domingo, 4 de maio de 2014

A CONSTRUTORA DO LAR


Numa certa tarde - foi isso há mais de meio século -, uma rapariguinha entregava-se à tarefa de fazer a sua bainha diária ao lado da mãe. A rapariguinha era eu; a mãe, a minha. A bainha já fazia parte da rotina, e pouco importava que eu detestasse a costura.
A minha avó, que descendia de uma família de huguenotes franceses, educara as filhas para boas donas de casa e isso incluía, na nossa geração, o fazer as roupas do agregado familiar. As ditas roupas eram enfeitadas com bordados e rendas; logo, bordar e fazer renda fazia parte dos lavores a ensinar às jovens. Por isso, na altura própria, eu tive de fazer bainhas, bordados e rendas de croché. A mesma combinação de trabalhos enfadonhos e de decoração artística se exigia igualmente em culinária. Ensinaram-me a fazer pão e bolos, a assar, a grelhar e a fritar, como igualmente a preparar doces e compotas. Uma casa precisava de ser limpa de alto a baixo e de ser posta em ordem antes de se disporem as flores, mas tudo era igualmente essencial ao bem-estar e à felicidade da família. Trabalho doméstico e decoração eram, segundo minha mãe decretava, atribuições da mulher.
Era uma tarde quente - lembro-me ainda. A agulha, a linha e o pano de linho chinês pegavam-se-me aos dedos. Sentia-me revoltada.
- Suponha que não me caso? - disse.
- Nem é preciso que te cases - respondeu tranquilamente minha mãe. - Nem todas as mulheres se casam. Mas tens de aprender a tratar da casa, por ti própria, quer te cases quer não, porque és mulher. E o mais natural é que te venhas a casar.
Estávamos sentadas na varanda da nossa velha casa da missão e, nesse momento, o jardineiro regava as flores do canteiro ao longo do muro da cerca. As casas americanas sempre tiveram na China servidores fiéis: a vida ali dependia deles.
- Terei criadas - afirmei.
- As tuas criadas não te respeitarão se não souberes ensiná-las - volveu minha mãe, no seu sereno tom de voz habitual, e, erguendo os olhos da costura, dirigiu-me um sorriso meio travesso e acrescentou: - Não podes fugir à tua condição de mulher.
Quanta verdade se encerra nestas palavras! Onde quer que eu me encontrasse, fosse qual fosse o meu trabalho, não consegui escapar nunca à minha condição de mulher e, no mais íntimo dos nossos corações, todas as mulheres sentem a necessidade de criar um lar.
Nem todas elas se casam; talvez actualmente nem todas consigam ou queiram casar, e o lar pode ser unicamente para elas. Contudo, a maior parte das mulheres aspiram ao casamento e com este surge o dever e a alegria de criarem um lar, não só para elas como para os outros.
Deixem-me afirmar desde já que considero perfeitamente possível que as mulheres conciliem a profissão com a vida doméstica. Na realidade, o custo elevado da vida força frequentemente as mulheres a ganharem a sua subsistência fora de casa e a encarregarem-se dos serviços domésticos. É por vezes difícil conciliar as duas actividades, especialmente quando os filhos são pequenos. Eu tive a sorte de poder dedicar-me à minha profissão dentro das paredes do lar.
A sala em que escrevo faz parte da minha casa, e a porta encontra-se sempre aberta para os meus filhos. A qualquer hora lhes permito que me interrompam o trabalho. Este, quando continuado, sai melhor, mas aprendi a deixar um capítulo importante em meio sempre que os filhos ou o marido precisavam de mim. Pus sempre a família em primeiro lugar.
E mais uma vez me posso considerar feliz porque essa atitude não me custou nenhuma espécie de sacrifícios. Um escritor, em primeiro lugar, tem de viver se quer que os seus livros contenham vida; pelo menos, eu assim o creio; de qualquer modo, isso tem de acontecer com o escritor sempre que este seja mulher. Os homens encontram-se mais afastados das fontes da vida do que as mulheres. Eles poderão ser capazes de tecer as suas histórias no vácuo humano; as mulheres que escrevem, não. Aquelas cujos livros ficaram na história da literatura foram mulheres que escreveram sempre na sala e rodeadas pela família, como, por exemplo, Jane Austen e as irmãs Brontë. Eu confesso que dessa maneira não consigo concentrar-me. Tenho de facto uma sala só para mim e tenho de a ter, tal como acontecia com Virgínia Woolff. Mas a minha porta está sempre aberta.
Bem, que dizer a respeito das mulheres que não podem ficar em casa e vão todos os dias para a fábrica ou para o escritório? Conheço actualmente nas minhas vizinhanças grande número delas. Em tempos, o condado onde vivo era sereno e rural, semeado de vastas quintas, de pastagens e de prados. Tudo isso infelizmente se transformou. Na parte mais baixa do condado instalaram uma grande companhia de aço, no ponto onde o rio Delaware se precipita no mar. As quintas foram vendidas e, no lugar onde elas prosperavam, erguem-se actualmente vastos formigueiros humanos.

O fumo rompe das chaminés, manchando de negro o que foi outrora o nosso céu azul. As mulheres daqui trabalhavam placidamente em casas rurais feitas de pedra. Agora, desaguam febrilmente de casas comuns e correm desabaladas a sentar-se diante das máquinas ou das secretárias enquanto os filhos permanecem nas escolas ou nos infantários da comunidade, ou se concentram aos magotes em casa de qualquer senhora de idade. Será tudo isto necessário? Assim parece enquanto aspirarmos a casas mais modernas equipadas com frigoríficos, aquecedores e muitas outras coisas mais.
Falei há dias com um agente de venda de propriedades acerca da transacção a efectuar quanto a uma das minhas antigas casas de campo, da qual já não necessitava. É uma bela casa construída em pedra, que conta um século de existência. Além do pavimento, feito de pesadas tábuas de carvalho, possui peitoris de janela profundamente encravados nas paredes de mais de sessenta centímetros de espessura. Modernizei-a quanto pude. Abri um belo poço, dotei-a de casa de banho e de água corrente e de esplêndida aparelhagem de aquecimento por meio de ar quente. Devia ser vendida por bom preço mas, quando falei nisso ao agente, este mostrou-se muito duvidoso.

- Actualmente não - declarou. Só um velho casal reformado lhe pegará... A gente nova quer aquecimento a óleo e tudo automático e moderno.
Ora, para conseguir tais confortos, as mulheres têm, como o homem, de fornecer a sua contribuição material. Contudo se, actualmente, eu fosse uma mulher jovem dentro da média, decidia - tenho a certeza - não trabalhar fora de casa, ainda que tivesse de passar sem um segundo carro, aquecimento automático e todos os extras agradáveis. Eu aceitaria aquilo que o meu marido pudesse ganhar e com esses meios criaria um lar em que poria toda a minha alma e os meus poderes criativos.
Atentemos agora contudo no facto de, uma vez que a mulher terá de permanecer em casa - e assim deverá ser se for casada e com filhos pequenos -, os negociantes terem de se compenetrar da necessidade de baixar os seus preços. Não poderemos manter o nosso poder de compra actualmente elevado, nós, os consumidores, se os ordenados se conservarem ao nível da capacidade de ganhar dinheiro, de cada um.

Cumpre aos economistas ocuparem-se deste problema, e os homens de negócios terão de compreender que honra e proveito não cabem num saco. Se as pessoas comprarem as coisas maravilhosas que se fabricam em sua intenção, se tiverem de sucumbir à aliciante propaganda que lhes fornecem e ouvem a todos os momentos do dia e até a meio da noite, então, marido e mulher terão ambos de ganhar dinheiro; logo, a esposa não poderá dar-se ao luxo de ser ela a única pessoa a cuidar da casa. Terá de fazer tudo à pressa; o marido ver-se-á forçado a judá-la a cozinhar, a limpar a casa e a cuidar dos filhos. Eis uma verdade insofismável. Talvez isso até seja melhor para um casal. Não sei.
Seja, porém, como for, temos de compreender que o trabalho doméstico, em todo o sentido da palavra, exige tempo. Exige tempo não só o trabalho de manter a casa limpa e bem arranjada com meios materiais limitados, como também o pensar em todos os membros da família em relação ao lar e ao seu próprio conjunto.
Uma mulher não pode andar à pressa o dia inteiro, esforçando-se por ganhar dinheiro e ser ao mesmo tempo uma boa dona de casa. Sente-se falhada e, a fim de tranquilizar a sua consciência, exaltará até às nuvens o prazer de dispor de dinheiro para gastar.
Nessa altura, a construtora do lar, a mulher que não dispõe de ordenado para acumular, dá-lhe ouvidos e, insatisfeita, pergunta a si própria se na verdade será o seu, o melhor caminho. Afinal, ela sente-se, nessa altura, simplesmente uma dona de casa.
É a esse género de mulher, à construtora do lar, à dona de casa, que neste momento me dirijo. Ser-se dona de casa em toda a acepção do termo exige autodisciplina, e nem todas as donas de casa são construtoras de lares. Algumas põem a casa acima do lar e, nessa altura, não passam de mulheres-a-dias e de cozinheiras.

Algumas são preguiçosas e incapazes de se disciplinar no sentido de realizarem o trabalho diário suficientemente bem e criarem um cantinho de beleza e de ordem para a vida de família.
É muito fácil, quando o marido sai para o trabalho e as crianças vão a caminho da escola, sentar-se uma mulher à mesa, com uma chávena de café bem quente em frente do aparelho de rádio, da televisão ou do telefone. A mulher que é indisciplinada no lar pode igualmente iludir o trabalho no emprego se não possuir consciência. O lar pode converter-se igualmente numa evasão à realidade se a mulher se permite resvalar na preguiça. As mulheres são tão humanas como os homens e há pessoas que só trabalham quando vigiadas.
Suponho que esse tipo de mulheres fariam melhor em trabalhar em locais onde existe vigilância, pois desse modo lucrariam pelo menos a vantagem de um ordenado. A verdadeira dona de casa, contudo, ama o seu lar e a casa é apenas uma parte do lar. Este constitui o ambiente local e a atmosfera em que vive a família. Inclui o pátio, o jardim, as flores na mesa, os livros na sala de estar, a música flutuando no ar, conversação interessante, televisão e excursões de família bem como jogos aliciantes nas noites de Inverno. É a vida partilhada por todos os membros da família o que concorre para a boa atmosfera do lar.
A construtora do lar é responsável pela beleza e consequentemente pela ordem na sua casa.
Eu seria a última pessoa do mundo a insistir numa casa imaculada. A nossa sala de estar pode ficar completamente desarrumada quando se brinca ou se trabalha, mas, terminadas essas actividades, tenho sempre de colocar as coisas nos seus lugares. É esse, como mulher, o meu dever. Deve-se ensinar as crianças a ajudar mas, quando estas se encontram na fase da adolescência, período de natural rebelião, ou quando elas se encontram a braços com outras tarefas, sou eu somente quem se encarrega de restabelecer a ordem. Suponho ser da minha responsabilidade de construtora do lar mantê-lo o mais harmonioso e belo que me for possível sem que ninguém me force a fazê-lo, e - repito -, sem ordem, a beleza não existe. Uma sala pode estar ricamente mobilada, mas se tudo se encontrar desarrumado, todos os valores ficam destruídos.
Deixem-me salientar mais uma vez que se não arruma apenas por amor da ordem mas por amor da beleza. A ordem é a base da beleza. Uma casa desarrumada é um lar em desordem, que só gente desordenada pode produzir. Existe uma nítida relação entre a desordem física e a confusão mental.

Relativamente perto do local onde vivo, existe uma casa por que passo mas minhas idas e vindas e sempre, nessas alturas, penso na história que lá dentro se oculta. É uma casa atraente, limpa e branca, de cortinas igualmente brancas em todas as janelas de vidros reluzentes. Nunca lá entrei, mas os vizinhos dizem-me que vivem nela dois homens - pai e filho - e que a casa se encontra tão arrumada e é tão agradável por dentro como por fora. Vivem sós; ambos saem de manhã para o trabalho e só regressam à noite. Não viveram sempre ali. O pai comprou aquela casa há uns anos depois de a mulher falecer. Antes disso, viviam numa casa grande e antiga a umas centenas de metros de distância da que actualmente possuem.
- E porque se mudaram? - perguntei ao meu vizinho?
- Queriam ter um verdadeiro lar.
- E não tinham?

- Não - foi a resposta. A mulher era uma péssima dona de casa. Nunca tinha nada em ordem. Era uma autêntica preguiçosa, embora nada mais tivesse que fazer. Andava quase sempre por aqui e por ali. Quando o marido à noite regressava a casa, encontrava esta sempre em desordem e ela atrasada no trabalho, e isto sempre, sempre, sempre. Ele era pouco falador, ou talvez tivesse perdido o gosto de falar. Não sei. Mas, quando ela morreu, o viúvo vendeu a casa, toda desarrumada como estava, e comprou essa onde actualmente vive. E tem-na arranjada que é uma beleza. Ele e o filho mantêm-na arrumada e asseadíssima. Até põem flores na mesa. É um verdadeiro lar embora lá dentro não exista uma mulher. Um encanto!
Compreendo esse homem. O que a mulher não pôde ou não quis criar para o marido e para o filho, criou ele. Por vezes, pergunto a mim própria por que motivo não tornou ele a casar, visto que se trata de um indivíduo bem parecido. Suponho que tenha medo de fazer nova experiência. Também uma segunda mulher lhe poderia destruir o lar. E o que me surpreende é o seguinte: porque teria a mulher desperdiçado a sua oportunidade de ser feliz? Que trabalho será mais grandioso para a mulher - ou para o homem - do que a criação e manutenção desse centro da vida humana que é o lar? Nele nascem os filhos. É o seu mundo, o único que conhecerão durante os anos mais importantes da sua existência e, enquanto viverem, ele continuará a exercer sobre os que lá viveram a mais extraordinária influência.

Efectivamente é muito raro que os homens e as mulheres venham a subir acima da atmosfera dos lares em que foram criados. Poderão tornar-se ricos e poderosos; poderão construir casas muito diferentes das que primeiro conheceram, mas levarão com eles a atmosfera do primeiro lar. Se este foi um centro de ordem e de beleza, simples embora, então sentir-se-ão serenos e capazes de enfrentar os problemas da vida. Se nesse lar não existia nem ordem nem beleza, essas carências hão-se persegui-los a vida inteira. Podem não saber o que têm, porque se sentem extremamente inquietos e em busca de alguma coisa, mas saberão que vivem no meio da incerteza e da confusão interior.
A relação entre o material e o espiritual, ou, como disse Einstein, entre a matéria e a energia, é profunda e real, e os seus objectivos não conhecem limites. Efectivamente, só agora começamos a suspeitar da sua imensa realidade. Eu própria acreditei sempre que a graça espiritual apenas pode brotar da ordem física e da beleza. Numa casa onde tudo se encontra bem planeado e disposto com harmonia, as crianças crescem facilmente serenas. Mas as impacientes e irritáveis e os adultos infelizes são frequentemente produto da atmosfera de uma casa desagradável e em desordem.
A mulher, a dona de casa, a construtora do lar concebe e realiza mais do que ela própria pensa. Enquanto varre, limpa e põe tudo em ordem, vai criando seres humanos. Afeiçoa maneiras de ser, molda caracteres e estabelece a harmonia.
Do que mais necessitamos neste mundo é de gente amável, de bom carácter e de natureza serena e harmoniosa. Pode ser importante até à escala mundial que os homens saiam de casa pela manhã, não apenas conscientes de que as mulheres os amam, mas igualmente com a satisfação de saber que possuem lares em ordem, lares atraentes, de onde saem e aos quais regressam à hora própria. Creio, por exemplo, que um delegado às Nações Unidas possa ocupar o seu posto numa disposição de espírito aberto à compreensão e à paciência se poucos minutos antes saiu de um lar aliciante e cuja beleza se baseia na ordem.
A influência da mulher, da construtora do lar, ultrapassa em verdade e em muito as fronteiras da casa. Ultrapassa mesmo as fronteiras da compreensão da mulher em tais condições. Cria ela o centro em que o mundo começa, o mundo e todos os seus habitantes. É dela que tudo resulta. Tal como todo o ser humano, seja ele homem ou mulher, emerge do seu ventre - e ninguém nasce de outra maneira -, assim esse ser humano emerge do lar que ela afeiçoa para o receber quando nasce. É certo: o homem é o seu par e o seu colaborador, mas, por alguma razão, talvez divina, é ela a responsável pela criação da vida em todas as suas formas.

Existe qualquer coisa de singularmente forte na mulher. Raramente, na verdade, um homem consegue arruinar a vida de uma mulher, pois esta reconstrói-a tantas vezes quantas as necessárias. Possui uma resistência interior que a restitui a si própria e às suas funções. Mas os homens, esses, facilmente se deixam aniquilar pelas mulheres. Assim lhes acontece quando ao lar presidem más mães e más esposas. E digo más porque me encontro convencida de que uma dona de casa desordenada, egoísta e incompetente é, de facto, uma má mulher. Ela desempenha a tarefa mais importante no mundo; dispõe da mais fascinante oportunidade e, se não a executa e não aproveita convenientemente, não merece perdão. Se ignorante, essa ignorância representa um crime devido aos prejuízos que causa ao grupo dos seres humanos pelos quais ela se tornou responsável.
E eu que sou escritora de profissão, acredito realmente que as actividades domésticas são, neste mundo, as mais importantes para a mulher? Acredito, sim, e não só em relação aos outros como em relação a mim própria. Na minha qualidade de escritora, sei que é essencial para uma mulher ser a construtora do seu lar e isto independentemente de qualquer outra actividade que exerça. O ser uma boa dona de casa bastará para ela se tornar uma pessoa completa. Direi ainda que, também o homem, quando dá provas de ser excelente marido e pai, atinge a sua plenitude como ser humano.

Nós - os homens e as mulheres - possuímos funções diferentes mas cooperadoras na missão de mutuamente nos completarmos, e o mesmo acontece em relação aos seres humanos que servimos, por sermos responsáveis por eles. Sei que me é necessário, se porventura pretendo que o meu trabalho seja da melhor qualidade possível, sentir-me numa casa tão alindada quanto couber dentro das minhas possibilidades. O lar é a terra onde mergulham as minhas raízes e das quais retido o meu alimento espiritual. A própria segurança se baseia nesta satisfação íntima.
A casa é pois o centro da vida. Assim como for a casa - a casa individual onde uma mulher é matriz - assim será o mundo. Nós, mulheres, temos necessidade, ao observarmos este nosso mundo actual, de perguntar por que motivo ele se apresenta assim conturbado. Para sermos honestas, impõe-se que procuremos as causas do mal e que tentemos eliminá-las. E não me surpreenderá se as nossas pesquisas nos conduzirem ao âmago do lar.

Pearl Buck in Para As Minhas Filhas Com Amor. "Abençoada eu, que possuo sete filhas. A mais velha, a única afinal que dei à luz, sofre de fenilcetonúria, deficiência essa que me lançou no mundo dos bioquímicos, dos pais e dos professores, de crianças mentalmente atrasadas, e me deu a conhecer a coragem confrangedora dessas mesmas crianças diminuídas. (...) Possuo igualmente filhos, todos eles do mesmo modo possuidores de qualidades e que me são igualmente indispensáveis." (...) "Pearl Buck ao longo da sua vida cuidou de 7 filhas e em anos e anos de convívio debateu com elas as mais diversas opiniões acerca da vida e do mundo em geral. Este livro resultou desses debates, fornecendo a Pearl Buck o alicerce de muitas concepções aqui expostas." - Edição «Livros do Brasil» Lisboa, 1967. "Em 1938 tornou-se a primeira mulher norte-americana a ser alguma vez galardoada com o Prémio Nobel."


As Minhas Coisas Favoritas
Gotas nas rosas e bigodes nos gatinhos, Chaleiras de cobre brilhantes e luvas de lã quentinhas,
Pacotes de papel castanho amarrados com fita, Essas são algumas das minhas coisas favoritas.
Póneis de cor creme e tortas de maçãs, Campainhas e sinos e panados com macarrão,
Gansos selvagens que voam com a lua em suas asas, Essas são algumas das minhas coisas favoritas.

Garotas vestidas de branco com fitas azuis, Flocos de neve que poisam no meu nariz e pestanas,
O branco e prata do inverno que derretem na primavera, Essas são algumas das minhas coisas favoritas.
Quando o cachorro morde, quando a abelha pica, Quando estou me sentindo triste,
Eu apenas me lembro das minhas coisas favoritas E então não me sinto tão mal.



Dó-Ré-Mi-Fá-Sol-Lá-Si---Dó-Sol-Dó!