quarta-feira, 9 de maio de 2018

Providência  Divina


       

ESTÓNIA: A  Igreja  Que  As  Bombas  Não  Puderam  Destruir

Revisitando  a  Igreja  na  Estónia,  Após  50  Anos  de  Ocupação  Comunista

A II Guerra Mundial alastrava sem misericórdia através da Europa. Em 1944, a destruição havia assolado o Norte da Europa, incluindo os países bálticos. Um jovem Pastor Adventista encontrava-se no cais da estação dos caminhos de ferro e, com o coração partido, ouviu uma sirene de incursão aérea começar o seu sinistro som agudo. Virou-se e deixou a estação, sabendo que o comboio não partiria e que os seus planos de visitar os membros da Igreja através da Estónia, teriam que ser novamente adiados.
O ruído dos aviões de bombardeio aproximou-se. Logo, ele o sabia, deixariam cair a sua carga mortífera sobre a sua cidade - a sitiada Tallinn, na Estónia, e trariam mais destruição aos seus cidadãos. Com dificuldade, achou caminho através das ruas, entrando rapidamente nas ombreiras das portas para abrigar-se, quando as bombas caíam perigosamente perto. Milagrosamente ele chegou à sua igreja e dirigiu-se rapidamente para a cave. Alguns membros da igreja já lá estavam procurando refúgio. Juntos, eles ouviram os sons devastadores soando ao seu redor, enquanto se mantinham em fervoroso culto de oração. Às vezes alguns arriscavam-se a sair para apagar o fogo no telhado, causado por bombas incendiárias.
Depois do que pareceu um tempo interminável, um silêncio inquietante sobreveio à cidade. As bombas haviam destruído um terço da cidade e deixaram um tremendo sofrimento humano em seu rasto. Ainda assim, a igreja adventista foi poupada.

Continuando o Caos

O jovem ministro analisou então as suas chances de sobrevivência no que esperava ser um contínuo tempo caótico. Fiel à denominação Adventista do Sétimo Dia e aos membros da sua Igreja (ele servia como presidente da Igreja na Estónia) ele sabia que provavelmente não seria capaz de pastoreá-los por muito tempo. A KGB já o havia incomodado e interrogado quando o regime comunista substituíra a democracia na Estónia, no início da guerra. Ele tinha sido milagrosamente poupado naquele tempo, e continuara o seu trabalho durante a ocupação nazi.
Mas agora a batalha entre as forças russas e germânicas estava-se aproximando de Tallinn, com uma rapidez alarmante. Noticiários clandestinos prediziam uma rápida tomada pelo exército comunista. Que chances teria ele, ponderou o ministro, de servir a sua Igreja sob o regime comunista? Até então ele não tinha considerado nunca a possibilidade de deixar o seu país, mas a escolha difícil e dolorosa exigia uma resposta.
Ele e sua família decidiram deixar a Estónia, fugindo um pouco antes do exército comunista chegar. Porém, durante as décadas seguintes, ele nunca esqueceu a pequena igreja branca no centro de Tallinn, embora o trabalho de Deus o ocupasse em várias partes do mundo. Ansiosamente, esperava pelas escassas notícias da igreja e de seus membros, nunca cessando de orar por eles. Estava fora de cogitação retornar à Estónia. Ele e sua família eram considerados «desertores» pelo governo soviético, e não seriam tratados adequadamente.
Esse jovem ministro do evangelho era o meu pai, Richard Vinglas. E eu era uma das crianças pequenas que fugiram com os seus pais. Nos anos subsequentes, ele recordava aquele tempo caótico e ameaçador: «Creio que o Senhor ainda tinha algum trabalho para eu fazer; por isso Ele me poupou de forma milagrosa.»
Mas as mudanças vieram. No final dos anos 80, notícias do Movimento de Libertação da Estónia chegaram ao mundo livre. Os estonianos realizaram demonstrações maciças no parque, ao pé da colina do velho castelo, onde a KGB havia interrogado o meu pai. No anfiteatro, ao ar livre, que normalmente comportava 200 mil pessoas durante os festivais nacionais de música, 300 mil pessoas ocuparam o relvado. O exército soviético permaneceu por perto, não ousando dispersar a multidão com armas de fogo, como teria feito anteriormente.
Quando os tanques soviéticos se afastaram ruidosamente em direção ao edifício que alojava o Parlamento, os partidários da liberdade, com desembaraço, bloquearam as ruas com grandes pedras arredondadas. As pessoas encheram as igrejas, algumas havia muito sem uso, e oraram pela liberdade.
A liberdade veio, repentina e alegremente, a 24 de Agosto de 1991. Uma vez mais a bandeira nacional tremulou sobre o antigo forte dinamarquês, na velha Tallinn, e o hino nacional soou através da cidade.

Revisitando a Estónia

Pessoas sábias no mundo dos negócios e da política tinham-me advertido a não voltar à Estónia. A minha segurança estaria em jogo, e eu estaria pondo em perigo muitos dos meus parentes naquele país. Agora, porém, aquelas admoestações deixaram de existir. Eu ansiava por ver a terra onde tinha nascido, para descobrir as minhas raízes, e para saber o que havia acontecido àquela pequena igreja, no centro de Tallinn.
O sonho tornou-se realidade. Somente um dia antes do primeiro aniversário da liberdade, pisei solo estoniano - a primeira vez desde que tinha 3 anos de idade. Comecei a fazer investigações. Por coincidência, justamente ao virar da esquina do hotel onde estava hospedada, encontrava-se aquela igreja adventista branca, intacta e em plena actividade.
Durante a ocupação soviética, foi permitido que a igreja permanecesse aberta, mas nenhuma educação adventista ou evangelismo poderia ser realizado. O número de membros diminuiu, em parte porque as pessoas perderiam os seus empregos se frequentassem a igreja e nenhuma actividade relacionada com a igreja poderia ocorrer fora do prédio.
Mesmo assim, a igreja não morreu. Durante os 50 anos de ocupação, um fiel núcleo de membros mantinha os cultos cada sábado, e um programa musical de alto nível preenchia as necessidades espirituais e artísticas dos membros. Ouvi gravações de programas que se equiparavam a alguns dos melhores corais dos Estados Unidos. Com a liberdade, surgiu um interesse renovado pela religião, incluindo a Igreja Adventista do Sétimo Dia. Hoje, o número de membros está rapidamente alcançando aquele anterior à guerra, de aproximadamente 2.000 na Associação Estoniana, e 15 Igrejas estão espalhadas pelo país. Só no ano passado, cerca de 100 pessoas foram baptizadas na Igreja Adventista.
A Igreja Adventista de Tallinn possui um activo programa da Escola Sabatina para crianças e adultos, e às segundas-feiras à noite há actividades para cerca de 130 crianças da comunidade. Os membros, de todas as idades, ocupam todos os bancos do templo, enquanto o coro, de aproximadamente 40 componentes, canta com acompanhamento do velho órgão de tubos. Os cultos são realizados em estoniano, aos sábados de manhã, e os membros de língua russa encontram-se no mesmo local, aos sábados à tarde.
No prédio ao lado da igreja - anteriormente quartel-general dos oficiais do exército soviético, construído depois da guerra - um Pastor australiano realizou reuniões evangelísticas, em Setembro. Os membros traduziam as mensagens em estoniano e russo, e os líderes da igreja esperam um aumento significativo de membros.

As Bíblias são como tesouros, e muitas mais são necessárias. A minha Bíblia, a qual dei a um líder da igreja como presente, foi recebida com muita gratidão. Mais tarde, encontrei Bíblias estonianas à venda em outra igreja e comprei-as. Os Adventistas do Sétimo Dia puseram-nas rapidamente em uso.
Os livros de Ellen White são como um raro tesouro. Na casa de um ancião da igreja, vi um exemplar do livro Patriarcas e Profetas - uma cópia a papel químico, cuidadosamente dactilografada e encadernada. Hinários e livros de música são também imensamente apreciados, e não existem em abundância. Para um culto vespertino, usam folhas de hinos dactilografados.
Uma instrutora bíblica estava corrigindo lições bíblicas quando visitei a igreja pela primeira vez. Ela falou-me de muitas pessoas que têm mostrado interesse no estudo da Bíblia, desde que a liberdade voltou à Estónia; e muito do seu tempo é gasto a coordenar este empreendimento evangelístico. Aproximadamente 5.000 pessoas estão recebendo estudos bíblicos actualmente.
No sábado, uma variedade de pessoas de todas as idades, homens e mulheres, cantou com fervor e ouviu o sermão do pastor. Mas de maior interesse para mim foram os membros de mais idade que se lembravam de meu pai. O seu genuíno cuidado cristão e forte fé impressionaram e comoveram-me no momento em que eles rodearam o meu pai e a mim, tentando preencher uma lacuna de quase 50 anos.
Indubitavelmente, a Segunda Guerra Mundial e a ocupação comunista trouxeram o seu preço à população estoniana, incluindo os Adventistas do Sétimo Dia. Todos eles sofreram muito, mas a Igreja de Deus continua. A igreja que as bombas não puderam destruir - poupada da destruição pelo fogo e pela ideologia - vive hoje como um dos melhores exemplos do que significa o Movimento Adventista do Sétimo Dia.

Lilya Wagner é directora-adjunta do Centro de Assistência Social da Universidade de Indiana, Indianópolis, EUA. Revista Adventista, Março 1994.


O TERRORISTA DO APOCALIPSE


        

       11 de setembro de 2001 poderia ser apropriadamente chamado "A terça-feira negra", pois nesse dia 3017 pessoas morreram em Nova Iorque, Washington DC, e num descampado perto de Shanksville, Pennsylvania. Elas foram vítimas de um ataque terrorista da Al Qaeda contra os Estados Unidos da América. Bin Laden reclamou alegremente a responsabilidade pelo ataque. Antes de 11 de setembro de 2001, o seu nome era apenas conhecido dos governos e dos seus serviços secretos ao redor do mundo. Hoje é difícil encontrar um ser humano que não tenha ouvido falar dele. Algumas pessoas do mundo muçulmano louvam-no, mas a maior parte do mundo detesta-o.
       A ambição de Bin Laden era do conhecimento público: A sua missão consistia em impor a supremacia da sua religião ao mundo.
       No entanto, Bin Laden não é o primeiro terrorista com essa ambição. O Apocalipse - último livro da Bíblia - fala-nos de um terrorista que está para além de qualquer coisa que nós, seres humanos, possamos imaginar. Este terrorista é muito significativo, porque ele não se limitou a atacar seres humanos. O seu primeiro ataque terrorista ocorreu junto do trono de Deus, num lugar distante do Universo chamado Céu. No entanto, você e eu estamos envolvidos, quer estejamos ou não cientes disso. O livro da Bíblia intitulado Apocalipse conta-nos acerca deste primeiro ataque terrorista. Felizmente, Deus ganhou a primeira ronda. "E houve batalha no Céu: Miguel e os Seus anjos batalhavam contra o dragão, e batalhava o dragão e os seus anjos; mas não prevaleceram, nem mais o seu lugar se achou nos céus. E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, chamada o Diabo e Satanás, que engana todo o mundo; ele foi precipitado na terra, e os seus anjos foram lançados com ele" (Apocalipse 12:7-9).
       Satanás foi o primeiro terrorista do Universo. Ele e os seus companheiros terroristas - os anjos caídos - têm passado os últimos milhares de anos a promoverem o caos no nosso Planeta.

Uma Batalha pelo Trono


       

       Mas regressemos à primeira batalha no Céu. O que estava Satanás e os seus anjos a fazer no Céu? A Bíblia dá-nos suficiente informação, pelo que podemos definir uma espécie de "pré-história" de Satanás. Ezequiel registou no seu livro o que Deus disse sobre o rei de Tiro. Nessa profecia vemos que Deus estava a falar acerca de uma outra entidade - o rei representava um anjo: "Tu eras o selo da perfeição, cheio de sabedoria e perfeito em formosura. [...] Tu eras o querubim ungido para proteger. [...] Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que se achou iniquidade em ti" (Ezequiel 28:12-15).
       No templo judeu, os querubins protetores, representando os anjos, estavam postados sobre o propiciatório da arca da aliança, que representava o trono de Deus, pelo que o anjo de que Ezequiel fala, tinha um lugar especial perto do trono de Deus. Mas alguma coisa aconteceu a este, que era um maravilhoso anjo. "Achou-se iniquidade" nele. Ezequiel escreveu: "Elevou-se o teu coração, por causa da tua formosura" (Ezequiel 28:17).
       Como é que este anjo ultrapassou a fronteira de um justo senso de autoestima, até chegar a cair na "iniquidade"? Como é que ele se tornou no terrorista supremo?
       Numa profecia semelhante à de Ezequiel, Isaías escreveu sobre um ser chamado Lúcifer que caiu do Céu: "E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao Céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono; [...] serei semelhante ao Altíssimo" (Isaías 14:13 e 14).
       Lúcifer desenvolveu uma má atitude. Estar junto do trono de Deus não lhe era suficiente. Ele queria ter um trono "acima das estrelas de Deus". Ele queria ser tão poderoso como o Altíssimo. Foi assim que este anjo começou a sua trágica queda.
       O apóstolo João diz-nos que Deus é amor (cf. I João 4:7-10). Esse é o fundamento do Seu governo. O amor cercava Lúcifer, mas ele afastou-se dele. A mente perturbada deste terrorista começou a imaginar que Deus era o inimigo e começou a pensar que podia governar o Universo tão bem como Deus.
       Tente imaginar a perturbação que Lúcifer deve ter causado no Céu. Este anjo brilhante, este querubim protetor, começa a fazer observações, e a espalhar pelos outros anjos: "Porque tem Deus de ter toda a glória? Por que razão os seres criados têm de obedecer a Deus? Talvez haja uma alternativa. Talvez haja leis melhores para regerem o Universo." Aparentemente, Lúcifer persuadiu um terço dos anjos a juntarem-se à sua rebelião (cf. Apocalipse 12:4).
       Como deveria Deus reagir? Deveria Ele destruir Lúcifer e os outros rebeldes antes que o mal tivesse possibilidade de se espalhar? Pense nas consequências que isso teria para todos os anjos que estavam a observar o início do conflito entre Lúcifer e Deus. Quando Satanás desafiou Deus, ele pôs em questão a reputação e a credibilidade de Deus. Se Deus tivesse erradicado a oposição, isso não teria respondido adequadamente ao desafio de Lúcifer. Isso teria apenas feito de Deus o maior dos terroristas.
       De facto, Deus escolheu um plano de ação mais sábio. Ele escolheu permitir que o pecado exista no Universo durante algum tempo. Só quando ficar plenamente demonstrado que a rebelião contra Deus traz a desgraça e não a felicidade dos seres criados, é que Deus irá destruir todo o Mal.
       Lúcifer, isto é, Satanás, perdeu a guerra no Céu, mas ganhou o controlo da Terra ao tentar Adão e Eva a seguirem os seus caminhos de rebelião (veja Apocalipse 12:9; Génesis 3:1-6). Deus permitiu que Satanás erigisse o seu sistema de governo alternativo na Terra, para que todo o Universo pudesse ver o que acontece num mundo governado pelo egoísmo e pelo ódio. No início da rebelião, ninguém, a não ser Deus, sabia quanto sofrimento o governo alternativo de Satanás iria criar. Os seres humanos - e todo o Universo - tinham que constatar os factos. Tínhamos de ficar a saber com toda a certeza que o governo de Deus é o melhor, porque essa seria a única forma de Deus poder resolver o problema do mal de uma vez por todas. Deus quer que todas as questões sejam respondidas e que todas as dúvidas sejam esclarecidas.
       O terrorismo age coercivamente sobre as pessoas utilizando o medo. Mas o amor recusa-se a usar força coerciva, porque o amor é o oposto do medo (cf. I João 4:18). O amor deixa as pessoas constatarem por si mesmas e decidirem por si mesmas. Deus quer que O amemos por aquilo que Ele é, e isso só pode acontecer, se tivermos a possibilidade de escolher livremente.

Como Terminará

       A guerra que começou no Céu prossegue no coração humano. É um conflito que alcança o coração. Também o seu, estimado Leitor. As forças do Bem e as hostes do Mal estão a degladiar-se na sua vida. Haverá um momento em que todos nós teremos de fazer a escolha decisiva e decidir a quem vamos conceder a nossa fidelidade. É uma escolha que nos afetará para toda a eternidade. Temos de escolher entre o ódio e o amor, entre o orgulho e a humildade, entre o egoísmo e a obediência a Deus.
       Mas há Boas Notícias! O grande terrorista do Universo vai em breve encontrar o seu fim - um fim permanente. Podemos ter a certeza de que a sua longa guerra contra Deus fracassará. O Apocalipse revela qual será esse fim: "E o diabo, que os enganava, foi lançado no lago de fogo e enxofre" (Apocalipse 20:10). Uma profecia anterior retrata Deus a dizer sobre Satanás: "Eu, pois, fiz sair do meio de ti um fogo que te consumiu e te tornei em cinza sobre a terra, [...] em grande espanto te tornaste e nunca mais serás, para sempre" (Ezequiel 28:18 e 19).
       Este é o destino que aguarda o terrorista do Apocalipse. Ele e os seus anjos serão totalmente destruídos. Depois, Deus criará um mundo novo, que estará livre do terror, e será cheio de paz e harmonia por toda a eternidade.


Mark Finley in Revista Sinais dos Tempos - Janeiro, Fevereiro, Março de 2016.