», American Journal of Clinical Nutrition, 37:453-456, 1983.
(7) Robertson, M. G.; Peacock M.; Heyburn, P. J.; Marshali, D. H. and Clark, P. B. «Risk Factors in Calcium Stone Disease of the Urinary Tract», British Journal of Urology, 50:449, 1978.
(8) Robertson, M. G.; Peacock, M.; Heyburn, P. J.; Hanes, F. A.; Rutherford, A.; Clementson E.; Swaminathan, R.; and Clark, P. B. «Should Recurrent Calcium-Stone Formers Become Vegetarians?», British Journal of Urology, 51:427, 1979.
(9) Kushi, L. H.; Lew, R. A.; Stare, F. Y.; Ellison, C. R. «Diet and 20-Year Mortality from Coronary Heart Disease, The Ireland-Boston Diet-Heart Study», New England Journal of Medicine, 312:811, 1985.
(10) Hjermann, I.; Holm, I.; Byre, K.V.; Leren, P. «Effect of Diet and Smoking Intervention on the Incidence of Coronay Heart Disease», Lancet, 2:1303, 1981
(11) «The Lipid Research Clinics Coronary Primary Prevention Trial Results: I. Reeducation in Incidence of Coronary Heart Disease», Journal of the American Medical Association, 251:351, 1984.
(12) Sacks, F. M.; Donner, A.; Castelli, W. P.; et al. «Effect of Ingestion of Meat on Plasma Cholesterol of Vegetarians», Journal of the American Medical Association, 246:640-644, 1981.
(13) Melby, C. L.; Hyner, G. C.; Zoog, B. «Blood Presssure in Vegetarians and Non-Vegetarians: a Cross-sectional Analysis», Nutrition Research, 5:1077-1082, 1985.
(14) Beilin, C. L. «Vegetarian Approach to Hypertension», Canadian Journal of Physiology and Pharmacology, 64:852-855, 1986.
(15) Ophir, Orna; Peer, Gari; Gilad, Joseph; Blum, Miriam and Aviram, Alexander. «Lou Blood Pressure in Vegetarians: the Possible Role of Potassium», American Journal of Clinical Nutrition, 37:755-762, 1983.
(16) «ADA Reports. Position Paper on the Vegetarians Approach to Eating», Journal of American Dietetics Association, 77:61-69, 1980. (sic)

Eunice Dias, licenciada em Biologia e com Mestrado em Nutrição feito nos EUA in Revista Saúde e Lar, Março de 1990, Publicadora SerVir.




OS SETE PECADOS CAPITAIS DA NUTRIÇÃO

A dieta original de Deus demonstrou-se plenamente adequada para as necessidades humanas de hoje.
Uma visão quanto ao que consumimos, revela o que nos está consumindo.

Há não muitos anos, os Estados Unidos da América orgulhavam-se de ser a nação mais bem alimentada do mundo. Hoje não mais ouvimos semelhante expressão. Em vez disso, ouvimos dizer que estamos nos consumindo a nós mesmos em termos de enfermidade prematura, sofrimento e morte. O que está acontecendo? Qual tem sido o erro?
Considerável parte da resposta pode ser encontrada na dieta praticada no mundo ocidental. Outros fatores causadores de doenças degenerativas são o álcool, tabaco e estilo de vida sedentário.
Quando comparamos o conhecimento atual com aquilo que se acreditava no passado, constatamos várias áreas importantes, nas quais os erros vieram se acumulando. Estes equívocos ajudaram a estabelecer os fundamentos das doenças degenerativas - doenças do ambiente e do estilo de vida, tais como doença arterial coronária (ou do coração), acidentes vasculares cerebrais, hipertensão arterial sistémica, artrite, a maioria dos casos de diabetes e muitas formas de cancro. Examinemos sete áreas particularmente problemáticas.

Alimentos Cárneos

Deus operou uma acentuada modificação na dieta humana após o Dilúvio, ao conceder a Noé e à sua família permissão para o uso da carne de certos animais (veja Génesis 9:3 e 4; 7:2 e 3). A Bíblia deixa implícito que Ele assim procedeu não apenas em virtude da ausência de produtos vegetais, como também a fim de abreviar a existência humana, já que o povo havia devotado as suas longas existências à prática da violência e do mal (Génesis 6:3). Ao passo que Noé viveu mais de 900 anos (como a maioria dos que existiram antes do Dilúvio), o seu filho Sem alcançou apenas 600 anos de vida, e o filho deste atingiu apenas 438 anos. Poucas gerações mais tarde, a média de vida variava entre os 70 e os 120 anos.
Sabemos hoje que uma dieta baseada pesadamente sobre alimentos cárneos provê maior quantidade de proteínas, gorduras e colesterol do que os níveis necessários ao organismo. Rins saudáveis necessitam trabalhar arduamente a fim de eliminar o excesso de proteínas, mas o excedente de gorduras e colesterol gradualmente danifica e por fim destrói os vasos sanguíneos.
Em anos passados, estimativas excessivas quanto às necessidades proteicas perpetuaram o problema, uma vez que a maioria dos alimentos ricos em proteínas são igualmente ricos em gorduras, assim como em colesterol. Hoje a ciência reconhece que uma meta menos rica em proteínas, e muito menos rica em gorduras e colesterol, encontra-se mais de acordo com a ideia de longevidade.

Alimentos Refinados

A refinação dos alimentos converteu-se noutro equívoco nutricional grave, uma vez que o processo priva estes alimentos de suas fibras e muitos nutrientes. A princípio, alimentos refinados eram consumidos sobretudo por pessoas de maior poder aquisitivo; em consequência, estas foram as primeiras a desenvolver doenças degenerativas. Hoje, contudo, os alimentos refinados tornaram-se mais baratos e de ampla disseminação.
Durante boa parte da primeira metade do século atual, as pessoas imaginaram que os alimentos refinados estariam simplesmente deixando de lado elementos que, de todos os modos, não eram necessários ao organismo, uma vez que eram por este eliminados. O alimento puro resultante do processo de refinamento (amido puro e açúcar puro) seriam, imaginava-se, mais rápida e facilmente utilizáveis pelo corpo. Sabemos hoje que esta absorção muito rápida pode conduzir a problemas metabólicos, tais como obesidade, hiperglicémia (diabetes) e hipoglicémia.

Açúcar

O terceiro problema ocorre com o uso generalizado do açúcar. Não apenas os refrigerantes, doces, bolos, sorvetes e outras sobremesas são pesadamente carregados de açúcar, como é ele ainda liberalmente adicionado a quase todos os alimentos enlatados ou processados. O açúcar tornou-se de uso tão prevalente na dieta americana, que chega a representar cerca de 22 por cento da ingestão diária de calorias.
Quando acrescentamos o açúcar às gorduras (40 por cento) e às farinhas e cereais refinados (18 por cento) consumidos pelo americano médio a cada dia, resta-nos apenas uma pequena percentagem de alimentos para o suprimento de fibras e nutrientes. Este arranjo nutricional assimétrico enfraquece o organismo e abre as portas à enfermidade.




Sal

O quarto problema pode ser localizado na ingestão de sal, que chega ao total de 15 a 20 gramas por dia (3 a 4 colheres de chá) nos Estados Unidos - e isto representa várias vezes mais que o necessário. Chegamos até mesmo a preocupar-nos com a possibilidade de não estarmos ingerindo quantidade suficiente de sal, particularmente na época de calor, quando alguns passam a utilizar tabletes de sal. Sabemos agora, porém, que a maioria dos americanos ingere sal em demasia, e este veio a tornar-se um importante fator de hipertensão (pressão alta), insuficiência cardíaca e outros problemas relacionados com a retenção de fluidos pelo organismo.



Gorduras

O quinto erro é a adição de gorduras aos nossos alimentos. Diariamente os americanos ingerem mais gorduras do que os níveis que lhes são saudáveis. Embora os alimentos naturais contenham níveis de gorduras adequados às necessidades humanas, constatamos que quase todos os produtos de panificação e muitos alimentos processados apresentam adição de elevados níveis de lípidos (gorduras). Nozes, embora já sejam naturalmente impregnadas de gordura, são comummente torradas com adição de óleo e sal. Batatinhas fritas e derivados de milho mais do que quadruplicam o seu valor calórico através do óleo que absorvem mediante a fritura, e por vezes são também pesadamente carregados de sal.
Estes produtos, ao lado da manteiga, margarina, caldos de carne, molhos, queijo, aditivos de saladas, ovos, cremes, leite, carne e outros alimentos fritos - alguns deles intensamente fritos - que tanto aprendemos a apreciar, elevaram os nossos níveis de ingestão diária de gorduras para muito além daquilo que o organismo consegue manejar adequadamente.
Como resultado, sofremos de doença arterial coronária (coração), acidentes vasculares cerebrais e obesidade, entre muitos outros problemas.

Bebidas

O sexto hábito alimentar danoso é o consumo de bebidas, tanto acompanhando quanto entre as refeições. Os americanos raramente tomam água pura na atualidade. O consumo de cerveja e bebidas gasosas atingiu as nuvens nas últimas duas décadas, atingindo atualmente vários copos diários por pessoa. Vêm depois o chá e o café, assim como outras bebidas adicionadas de açúcar; acrescem-se vinhos e outras bebidas alcoólicas; por fim, vêm os sucos de frutas, das quais foram retiradas quase todas as fibras.
Todas estas bebidas ricas em calorias requerem digestão e assimilação por parte do organismo. O elevado conteúdo de açúcar, sem o efeito retardatário das fibras, causa absorção excessivamente rápida destes açúcares pela corrente sanguínea, o que sobrecarrega e enfraquece as suas defesas. Adicionalmente, recebemos outros prejuízos a partir do álcool, cafeína, fosfatos, sódio (sal) e outros aditivos químicos contidos em muitas bebidas.
Estamo-nos consumindo a nós mesmos em termos de enfermidade prematura, sofrimento e morte.

Refeições Leves

O sétimo erro que temos praticado em termos nutricionais, diz respeito ao hábito de fazer refeições rápidas e frequentes. Comer entre as refeições regulares veio a tornar-se um hábito arraigado na nossa sociedade. Em alguns lugares as creches ou escolas exigem que estes lanches rápidos sejam providenciados, ou pelo menos colocados à disposição. Hospitais oferecem lanches aos seus pacientes, a menos que a dieta prescrita exija o contrário. A pausa para o café prossegue sendo o padrão nos locais de trabalho; nos lares, observam-se ainda os lanches após o período escolar ou durante sessões de TV.
Estes hábitos perturbam a digestão e fazem crescer muito a carga do estômago. Um dos resultados é a epidemia de obesidade, sendo que um terço da população americana sofre deste mal. Outro resultado é o mal-estar gástrico. Se acompanharmos os comerciais de TV, chegaremos à conclusão de que, como nação, sobrevivemos à custa de medicação para o estômago.
Quem ainda não experimentou a formação de gases, indigestão, inchaços, azias, dores e outros problemas gástricos?
Estes sete problemas servem para ilustrar alguns dos equívocos que os americanos atualmente praticam em termos de dieta. Parece que sofremos pelo excesso de quase tudo - demasiado açúcar, sal, gordura, proteína, colesterol e alimento refinado; excessivo número de calorias, frequência excessiva; e falta, por outro lado, de fibras e carbohidratos complexos (frutas, grãos e vegetais).
O resultado é uma epidemia de sofrimento prematuro, doença, incapacidade e morte precoce com base em doenças degenerativas.

A Solução

Felizmente, podemos evitar a grande maioria dos problemas mediante o retorno à dieta que Deus originalmente concedeu à humanidade (veja Génesis 1:29; 3:18). Lampejos das bênçãos resultantes da adesão ao tipo de dieta escolhida por Deus, podem ser vistos na experiência do povo de Israel, no deserto. Depois de 40 anos de maná, que se imagina fosse uma espécie de grão, os israelitas permaneciam livres das enfermidades dos egípcios (Deuteronómio 7:15; Salmos 105:37); estas - de acordo com estudos realizados em múmias - eram muito parecidas com as doenças da atualidade. Daniel e os seus companheiros também adquiriram vigor com base numa dieta de vegetais e água (Daniel 1:8 a 20).

Deus trouxe novamente este assunto ao conhecimento do Seu povo, com nível considerável de detalhe, há mais de 100 anos, quando a questão nutricional era escassamente compreendida - A Ciência do Bom Viver (e outros livros). Desde então, essas instruções têm permanecido válidas e seguras.

Atualmente os cientistas estão redescobrindo e reafirmando estes princípios nutricionais básicos. Chegaram eles a concluir que se a doença não intervier na vida da pessoa, pode esta estender-se, ainda hoje, a aproximadamente 120 anos.
A dieta original de Deus demonstrou-se plenamente adequada para as necessidades humanas de hoje. Não apenas consegue ela prevenir e retardar o estabelecimento de doenças degenerativas, como é até mesmo capaz de ajudar a curá-las. Melhor ainda: a dieta divina promoverá nível ótimo de saúde e energia por toda a vida.


Aileen Luddington, membro da equipe médica do Weimar Institute - NEWSTART* e editora executiva de Lifeline, boletim da área da saúde editado por The Quiet Hour, in Revista Adventista (brasileira), Agosto de 1990.

*Pode ver em Links 4LS, e ler mais em Meditação para a Saúde, 07.04.13.