quarta-feira, 4 de abril de 2012

O JARDINEIRO DO AMOR



Madrugada  de  Luz,  de  Paz  e  de  Vitória,

JESUS  RESSUSCITARA

Em  Meio  À  Maior  Glória!

Por terra inerte jaz toda a guarda romana
E a potência do império, abjecta, vil, profana,
A intriga farisaica, o ódio do judaísmo,
Varridos como pó no ardor do cataclismo.

A CRUZ NEGRA DE FEL PARA SEMPRE VENCIDA,

Em  Vez  da  Guerra,  o  Amor,
Em  Vez  da  Morte,  a  Vida!


Maria Madalena o sepulcro bem cedo foi visitar
Levando a alma cheia de medo. Temia a guarda.
Era ainda escuro. A estrela radiante da manhã,
Parecia que ao vê-la, abria-se em leque
Espadanando uma luz imensa,
Como que para o caminho seu iluminar
E Jesus ressurrecto ao mundo anunciar!

Umas flores no braço e bálsamo olorante
Para a tumba de Quem, agora tão distante,
Já não pode ouvir gemer o desgraçado,
Nem o pobre sem pão, nem o degenerado,
Nem o cego sem luz, nem da viúva tristonha,
Ferida pela dor da saudade medonha,
Os queixumes da morte!


Ele que era tão santo!
Que da mãe triste e aflita estancou tanto pranto,
Que da doce criancinha a cabeça afagou,
De tantos males, tantas dores nos livrou...
Ele, da morte está no cárcere maldito,
Envolto no mistério abstruso do infinito.

"Para mim, que mulher outrora, era do mundo,
Seu amor foi supremo e seu perdão profundo!"
Dizia Maria Madalena enquanto caminhava
Para o jardim florido onde o sepulcro estava.
A dúvida pairava no seu cérebro ardente
E o coração no peito arfava tristemente.

O seu corpo, embuçado, era um fantasma esguio
Que passava na noite exânime, de frio.
Autómato, sublime, a correr, toda alerta,
Ia depor aos pés do morto a última oferta
De um coração sangrando e uma fé impoluta,
Juntos do grande amor de sua alma, então sepulta!

Chegou. Eis o Jardim do rico Arimatéia,
Um discípulo oculto, um nobre da Judéia.
Aproximou-se. Ao longe a dúbia luz boreal
Reflectia-se no céu. Silêncio matinal.

E sobre a enorme pedra que a tumba guardava,
mais belo que o clarão da aurora que raiava,
Um ser angelical olha a tumba vazia!
Maria Madalena ao vê-lo se extasia.
O seu rosto molhado de lágrimas de dor...


Oh! Se ela O visse! Tinha o tom divino,
A cor do jaspe reluzente
Do sol entrando no ocaso.
Da luz, a palidez do lago argênteo e raso...

Esboçando um sorriso, erguendo a fronte
Brada o ser angelical num toque de alvorada:
"Por que choras mulher?"
E ela, o pranto oprimindo:
"Levaram meu Senhor..."
E soluçando e saindo,
Foi gemer tristemente a um canto do jardim
Dando toda expansão à sua dor sem fim.

Nisto encontra um varão bem perto do canteiro
A fitá-la de pé. Por certo um jardineiro:
"Porque choras mulher?"
"Levaram meu Senhor... E eu O estou procurando,
Diz-me onde O puseste e eu O levarei comigo,
Pois é meu Rei, meu Deus, meu Senhor e meu amigo.
E Ele, olhando a sua alma em agonia,
Descobre-Se, afinal, bradando alto:
- Maria!

E ela responde: Mestre!
E cheia de ventura ajoelha e O adora.
A sua alma esclarecida e pura
Tornou-se num jardim de gozo e de dulçor
Onde o húmus era a fé, onde a seiva era o amor,
As flores o perdão, e o trescalar activo,
A Epopeia Sem Par

DO CRISTO REDIVIVO!


Mário Barreto França (S. João 20:11-16)


Como a Flor Machucada no Jardim...