A VERDADE ACERCA DO ÁLCOOL
Se tem evitado o álcool por motivos de saúde, estudos recentes sobre o álcool podem tê-lo confundido. Alguns dizem que o álcool, em vez de ser prejudicial, em certas circunstâncias até é benéfico. Contudo, há factos sobre esses estudos e sobre o álcool que deve ficar a conhecer antes de se decidir.
Há 52 milhões de americanos com colesterol elevado.1 Isto coloca-os em alto risco de doença cardíaca, que é a principal causa de morte na América. Quando os cientistas estudaram a relação entre o estilo de vida e a doença cardíaca, encontraram o que lhes pareceu ser uma ligação entre o baixo risco de doença cardíaca e o consumo de álcool a um nível que consideravam moderado.2 Alguns profissionais da saúde resolveram então aconselhar o consumo moderado de álcool a pessoas abstémias com problemas cardíacos.3
O consumo de álcool pode parecer atraente àqueles que procuram uma solução rápida e fácil para os seus problemas de saúde. Mas será a escolha mais segura e eficaz para os doentes cardíacos e suas famílias?
Há literalmente milhares de estudos sobre o álcool e os seus efeitos nefastos. Há relativamente poucos que se debruçam sobre os seus supostos benefícios, e muitos deles são estudos retrospectivos.
Os estudos retrospectivos examinam a história do estilo de vida e saúde de indivíduos para tentarem saber quais os estilos de vida e hábitos que são mais, ou menos, saudáveis. Os seus resultados podem ser, por vezes, enganosos.
- Alguns estudos que examinaram os supostos benefícios do vinho não levaram em conta que eram as colorações naturais vermelhas e roxas, chamadas flavonóides, encontradas na pele das uvas que protegiam contra a doença cardíaca. Os flavonóides encontram-se no sumo das uvas vermelhas e roxas e nas passas de uva. Qualquer destes produtos, e não apenas o vinho (mas só o vinho tinto os contém) ajudam a proteger contra a doença cardíaca.
- Outros estudos4 parecem mostrar que os que bebem moderadamente têm um risco de morte por doença cardíaca mais baixo do que os não-bebedores.
Contudo, estes estudos não levam em conta o facto de que muitos não-bebedores foram, anteriormente, pessoas que abusavam do álcool e que danificaram a sua saúde antes de deixarem de o ser.
- Alguns indivíduos começaram a beber devido a relatórios sobre os efeitos protectores do álcool sobre o coração. Mas os não-bebedores que começam a beber correm o risco de se tornarem dependentes do álcool e o seu risco de morte por outras causas eleva-se.
Quão grandes são esses riscos?
Para as mulheres, beber até menos do que um copo por dia aumenta o risco de contraírem cancro da mama.5 Isto foi descoberto recentemente num grande estudo envolvendo 300 000 mulheres, que foi publicado no prestigioso Journal of the American medical Association (Jornal da Associação Médica Americana).
Consumir duas bebidas por dia aumenta o risco de cancro da mama em 25%.5 Quanto maior for o consumo de álcool, maior o risco de contrair cancro da mama, que se eleva a 40% quando ingeridos quatro copos diários.5,6
As mulheres que ingerem 2 ou mais bebidas por dia também correm o risco de morte 19% mais elevado do que as que não bebem.7 Os homens que bebem cerca de 4 copos por dia correm um risco mais alto de morrerem de cancro e de outras causas do que os que não bebem álcool.8 Consumir mais álcool do que isso, aumenta ainda mais o risco de uma morte prematura. Um os principais perigos do consumo de álcool é o aumento do risco de cancro. O consumo de álcool aumenta o risco de cancro da mama,5 da próstata9 e do cólon.10 Para as mulheres, a quantidade de álcool que aumenta a taxa de cancro é ainda mais baixa do que as quantidades recomendadas aos seus pacientes por alguns profissionais de saúde.5 Para os homens, as quantidades que aumentam as taxas de cancro são apenas levemente mais altas do que as que lhes são recomendadas.9
Depois do cancro do pulmão, o cancro da próstata está em segundo lugar como causa de morte por cancro no homem. O álcool também aumenta o risco de cancro do cólon, que é a terceira causa principal de morte por cancro.10 Mesmo quando não mata, desfigura e afecta a qualidade de vida. Os tratamentos incluem a remoção de parte do cólon e o uso, temporário ou permanente, de um saco para recolher as fezes.
O álcool é a principal causa de cancros da boca, pescoço e garganta,11 que são dolorosos e desfigurantes. Limitam o que o paciente pode comer e alteram o sabor da comida. Ver um doente com cancro da garganta pode causar muita impressão. Como a laringe pode ter de ser removida, podem não ter possibilidades de falar sem a ajuda de um aparelho. A comida não tem sabor e a radiação pode tornar a sua boca e garganta muito sensíveis. E estes são os casos que são considerados bem sucedidos.
Outro dos grandes riscos é tornar-se dependente do álcool. Quatro a cinco por cento dos adultos americanos são dependentes do álcool. Dez a catorze por cento de todos os que bebem são dependentes.12
E se os médicos recomendassem que todos os não-bebedores com risco de doenças cardíacas e sem uma história de abuso do álcool (cerca de 25 milhões de pessoas) começassem a beber? O que aconteceria?
Se estes vinte e cinco milhões de americanos começassem a beber:
- Três milhões poderiam tornar-se dependentes do álcool. Correriam um risco de morte mais elevado, quer de cancro quer de acidentes, do que se nunca tivessem bebido.
- Muitos outros beberiam o suficiente para aumentar o risco de morte mesmo sem se tornarem dependentes do álcool.
O álcool não mata apenas quem bebe. É a causa de 38% de todos os acidentes de viação da Califórnia.13 Se todos os não-bebedores em risco de doenças cardíacas começassem a beber, os acidentes fatais causados por condutores embriagados aumentariam cerca de 50%. Isso poderia significar mais 19% de mortes devido a acidentes de viação, muitas delas de vítimas não-bebedoras e até de crianças.
Menos de metade de uma só bebida causa problemas de condução.14,15 Se os não-bebedores em risco de doenças cardíacas começassem a beber, o número de prisões de condutores intoxicados poderia aumentar aos milhares anualmente.15
(Tenha a coragem de ver este vídeo da foto à esquerda - http://www.youtube.com/watch?v=S0YF_FqjKn8&feature=related-jaqueline)
Outra espécie de acidentes aumentaria também. Num estudo recente feito no Novo México, o consumo de álcool foi a causa principal de acidentes de trabalho.16
Se muitos não-bebedores começassem a beber, haveria muito mais assassinatos relacionados com o álcool.17 Também aumentariam as tentativas de suicídio e o risco de auto-mutilação.18 Bem como o risco de nos tornarmos vítimas de homicídios.17 As famílias com um membro álcool-dependente têm um risco mais elevado de mulheres espancadas e crianças vítimas de abuso sexual.19,20 O álcool é, ainda, uma das principais causas de divórcio.
Se o álcool fosse um medicamento para o coração, sabendo-se das suas possibilidades aditivas e capacidade de causar cancro, seria ele o tratamento mais seguro e eficaz, ou haveria outras alternativas? Claro que sim! De acordo com a American College of Cardiology (Faculdade Americana de Cardiologia), uma alimentação vegetariana, que baixa o colesterol, diminui o risco de episódios coronários fatais em cerca de 80%, ou seja, 30% mais do que beber moderadamente! (Veja no Arquivo em Leituras para a Vida, 16.10.11).21
E as dietas vegetarianas não acarretam os perigos do álcool. Na realidade, estão associadas a um risco de cancro mais baixo.22 Dean Ornish provou que os doentes estão dispostos a seguir uma dieta vegetariana se ela for saborosa e fácil de confeccionar. O seu programa incluiu um acompanhamento dos pacientes e seus cônjuges com alimentação vegetariana, por um preço estabelecido.23 Estudos feitos por Gary Fraser, da Universidade de Loma Linda, provaram que o consumo regular de oleaginosas (nozes, amêndoas, avelãs, etc.) podem fazer baixar o risco de ataque cardíaco para cerca de um terço.24 Praticamente todos os doentes podem consumir oleaginosas ou manteiga de oleaginosas.
Também o consumo de bebidas alcoólicas, bem como a hepatite B e C, são as principais causas de cirrose do fígado nos Estados Unidos e outros países ocidentais.25 Até mesmo o baixo consumo de álcool tem como resultado um aumento de casos de cirrose que vai de 50% a duas vezes e meia.26 Vários estudos sugerem que o álcool também tem um papel no desenvolvimento de cancro do fígado.27
Definitivamente, há métodos mais eficientes do que o consumo de álcool, para evitar a doença coronária.
Contudo, para o cristão, a razão mais importante para evitar o álcool é a forma como ele afecta a nossa capacidade de ponderar e compreender as coisas espirituais. Como disse o sábio, "O vinho torna o homem arrogante; as bebidas fortes incitam-no ao distúrbio; quem a isso se entrega nunca será sábio." (Provérbios 20:1).
REFERÊNCIAS:
1. Sempos CT, Cleeman JL, et al. "Prevalence of high blood cholesterol among U.S. adults" (Predomínio de colesterol elevado entre os adultos dos E.U.). JAMA 1993; 269:3009-3014.
2. Mertens JR, Moos RH, et al. "Alcohol consumption, life context, and coping predict mortality among late middle-aged drinkers and former drinkers" (O consumo de álcool, estilo de vida e enfrentar a predição de mortalidade entre os bebedores de meia-idade e indivíduos que foram bebedores). Alcohol Clinical Experience Research 1996; 20:313-319.
3. Pearson TA and Fuster V. "Executive Summary, Bethesda Conference" (Resumo Executivo, Conferência de Bethesda). J. Amer Col Cardiol 1996; 27:957-1047.
4. Steiberg D, Pearson Ta and Kuller LH. "Alcohol and atherosclerosis" (Álcool e aterosclerose). Annals of Internal Medicine 1991; 114:967-976.
5. Smith-Warner SA, Spiegelman D, et al. "Alcohol and breast cancer in women: a pooled analysis of cohort studies" (Álcool e cancro da mama na mulher: uma análise conjunta de um grupo de estudos). JAMA 1998; Fev. 18; 279:535-540.
6. Schatzkin A e Longnecker MP. "Alcohol and Breast Cancer" (Álcool e Cancro da Mama). Cancer 1994; 74 (3 Supl.):1101-1110.
7. Fuchs CS, Stampfer MJ, et. al. "Alcohol consumption and mortality among women" (Consumo de álcool e a mortalidade entre as mulheres). New Eng J Med 1995; 332:1245-1250.
8. Poikolainen K. "Alcohol and mortality, a review" (Álcool e mortalidade, um estudo retrospectivo). J Clin Epid 1995; 48:455-465.
9. Hayes RB, Brown LM, et. al. "Alcohol use and prostate cancer risk in U.S. blacks and whites" (O consumo de álcool e o risco do cancro da próstata em americanos negros e brancos). Amer. J. epid 1996; 143:692-697.
10. Boutron MC, Faivre J, et. al. "Tobacco, alcohol, and colorectal tumors: a multistep process" (Tabaco, álcool e tumores colorectais: um processo em vários níveis) Amer. J. epid 1995; 141:18-1046.
11. Tobias JS. "Cancer of the head and neck" (Cancro da cabeça e pescoço). Brit Med J 1994; 38:961-966.
12. Caetano R and Tam TW. "Prevanlence and correlates of DSM-IV and ICD-1 alcohol dependence" (Predomínio e correlativos de dependência alcoólica DSM-IV e ICD-I). Alcohol 1995; 3:177-186.
13. 1996 "California Driver Handbook" (O Manual do Condutor da Califórnia), California Department of Motor Vehicles 1996; pp 76-77.
14. Madden C and Cole TB. "Emergency intervention to break the cycle of drunken driving and recurrent injury" (Intervenção de emergência para quebrar o ciclo de condução embriagada e danos recorrentes). Ann Emer Med 1995; 26:177-179.
15. "Drivers with repeat conviction or arrests for driving while impaired – United States" (Condutores com frequentes condenações ou detenções por conduzirem em más condições – Estados Unidos) MMWR 1994; 43:759-761.
16. Fullerton J, Olson L. et. al. "Occupational injury mortality in New Mexico" (Mortalidade por acidentes de trabalho no Novo México). Ann Emer Med 1995; 26:447-454.
17. Loftus IA and Dada MA. "A retrospective analysis of alcohol in medicolegal postmortems over a period of five years" (Uma análise retrospectiva do álcool em postmortems medicolegais durante um período de cinco anos). American Journal of Forensic Medical Pathology 1992; 13:248-252.
18. Kingma J. "Alcohol consumption in trauma patients with injuries due to suicide attempts and automutilation" (O consumo de álcool em doentes traumáticos com ferimentos devidos a tentativas de suicídio e automutilação) Psych Rep 1994; 14:82-86, 88-93.
19. Martin Sl, English KT, et. al. "Violence and substance abuse among North Carolina pregnant women" (Violência e abuso de drogas entre as mulheres grávidas da Carolina do Norte). Amer J Pub H 1996; 86-991-998.
20. Windle M, Windle RC. et. al. "Physical and mental abuse and associated mental disorders among alcoholic inpatients" (Abuso físico e mental e distúrbios mentais entre os doentes internos alcoólicos). Amer J Psych, 1995; 152:1322-1328.
21. Bethesda Conference (Conferência de Bethesda). J. Amer Col Cardiol 1996; 27:957-1047.
22. Thorogood M, Mann J, et. al. "Risk of death from cancer and ischaemic heart disease in meat and non-meat eaters" (Risco de morte por cancro e doença cardíaca isquémica entre consumidores e não consumidores de carne). Brit. Med J 1994; Jun 25; 308:1667-70.
23. Ornish D, Brown SE, et. al. "Can lifestyle changes reverse coronary heart disease?" The Lifestyle Heart Trial ('Poderá o estilo de vida inverter a doença coronária?' A Experiência do Estilo de Vida) Lancet 1990; 336:129-133.
24. Fraser GE, Lindsted KD, et. al. "The effect of risk factor values on lifetime risk of and age at first coronary event." (O efeito dos valores do factor de risco sobre o risco do estilo de vida e a idade em que sofreu o primeiro episódio cardíaco) The Adventist Health Study. Amer J. Epid 1995; 142:746-58.
25. Corrao G, Torchio P, et. al. "Exploring the combined action of lifetime alcohol intake and chronic hepatotropic virus infections on the risk of symptomatic liver cirrhosis" (Explorando as acções combinadas do consumo de álcool durante a vida e a infecção crónica pelo vírus hepatotrópico sobre o risco de cirrose simpatomática do fígado) Collaborative Groups for the Study of Liver Diseases in Italy. Eur J Epi 1998 Jul; 14:447-56.
26. Corrao G, Bagnardi V, et. al. "Meta-analysis of alcohol intake in relation to risk of liver cirrhosis" (Meta-análise do consumo de álcool em relação com o risco de cirrose do fígado). Alcohol 1998, Jul-Ago; 33:381-392.
27. Yoshihara H, Noda K and Kamada T. "Interrelationship between alcohol intake, hepatitis C, liver cirrhosis, and hepatocellular carcinoma" (Interrelação entre o consumo de álcool, a hepatite C, a cirrose do fígado e o carcinoma hepatocelular). Recent Dev Alcohol 1998; 14:457-69.
Laura Pinyan, Nutricionista e Professora de Saúde Pública in Saúde e Lar, Dossier Álcool, Novembro de 2000
'BOAS NOTAS' EM RESSACAS
Quando eu tinha 7 anos de idade, eu e a minha prima mais nova, Ashley, começámos a ter aulas de iniciação de natação. No exame final, tínhamos de saltar de uma prancha de salto olímpica para a piscina lá em baixo.
A Ashley deu uma olhadela para a prancha de salto e declarou que não ia saltar, o que significava que também não passaria para a classe seguinte. Eu, pelo meu lado, estava dividida. Tinha medo, mas queria muito passar para o nível seguinte.
Pensei comigo mesma que, quando estivesse na borda da prancha, poderia sempre mudar de ideias. Assim, sem pensar mais, dei por mim a subir a escada. Lá em cima, no entanto, todos começaram a aclamar-me. Senti que a única coisa a fazer era saltar. E saltei, e foi um dos mais assustadores e inibidores momentos da minha ainda curta vida. Para piorar as coisas, nem sequer passei para o nível seguinte, porque, nessa altura, o Verão tinha chegado ao fim. Se eu tivesse tomado a decisão desde o princípio, não teria saltado.
Conto esta experiência porque ela me ensinou uma lição preciosa sobre os benefícios das escolhas prévias. Com a prevalência do uso de bebidas alcoólicas entre os estudantes universitários, as escolhas prévias a favor da sobriedade são mais necessárias agora do que nunca.
Beber é visto como um ritual de passagem, e a melhor altura para fazer uma decisão de beber ou não, não é quando as pessoas te estão a aplaudir e a aclamar. A realidade é que, hoje em dia, se bebe, e muito, nos meios universitários. E isso inclui, infelizmente, instituições religiosas.*
Na faculdade, conheci uma moça que se gabava de se embebedar aos fins-de-semana e de ter boas notas durante a semana. Mas quanto mais a conhecia, mais lutas a via travar, em consequência das suas pobres escolhas para o seu estilo de vida. O seu relacionamento com os homens era deprimente para a sua reputação, e ela pensava que Deus já não se importava com ela.
Bem no fundo do meu ser, eu sempre soube que havia uma batalha pelo controlo da minha mente. Deus criou-me com a capacidade de escolher entre o bem e o mal, e com a liberdade para exercer esse poder. Nunca quis comprometer isso, deixando que o álcool transtornasse o meu cérebro ainda em desenvolvimento.
Estudos feitos mostram que embora o cérebro tenha atingido o seu tamanho normal por volta dos 5 anos de idade, as suas células e conexões não estão plenamente desenvolvidas senão por volta dos 25 anos. O álcool danifica gravemente o cérebro em desenvolvimento.
Agora que a faculdade acabou para mim, sinto-me feliz por ter tomado a decisão de nunca beber. Não preciso de álcool para passar um bom bocado, e sinto liberdade por ter uma mente e uma consciência claras.
"E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, aceitável e perfeita vontade de Deus." Romanos 12:2.
Lahai Allen, estudante universitária
Há 52 milhões de americanos com colesterol elevado.1 Isto coloca-os em alto risco de doença cardíaca, que é a principal causa de morte na América. Quando os cientistas estudaram a relação entre o estilo de vida e a doença cardíaca, encontraram o que lhes pareceu ser uma ligação entre o baixo risco de doença cardíaca e o consumo de álcool a um nível que consideravam moderado.2 Alguns profissionais da saúde resolveram então aconselhar o consumo moderado de álcool a pessoas abstémias com problemas cardíacos.3
O consumo de álcool pode parecer atraente àqueles que procuram uma solução rápida e fácil para os seus problemas de saúde. Mas será a escolha mais segura e eficaz para os doentes cardíacos e suas famílias?
Há literalmente milhares de estudos sobre o álcool e os seus efeitos nefastos. Há relativamente poucos que se debruçam sobre os seus supostos benefícios, e muitos deles são estudos retrospectivos.
Os estudos retrospectivos examinam a história do estilo de vida e saúde de indivíduos para tentarem saber quais os estilos de vida e hábitos que são mais, ou menos, saudáveis. Os seus resultados podem ser, por vezes, enganosos.
Por exemplo, há alguns anos os cientistas descobriram que havia muito menos pessoas de idade canhotas do que deveria haver, comparadas com a proporção de jovens americanos canhotos. Parecia que o facto de ser canhoto punha as pessoas em risco de morrerem jovens! Mais tarde os cientistas aperceberam-se do facto de que o uso da mão esquerda era fortemente desaconselhado nas escolas quando essas pessoas eram crianças. Só muito poucos dos canhotos daquela altura é que não aprenderam a usar a mão direita.Como é que os estudos retrospectivos sobre o álcool podem ser enganosos?
- Alguns estudos que examinaram os supostos benefícios do vinho não levaram em conta que eram as colorações naturais vermelhas e roxas, chamadas flavonóides, encontradas na pele das uvas que protegiam contra a doença cardíaca. Os flavonóides encontram-se no sumo das uvas vermelhas e roxas e nas passas de uva. Qualquer destes produtos, e não apenas o vinho (mas só o vinho tinto os contém) ajudam a proteger contra a doença cardíaca.
- Outros estudos4 parecem mostrar que os que bebem moderadamente têm um risco de morte por doença cardíaca mais baixo do que os não-bebedores.
Contudo, estes estudos não levam em conta o facto de que muitos não-bebedores foram, anteriormente, pessoas que abusavam do álcool e que danificaram a sua saúde antes de deixarem de o ser.
- Alguns indivíduos começaram a beber devido a relatórios sobre os efeitos protectores do álcool sobre o coração. Mas os não-bebedores que começam a beber correm o risco de se tornarem dependentes do álcool e o seu risco de morte por outras causas eleva-se.
Quão grandes são esses riscos?
Para as mulheres, beber até menos do que um copo por dia aumenta o risco de contraírem cancro da mama.5 Isto foi descoberto recentemente num grande estudo envolvendo 300 000 mulheres, que foi publicado no prestigioso Journal of the American medical Association (Jornal da Associação Médica Americana).
Consumir duas bebidas por dia aumenta o risco de cancro da mama em 25%.5 Quanto maior for o consumo de álcool, maior o risco de contrair cancro da mama, que se eleva a 40% quando ingeridos quatro copos diários.5,6
As mulheres que ingerem 2 ou mais bebidas por dia também correm o risco de morte 19% mais elevado do que as que não bebem.7 Os homens que bebem cerca de 4 copos por dia correm um risco mais alto de morrerem de cancro e de outras causas do que os que não bebem álcool.8 Consumir mais álcool do que isso, aumenta ainda mais o risco de uma morte prematura. Um os principais perigos do consumo de álcool é o aumento do risco de cancro. O consumo de álcool aumenta o risco de cancro da mama,5 da próstata9 e do cólon.10 Para as mulheres, a quantidade de álcool que aumenta a taxa de cancro é ainda mais baixa do que as quantidades recomendadas aos seus pacientes por alguns profissionais de saúde.5 Para os homens, as quantidades que aumentam as taxas de cancro são apenas levemente mais altas do que as que lhes são recomendadas.9
Depois do cancro do pulmão, o cancro da próstata está em segundo lugar como causa de morte por cancro no homem. O álcool também aumenta o risco de cancro do cólon, que é a terceira causa principal de morte por cancro.10 Mesmo quando não mata, desfigura e afecta a qualidade de vida. Os tratamentos incluem a remoção de parte do cólon e o uso, temporário ou permanente, de um saco para recolher as fezes.
O álcool é a principal causa de cancros da boca, pescoço e garganta,11 que são dolorosos e desfigurantes. Limitam o que o paciente pode comer e alteram o sabor da comida. Ver um doente com cancro da garganta pode causar muita impressão. Como a laringe pode ter de ser removida, podem não ter possibilidades de falar sem a ajuda de um aparelho. A comida não tem sabor e a radiação pode tornar a sua boca e garganta muito sensíveis. E estes são os casos que são considerados bem sucedidos.
Outro dos grandes riscos é tornar-se dependente do álcool. Quatro a cinco por cento dos adultos americanos são dependentes do álcool. Dez a catorze por cento de todos os que bebem são dependentes.12
E se os médicos recomendassem que todos os não-bebedores com risco de doenças cardíacas e sem uma história de abuso do álcool (cerca de 25 milhões de pessoas) começassem a beber? O que aconteceria?
Se estes vinte e cinco milhões de americanos começassem a beber:
- Três milhões poderiam tornar-se dependentes do álcool. Correriam um risco de morte mais elevado, quer de cancro quer de acidentes, do que se nunca tivessem bebido.
- Muitos outros beberiam o suficiente para aumentar o risco de morte mesmo sem se tornarem dependentes do álcool.
O álcool não mata apenas quem bebe. É a causa de 38% de todos os acidentes de viação da Califórnia.13 Se todos os não-bebedores em risco de doenças cardíacas começassem a beber, os acidentes fatais causados por condutores embriagados aumentariam cerca de 50%. Isso poderia significar mais 19% de mortes devido a acidentes de viação, muitas delas de vítimas não-bebedoras e até de crianças.
Menos de metade de uma só bebida causa problemas de condução.14,15 Se os não-bebedores em risco de doenças cardíacas começassem a beber, o número de prisões de condutores intoxicados poderia aumentar aos milhares anualmente.15
(Tenha a coragem de ver este vídeo da foto à esquerda - http://www.youtube.com/watch?v=S0YF_FqjKn8&feature=related-jaqueline)
Outra espécie de acidentes aumentaria também. Num estudo recente feito no Novo México, o consumo de álcool foi a causa principal de acidentes de trabalho.16
Se muitos não-bebedores começassem a beber, haveria muito mais assassinatos relacionados com o álcool.17 Também aumentariam as tentativas de suicídio e o risco de auto-mutilação.18 Bem como o risco de nos tornarmos vítimas de homicídios.17 As famílias com um membro álcool-dependente têm um risco mais elevado de mulheres espancadas e crianças vítimas de abuso sexual.19,20 O álcool é, ainda, uma das principais causas de divórcio.
Se o álcool fosse um medicamento para o coração, sabendo-se das suas possibilidades aditivas e capacidade de causar cancro, seria ele o tratamento mais seguro e eficaz, ou haveria outras alternativas? Claro que sim! De acordo com a American College of Cardiology (Faculdade Americana de Cardiologia), uma alimentação vegetariana, que baixa o colesterol, diminui o risco de episódios coronários fatais em cerca de 80%, ou seja, 30% mais do que beber moderadamente! (Veja no Arquivo em Leituras para a Vida, 16.10.11).21
E as dietas vegetarianas não acarretam os perigos do álcool. Na realidade, estão associadas a um risco de cancro mais baixo.22 Dean Ornish provou que os doentes estão dispostos a seguir uma dieta vegetariana se ela for saborosa e fácil de confeccionar. O seu programa incluiu um acompanhamento dos pacientes e seus cônjuges com alimentação vegetariana, por um preço estabelecido.23 Estudos feitos por Gary Fraser, da Universidade de Loma Linda, provaram que o consumo regular de oleaginosas (nozes, amêndoas, avelãs, etc.) podem fazer baixar o risco de ataque cardíaco para cerca de um terço.24 Praticamente todos os doentes podem consumir oleaginosas ou manteiga de oleaginosas.
Também o consumo de bebidas alcoólicas, bem como a hepatite B e C, são as principais causas de cirrose do fígado nos Estados Unidos e outros países ocidentais.25 Até mesmo o baixo consumo de álcool tem como resultado um aumento de casos de cirrose que vai de 50% a duas vezes e meia.26 Vários estudos sugerem que o álcool também tem um papel no desenvolvimento de cancro do fígado.27
Definitivamente, há métodos mais eficientes do que o consumo de álcool, para evitar a doença coronária.
Contudo, para o cristão, a razão mais importante para evitar o álcool é a forma como ele afecta a nossa capacidade de ponderar e compreender as coisas espirituais. Como disse o sábio, "O vinho torna o homem arrogante; as bebidas fortes incitam-no ao distúrbio; quem a isso se entrega nunca será sábio." (Provérbios 20:1).
REFERÊNCIAS:
1. Sempos CT, Cleeman JL, et al. "Prevalence of high blood cholesterol among U.S. adults" (Predomínio de colesterol elevado entre os adultos dos E.U.). JAMA 1993; 269:3009-3014.
2. Mertens JR, Moos RH, et al. "Alcohol consumption, life context, and coping predict mortality among late middle-aged drinkers and former drinkers" (O consumo de álcool, estilo de vida e enfrentar a predição de mortalidade entre os bebedores de meia-idade e indivíduos que foram bebedores). Alcohol Clinical Experience Research 1996; 20:313-319.
3. Pearson TA and Fuster V. "Executive Summary, Bethesda Conference" (Resumo Executivo, Conferência de Bethesda). J. Amer Col Cardiol 1996; 27:957-1047.
4. Steiberg D, Pearson Ta and Kuller LH. "Alcohol and atherosclerosis" (Álcool e aterosclerose). Annals of Internal Medicine 1991; 114:967-976.
5. Smith-Warner SA, Spiegelman D, et al. "Alcohol and breast cancer in women: a pooled analysis of cohort studies" (Álcool e cancro da mama na mulher: uma análise conjunta de um grupo de estudos). JAMA 1998; Fev. 18; 279:535-540.
6. Schatzkin A e Longnecker MP. "Alcohol and Breast Cancer" (Álcool e Cancro da Mama). Cancer 1994; 74 (3 Supl.):1101-1110.
7. Fuchs CS, Stampfer MJ, et. al. "Alcohol consumption and mortality among women" (Consumo de álcool e a mortalidade entre as mulheres). New Eng J Med 1995; 332:1245-1250.
8. Poikolainen K. "Alcohol and mortality, a review" (Álcool e mortalidade, um estudo retrospectivo). J Clin Epid 1995; 48:455-465.
9. Hayes RB, Brown LM, et. al. "Alcohol use and prostate cancer risk in U.S. blacks and whites" (O consumo de álcool e o risco do cancro da próstata em americanos negros e brancos). Amer. J. epid 1996; 143:692-697.
10. Boutron MC, Faivre J, et. al. "Tobacco, alcohol, and colorectal tumors: a multistep process" (Tabaco, álcool e tumores colorectais: um processo em vários níveis) Amer. J. epid 1995; 141:18-1046.
11. Tobias JS. "Cancer of the head and neck" (Cancro da cabeça e pescoço). Brit Med J 1994; 38:961-966.
12. Caetano R and Tam TW. "Prevanlence and correlates of DSM-IV and ICD-1 alcohol dependence" (Predomínio e correlativos de dependência alcoólica DSM-IV e ICD-I). Alcohol 1995; 3:177-186.
13. 1996 "California Driver Handbook" (O Manual do Condutor da Califórnia), California Department of Motor Vehicles 1996; pp 76-77.
14. Madden C and Cole TB. "Emergency intervention to break the cycle of drunken driving and recurrent injury" (Intervenção de emergência para quebrar o ciclo de condução embriagada e danos recorrentes). Ann Emer Med 1995; 26:177-179.
15. "Drivers with repeat conviction or arrests for driving while impaired – United States" (Condutores com frequentes condenações ou detenções por conduzirem em más condições – Estados Unidos) MMWR 1994; 43:759-761.
16. Fullerton J, Olson L. et. al. "Occupational injury mortality in New Mexico" (Mortalidade por acidentes de trabalho no Novo México). Ann Emer Med 1995; 26:447-454.
17. Loftus IA and Dada MA. "A retrospective analysis of alcohol in medicolegal postmortems over a period of five years" (Uma análise retrospectiva do álcool em postmortems medicolegais durante um período de cinco anos). American Journal of Forensic Medical Pathology 1992; 13:248-252.
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Laura Pinyan, Nutricionista e Professora de Saúde Pública in Saúde e Lar, Dossier Álcool, Novembro de 2000
Quando eu tinha 7 anos de idade, eu e a minha prima mais nova, Ashley, começámos a ter aulas de iniciação de natação. No exame final, tínhamos de saltar de uma prancha de salto olímpica para a piscina lá em baixo.
A Ashley deu uma olhadela para a prancha de salto e declarou que não ia saltar, o que significava que também não passaria para a classe seguinte. Eu, pelo meu lado, estava dividida. Tinha medo, mas queria muito passar para o nível seguinte.
Pensei comigo mesma que, quando estivesse na borda da prancha, poderia sempre mudar de ideias. Assim, sem pensar mais, dei por mim a subir a escada. Lá em cima, no entanto, todos começaram a aclamar-me. Senti que a única coisa a fazer era saltar. E saltei, e foi um dos mais assustadores e inibidores momentos da minha ainda curta vida. Para piorar as coisas, nem sequer passei para o nível seguinte, porque, nessa altura, o Verão tinha chegado ao fim. Se eu tivesse tomado a decisão desde o princípio, não teria saltado.
Conto esta experiência porque ela me ensinou uma lição preciosa sobre os benefícios das escolhas prévias. Com a prevalência do uso de bebidas alcoólicas entre os estudantes universitários, as escolhas prévias a favor da sobriedade são mais necessárias agora do que nunca.
Beber é visto como um ritual de passagem, e a melhor altura para fazer uma decisão de beber ou não, não é quando as pessoas te estão a aplaudir e a aclamar. A realidade é que, hoje em dia, se bebe, e muito, nos meios universitários. E isso inclui, infelizmente, instituições religiosas.*
Na faculdade, conheci uma moça que se gabava de se embebedar aos fins-de-semana e de ter boas notas durante a semana. Mas quanto mais a conhecia, mais lutas a via travar, em consequência das suas pobres escolhas para o seu estilo de vida. O seu relacionamento com os homens era deprimente para a sua reputação, e ela pensava que Deus já não se importava com ela.
Bem no fundo do meu ser, eu sempre soube que havia uma batalha pelo controlo da minha mente. Deus criou-me com a capacidade de escolher entre o bem e o mal, e com a liberdade para exercer esse poder. Nunca quis comprometer isso, deixando que o álcool transtornasse o meu cérebro ainda em desenvolvimento.
Estudos feitos mostram que embora o cérebro tenha atingido o seu tamanho normal por volta dos 5 anos de idade, as suas células e conexões não estão plenamente desenvolvidas senão por volta dos 25 anos. O álcool danifica gravemente o cérebro em desenvolvimento.
Agora que a faculdade acabou para mim, sinto-me feliz por ter tomado a decisão de nunca beber. Não preciso de álcool para passar um bom bocado, e sinto liberdade por ter uma mente e uma consciência claras.
"E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, aceitável e perfeita vontade de Deus." Romanos 12:2.
Lahai Allen, estudante universitária
*Contrariando a informação que a autora dá, conheço uma instituição universitária religiosa - Southern Adventist University (Links 3I), localizada no estado do Tennessee, EUA, que ao longo dos seus mais de 100 anos de existência, e devido à sua filosofia totalmente abstémia (característica da Igreja Adventista do 7º Dia) criou um padrão tão elevado que levou as autoridades civis daquela cidadezinha a proibirem o comércio de bebidas alcoólicas em todo o seu espaço. Isso foi confirmado em votação pela população geral (adventistas e não adventistas) com o intuito de não facilitarem o acesso ao álcool à população jovem, quer da universidade, quer à restante população. Conheço este facto pessoalmente porque o meu marido, meus filhos e também os meus netos estudaram lá. Impressionante! (E.E.)
Desejando eu ganhar a vida com pouco trabalho e prescindir da antiga lei que ordena 'obter o pão com o suor do próprio rosto', decidi fazer fortuna à custa alheia.
Com este fim, estabeleci-me no arrabalde Tragacopos, à esquina das ruas Ruína e Perdição, justamente entre a prisão e o cemitério e em frente do hospício de alienados.
Ninguém me chame inútil! Sou um honrado industrial! Fabrico para todo o país: arruinados, ébrios, assassinos e loucos, para que os filantropos tenham com que se ocupar e façam por eles o que possam.
Autorizado pelas leis do país, aumento o número de acidentes, de doenças, de desastres, de brigas, atentados de toda a espécie e de homicídios.
Sob palavra de honra, garanto que minhas bebidas, encurtando a vida de uns, diminuindo os haveres de todos, tornam impossível a paz do lar e do coraçao.
Sim, meus senhores, asseguro-o! Os meus licores convertem em monstro a quem antes era bom pai e esposo; de mães ternas e carinhosas, fazem mães que abandonam os filhos, e sem modéstia nem pudor.
Afirmo que minhas bebidas produzem efeito rápido. Em menos de 2 horas, encarrego-me de preparar os maridos a voltarem para casa transformados em feras capazes de quebrar todos os móveis, bater nas mulheres e pôr os filhos na rua. As bebidas que vendo são garantidas, infalíveis! Em poucos anos (às vezes bastam meses) actuam sobre o cérebro, coração e senso moral de um bom operário, a tal ponto que o fazem perder completamente o amor ao trabalho e a confiança dos patrões; indispôr-se com os companheiros; ficar sem emprego e sem honra; inteiramente reduzidos à vagabundagem.
Minhas bebidas são especiais para produzir toda a espécie de febres, tuberculose e paralisia. Agravam toda a doença do corpo e da alma. Aumentam em proporçao infinita as misérias do consumidor e da sua família, enquanto os encargos do país se agravam cada vez mais. Não respeitam profissão ou título, capacidade, cor ou sexo.
Minha profissão ocupa o primeiro plano entre as demais. Dou trabalho aos médicos, aos farmacêuticos, à polícia, aos juízes, aos carcereiros. Ponho em movimento as engrenagens de todas as casas de socorro, dos hospitais, das casas de correcção e dos asilos para incuráveis. Mais que nenhum outro, ofereço-lhes clientes e vítimas. Se alguém duvida das minhas asserções, consulte as estatísticas. Elas confirmarão quanto afirmo.
Desejais provar minhas bebidas? Vinde à minha loja, a qualquer hora. Estou inteiramente às vossas ordens. Se quiserdes certificar-vos dos efeitos que lhes atribuo, visitai os hospícios, destinados aos viciados e tolos. Depois visitai as prisões e os hospitais de alienados.
ARMAZÉM TOMA E BEBE - Rua da Ruína, Esquina da Perdição
Autor Desconhecido
Será que Podemos Culpar o 'Destino' Pelas Nossas Más Escolhas?...
UM MUNDO SEM BEBIDAS ALCOÓLICAS SERIA UM PARAÍSO!!!